22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

IMPERSONA1ISMO 546 IMPLICAÇÃO<br />

normas morais como imperativos é fundamental<br />

e muitas vezes teve resposta negativa. Toda<br />

a tradição militarista constitui um exemplo <strong>de</strong><br />

semelhante solução negativa. A ética <strong>de</strong> Bergson<br />

é outro exemplo. Conceber a norma moral<br />

como I. (ou <strong>de</strong>ver) significa julgar, como Kant,<br />

que ela seja um "fato da razão" um sic volo sic<br />

iubeo (Crít. R. Prática, cap. I, § 7, Escol.): coisa<br />

que nem todos se mostram dispostos a admitir.<br />

A partir da obra <strong>de</strong> OGDEN e RICHARDS, The<br />

Meaning ofMeaning (1923), o I., sobretudo o<br />

I. moral, foi freqüentemente consi<strong>de</strong>rado uma<br />

"proposição emotiva", ou seja, <strong>de</strong>stinada a produzir<br />

ação, mas <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> significado cognoscitivo.<br />

Essa teoria, cuja melhor forma se<br />

encontra em Ayer (Language Truth and Logic,<br />

2- ed., 1948) e Stevenson {Ethics and Language,<br />

1944), após breve sucesso <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ter<br />

<strong>de</strong>fensores (STROLL, The Emotive Theory of<br />

Ethics, Berkeley, 1954).<br />

IMPERSONALISMO (in. Lmpersonalisni).<br />

Termo muito pouco usado, é oposto <strong>de</strong> personalismo<br />

(v): significa simplesmente materialismo<br />

(v.).<br />

IMPERTURBABILIDADE. V. ATARAXIA.<br />

IMPESSOAL (ai. Man; it. Anonimia). Segundo<br />

Hei<strong>de</strong>gger, é o modo <strong>de</strong> ser nivelado da<br />

existência quotidiana, na sua "mediania" pública,<br />

isto é, nas formas que acaba assumindo na<br />

vida <strong>de</strong> todo dia. Em tal modo <strong>de</strong> ser, "cada um<br />

é os outros e ninguém é ele mesmo. O Se,<br />

on<strong>de</strong> está a resposta ao problema do Quem do<br />

Ser-aí quotidiano, é o ninguém ao qual cada<br />

Ser-aí se entregou na indiferença do seu serjunto"<br />

(Sein undZeit, § 27) (v. MEDIANIA).<br />

IMPLICAÇÃO (in. Lmplication; fr. Lmplication;<br />

ai. Lmplication; it. Lmplicazione). Na<br />

lógica contemporânea, este termo substituiu<br />

outros mais antigos, como condicional (v.)<br />

e conseqüência (v.), permitindo generalizar<br />

esses significados. A I. é a composição <strong>de</strong> duas<br />

proposições por meio do conectivo se... então,<br />

em que a primeira se chama antece<strong>de</strong>nte e a<br />

segunda conseqüente. Tanto a linguagem<br />

comum quanto a científica oferecem exemplos<br />

<strong>de</strong> I. bem distintos. Consi<strong>de</strong>raremos os<br />

seguintes:<br />

(1) Se x é solteiro, então x não é casado.<br />

(2) Se x é triângulo, então x tem os ângulos<br />

internos iguais a dois retos.<br />

(3) Se x é metal, então x é maleável.<br />

(4) Se x comete uma ação indigna, então x<br />

per<strong>de</strong> a estima dos amigos.<br />

(5) Se x cometer um crime, então xirá para<br />

a ca<strong>de</strong>ia.<br />

(6) Se x me insulta, eu esbofeteio x<br />

(7) Se x me fizer um favor, então x será<br />

recompensado por mim.<br />

(8) Se xé um gênio filosófico, então eu sou<br />

o imperador da China.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos esses diversos exemplos<br />

<strong>de</strong> I. (e outros que po<strong>de</strong>rão ser enumerados),<br />

logo perceberemos que a conexão entre antece<strong>de</strong>nte<br />

e conseqüente é diferente em cada<br />

caso: o fundamento é diferente ou, como se<br />

po<strong>de</strong>ria dizer, sua valida<strong>de</strong> provém <strong>de</strong> contextos<br />

diferentes. No exemplo (1), a valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>corre<br />

do fato <strong>de</strong>, no dicionário, verificar-se que<br />

"solteiro" eqüivale a "não casado"; em (2), do<br />

contexto da geometria euclidiana e <strong>de</strong> seus postulados;<br />

em (3), das observações empíricas ou<br />

da ciência; em (4) e (5), respectivamente, das<br />

normas morais e jurídicas vigentes em <strong>de</strong>terminado<br />

país; em (6) e (7), <strong>de</strong> minha <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

reagir a certo tipo <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong> x; em<br />

(8) está apenas um modo <strong>de</strong> expressar minha<br />

convicção <strong>de</strong> que x não é um gênio filosófico.<br />

Diante <strong>de</strong>ssa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> I., os lógicos<br />

procuraram i<strong>de</strong>ntificar a condição mais<br />

simples, geral e abstrata que torna válida uma<br />

I. qualquer, sem levar em conta o contexto a<br />

que ela se refere nem o fundamento apresentado<br />

por seu conteúdo específico; i<strong>de</strong>ntificaram<br />

essa condição na fórmula que Fílon <strong>de</strong> Mégara<br />

já <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ra contra Diodoro Cronos, sobre a<br />

valida<strong>de</strong> das proposições condicionais (SEXTO<br />

EMPÍRICO, Adv. math., VIII, 113-14: cf. CONDI-<br />

ÇÀO): uma I. é válida sempre que não tenha<br />

antece<strong>de</strong>nte verda<strong>de</strong>iro e conseqüente falso. Assim,<br />

também vale quando o antece<strong>de</strong>nte e o<br />

conseqüente são falsos. Essa condição generalíssima<br />

e abstrata foi chamada <strong>de</strong> /. material e foi<br />

expressa por Russell (Principia mathematica,<br />

I, 1.01) com a fórmula:<br />

p^q=~pv qDf<br />

que se lê: 'p implica q" eqüivale por <strong>de</strong>finição a<br />

"nâo-p ou q"; on<strong>de</strong> p e q representam, respectivamente,<br />

o antece<strong>de</strong>nte e o conseqüente<br />

e o sinal ZD representa a I. material. De modo<br />

correspon<strong>de</strong>nte, chamou-se <strong>de</strong> formal a I.<br />

que, além <strong>de</strong> preencher a condição <strong>de</strong> valida<strong>de</strong><br />

da I. material, para ser válida exige outras condições.<br />

Nos exemplos antes enumerados, apenas<br />

o (8) é I. material pura porque po<strong>de</strong> ser<br />

expressa dizendo-se "ou x não é um gênio<br />

filosófico ou eu sou o imperador da China". As<br />

outras, mesmo respeitando essa condição, exi-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!