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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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COSTUME 218 CRENÇA<br />

do por uma tendência natural nesse sentido"<br />

(Antr, II e).<br />

COSTUME (in. Custom, fr. Coutume, ai. Gewohnbeit;<br />

it. Consuetudiné). 1. O mesmo que<br />

habito (v.).<br />

2. No sentido sociológico, qualquer atitu<strong>de</strong>,<br />

esquema ou projeto <strong>de</strong> comportamento que seja<br />

compartilhado por vários membros <strong>de</strong> um grupo.<br />

Viço já aplicava essa palavra nesse sentido:<br />

"É frase digna <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração a <strong>de</strong> Dion Cássio-,<br />

que o C. se assemelha ao rei e a lei ao tirano; o<br />

que <strong>de</strong>ve ser entendido do costume razoável e<br />

da lei não animada pela razão natural" (Scienza<br />

nuova, 1744, dignida<strong>de</strong> 104). Na linguagem<br />

contemporânea, com o termo C. <strong>de</strong>signam-se<br />

os usos (folkways), as convenções e comportamentos<br />

moralmente prescritos (mores-, V. COSTU-<br />

MES), que se distinguem pelas diferentes intensida<strong>de</strong>s<br />

das sanções que os reforçam.<br />

COSTUMES (lat. Mores; in. Mores). Atitu<strong>de</strong>s<br />

institucionalizadas <strong>de</strong> um grupo social, às quais<br />

se aplicam eminentemente os qualificativos<br />

"boas" e "más" e que são reforçadas pelas sanções<br />

mais enérgicas porque consi<strong>de</strong>radas condições<br />

indispensáveis <strong>de</strong> qualquer relacionamento<br />

humano (v. ÉTICA).<br />

CREDO QUIA ABSURDUM. Frase atribuída<br />

a Tertualino (séc. II) e que, embora não se<br />

encontre em suas obras, exprime bem o antagonismo<br />

que ele estabeleceu entre ciência e<br />

fé. Seu significado é igualmente expresso pelas<br />

seguintes palavras: "O Filho <strong>de</strong> Deus foi<br />

crucificado; não é vergonhoso porque po<strong>de</strong>ria<br />

sê-lo. O Filho <strong>de</strong> Deus morreu; é crível porque<br />

inconcebível. Sepultado, ressuscitou; é certo porque<br />

impossível" (De carne Christi, 5).<br />

CREDO UT INTELLIGAM. É o lema <strong>de</strong><br />

S. Anselmo (séc. XI) e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da<br />

Escolástica. A fé é o ponto <strong>de</strong> partida da indagação<br />

filosófica e nada se po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r se<br />

não se tem fé. Entretanto, é próprio do preguiçoso<br />

não procurar enten<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>monstrar aquilo<br />

em que crê (Proslogion, 1).<br />

CRENÇA (gr. motiç-, lat. Cre<strong>de</strong>re, in. Belief;<br />

fr. Croyance, ai. Fuerwahrhalten, Glaube, it.<br />

Cre<strong>de</strong>nzà). No significado mais geral, atitu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> quem reconhece como verda<strong>de</strong>ira uma proposição:<br />

portanto, a a<strong>de</strong>são à valida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

noção qualquer. A C. não implica, por si só, a<br />

valida<strong>de</strong> objetiva da noção à qual a<strong>de</strong>re nem<br />

exclui essa valida<strong>de</strong>. Tampouco tem, necessariamente,<br />

alcance religioso, nem é, necessariamente,<br />

a verda<strong>de</strong> revelada, a fé; por outro lado,<br />

também não exclui essa <strong>de</strong>terminação e, nesse<br />

sentido, po<strong>de</strong>-se dizer que uma C. po<strong>de</strong> pertencer<br />

ao domínio da fély). De per si, a C. implica<br />

apenas a a<strong>de</strong>são, a qualquer título dado e<br />

para todos os efeitos possíveis, a uma noção<br />

qualquer. Portanto, po<strong>de</strong>m ser chamadas <strong>de</strong> C.<br />

as convicções científicas tanto quanto as confissões<br />

religiosas, o reconhecimento <strong>de</strong> um princípio<br />

evi<strong>de</strong>nte ou <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>monstração, bem<br />

como a aceitação <strong>de</strong> um preconceito ou <strong>de</strong><br />

uma superstição. Mas não se po<strong>de</strong> chamar<br />

<strong>de</strong> C. a dúvida, que suspen<strong>de</strong> a a<strong>de</strong>são à valida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma noção, nem a opinião, no caso <strong>de</strong><br />

excluir as condições necessárias para uma a<strong>de</strong>são<br />

<strong>de</strong>sse gênero.<br />

Platão chamou <strong>de</strong> C. a forma ou o grau <strong>de</strong><br />

conhecimento que tem por objeto as coisas<br />

sensíveis, já que ela contém uma a<strong>de</strong>são à realida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ssas coisas, ao contrário da conjetura,<br />

que, tendo por objeto as imagens, as sombras,<br />

etc, não contém essa a<strong>de</strong>são (Rep., VI,<br />

510 a). Aristóteles julga que a C. não é eliminável<br />

da opinião: "Não é possível", diz ele, "que quem<br />

tenha uma opinião não creia no que pensa"<br />

(Dean., III, 428 a 20). Em sentido análogo, mas<br />

com referência à fé, S. Agostinho <strong>de</strong>finiu a<br />

crença como "pensar com assentimento" (De<br />

Pre<strong>de</strong>st. Sanct., 2), <strong>de</strong>finição que S. Tomás usa<br />

como fundamento <strong>de</strong> sua análise da fé. "Esse<br />

ato que é crer", diz S. Tomás, "contém a firme<br />

a<strong>de</strong>são a um dos lados e nisso é semelhante ao<br />

ato <strong>de</strong> quem conhece e enten<strong>de</strong>; todavia, o conhecimento<br />

<strong>de</strong> quem crê não é perfeito pela<br />

sua evidência, e nisso a crença está próxima da<br />

dúvida, da suspeita e da opinião" (S. Th., II, 2,<br />

q. 2, a. 1). Na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna, a partir <strong>de</strong><br />

Locke, a limitação crítica do conhecimento levou<br />

a distinguir o conhecimento certo do provável,<br />

e no provável vários graus <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são,<br />

dos quais a C. é o maior (Ensaio, IV, 16, 9). Mas<br />

foi o ceticismo <strong>de</strong> Hume que generalizou a noção<br />

<strong>de</strong> C, vendo nela a atitu<strong>de</strong> que consiste em<br />

reconhecer a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um objeto. "A C",<br />

disse Hume, "é só uma concepção mais vivida,<br />

viva, eficaz, firme e sólida daquilo que a imaginação<br />

por si só nunca é capaz <strong>de</strong> obter." E "o<br />

ato da mente que nos torna a realida<strong>de</strong>, ou o<br />

que é tomado por realida<strong>de</strong>, mais presente<br />

do que as ficções, fazendo-a pesar mais sobre<br />

o pensamento e aumentando sua influência sobre<br />

as emoções e a imaginação" (Inq. Cone.<br />

Un<strong>de</strong>rst., V, 2). Hume consi<strong>de</strong>rava a C. inexplicável,<br />

enten<strong>de</strong>ndo-a simplesmente como<br />

experiência ou sentimento (feeling ou sentiment)<br />

natural e irredutível. "Não po<strong>de</strong>mos", disse

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