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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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AXIOMA 102 AXIOMÂTICA<br />

obra <strong>de</strong> Peano, Russell, Frege e Hilbert. Segundo<br />

o ponto <strong>de</strong> vista formalista, que é o mais<br />

difundido atualmente, os A. da matemática não<br />

são nem verda<strong>de</strong>iros nem falsos, mas são assumidos<br />

por convenção, com base em motivos<br />

<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>, como fundamentos ou<br />

premissas do discurso matemático (HILBERT,<br />

"Axiomatischen Denken", em Math. Annalen,<br />

1918). Desse modo, os A. não se distinguem<br />

mais dos postulados e as duas palavras são hoje<br />

usadas indiferentemente. A escolha dos A. <strong>de</strong><br />

certo modo é livre e, nesse sentido, diz-se que<br />

os A. são "convencionais" ou "assumidos por<br />

convenção". Mas, na realida<strong>de</strong>, essa escolha é<br />

limitada por exigências ou condições precisas<br />

que po<strong>de</strong>m ser resumidas do seguinte modo:<br />

l s Os A. <strong>de</strong>vem ser coerentes, sob pena <strong>de</strong><br />

o sistema que <strong>de</strong>les <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tornar-se contraditório.<br />

Sistema contraditório é o que permite a<br />

<strong>de</strong>dução <strong>de</strong> qualquer coisa e a <strong>de</strong>monstração<br />

<strong>de</strong> qualquer proposição, bem como a sua negação.<br />

Como a prova da nâo-contradição não<br />

po<strong>de</strong> ser obtida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um sistema (v.<br />

AXIOMÁTICA), é costume lançar mão do sistema<br />

da redução a uma teoria anterior, cuja coerência<br />

pareça bem confirmada, como, p. ex., a<br />

aritmética clássica ou a geometria euclidiana.<br />

Esse procedimento sem dúvida não eqüivale a<br />

uma <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> não-contradição, mas fornece<br />

um indício importante. Outro procedimento<br />

é a realização, isto é, a referência do sistema a<br />

um mo<strong>de</strong>lo real, com base no pressuposto <strong>de</strong><br />

que aquilo que é real <strong>de</strong>ve ser possível, portanto<br />

não-contraditório.<br />

2 Q Um sistema <strong>de</strong> A. <strong>de</strong>ve ser completo no<br />

sentido <strong>de</strong> que, <strong>de</strong> duas proposições contraditórias<br />

formuladas corretamente nos termos do<br />

sistema, uma <strong>de</strong>ve po<strong>de</strong>r ser <strong>de</strong>monstrada. O<br />

que significa que, em presença <strong>de</strong> uma proposição<br />

qualquer do sistema, po<strong>de</strong>-se sempre<br />

<strong>de</strong>monstrá-la ou refutá-la e, portanto, <strong>de</strong>cidir<br />

sobre a sua verda<strong>de</strong> ou falsida<strong>de</strong> em relação ao<br />

sistema dos postulados. Nesse caso, o sistema<br />

chama-se <strong>de</strong>cidível.<br />

3 S A terceira característica <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong><br />

A. é a sua in<strong>de</strong>pendência, isto é, a sua irredutibilida<strong>de</strong><br />

recíproca. Tal condição não é tão indispensável<br />

como a da coerência, mas é oportuna<br />

para evitar que as proposições primitivas sejam<br />

excessivamente numerosas.<br />

4 Q Enfim, o menor número possível e a simplicida<strong>de</strong><br />

dos A. são condições <strong>de</strong>sejáveis que<br />

conferem elegância lógica a um sistema <strong>de</strong><br />

axiomas.<br />

AXIOMAS DA INTUIÇÃO (in. Axioms ofintuition;<br />

fr. Axiomes <strong>de</strong> Vintuition; ai. Axiomen<br />

<strong>de</strong>r Anschauung; it. Assiomi <strong>de</strong>lVintuizioné).<br />

Kant indicou com essa expressão os princípios<br />

sintéticos do intelecto puro que <strong>de</strong>rivam da<br />

aplicação das categorias à experiência e que<br />

exprimem a possibilida<strong>de</strong> das proposições da<br />

matemática e da física pura. Todos os princípios<br />

do intelecto puro têm a função <strong>de</strong> eliminar<br />

o caráter subjetivo da percepção dos fenômenos,<br />

reconduzindo essa percepção à conexão<br />

necessária dos próprios fenômenos, que é própria<br />

da experiência objetivamente válida. Em<br />

particular, os A. da intuição, que correspon<strong>de</strong>m<br />

às categorias da quantida<strong>de</strong>, porque consistem<br />

na aplicação <strong>de</strong>ssas categorias, transformam o<br />

fato subjetivo <strong>de</strong> só po<strong>de</strong>rmos perceber a quantida<strong>de</strong><br />

espacial ou temporal (p. ex., uma linha<br />

ou um lapso <strong>de</strong> tempo) percebendo, sucessivamente,<br />

as suas partes, no princípio objetivamente<br />

válido <strong>de</strong> que "toda quantida<strong>de</strong> é composta<br />

<strong>de</strong> partes": nas palavras <strong>de</strong> Kant, <strong>de</strong> que<br />

"todas as intuições são quantida<strong>de</strong>s extensivas";<br />

e justificam assim a aplicação da matemática ao<br />

mundo da experiência (Crít. R. Pura, Anal. dos<br />

princ, cap. II).<br />

AXIOMÂTICA (in. Axiomatics; fr. Axiomatique,<br />

ai. Axiomatik, it. Assiomaticd). A A.<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada resultado da aritmetização<br />

da análise que ocorreu na matemática a partir<br />

da segunda meta<strong>de</strong> do séc. XIX, provocada<br />

sobretudo por Weierstrass. A primeira tentativa<br />

<strong>de</strong> axiomatização da geometria foi feita por Pasch,<br />

em 1882. Para a axiomatização da matemática<br />

também contribuíram o formalismo <strong>de</strong> Peano,<br />

Russell, Frege e, especialmente, a obra <strong>de</strong> Hilbert.<br />

Mas a A. não se limita hoje ao domínio da<br />

matemática: em física, é estudada como objetivo<br />

final ou, pelo menos, como formulação última<br />

e mais satisfatória; qualquer disciplina que<br />

atinja certo grau <strong>de</strong> rigor ten<strong>de</strong> a assumir a<br />

forma axiomática. O significado da A. po<strong>de</strong> ser<br />

resumido brevemente nos pontos seguintes:<br />

l e Axiomatizar uma teoria significa, em primeiro<br />

lugar, consi<strong>de</strong>rar, em lugar <strong>de</strong> objetos<br />

ou <strong>de</strong> classes <strong>de</strong> objetos providos <strong>de</strong> caracteres<br />

intuitivos, símbolos oportunos, cujas regras <strong>de</strong><br />

uso sejam fixadas pelas relações enumeradas<br />

pelos axiomas. Como tais símbolos são <strong>de</strong>sprovidos<br />

<strong>de</strong> qualquer referência intuitiva, a teoria<br />

formal assim obtida é passível <strong>de</strong> múltiplas interpretações,<br />

que se chamam mo<strong>de</strong>los. Mas o<br />

mo<strong>de</strong>lo, aqui, não é um arquétipo preexistente<br />

à teoria, e mesmo a teoria concreta original,<br />

que forneceu os dados para o esquema lógico

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