22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

EXTENSÃO 421 EXTENSÃO<br />

so e compreensão <strong>de</strong> conjunção" (Enn., VI, 9,<br />

11). A linguagem do amor, especialmente do<br />

amor entendido como unida<strong>de</strong> (v. AMOR), é<br />

freqüentemente empregada pelos místicos para<br />

<strong>de</strong>screver o estado <strong>de</strong> êxtase, É o que muitas<br />

vezes faz Plotino (p. ex., Enn., VI, 7, 34), e o<br />

que farão os místicos medievais, para quem<br />

essa noção foi transmitida sobretudo graças às<br />

obras do pseudo Dionísio Areopagita. Para ele,<br />

o grau mais elevado da ascensão mística é a<br />

<strong>de</strong>ificaçãoiy.}, ou seja, a transformação do homem<br />

em Deus (De mystica theol., I, 1). É <strong>de</strong>sse<br />

modo que Bernardo <strong>de</strong> Claraval (séc. XI) enten<strong>de</strong><br />

o Ê., chamando-o também <strong>de</strong> excessus<br />

mentis e consi<strong>de</strong>rando-o supremo grau da contemplação,<br />

em que a alma se une a Deus assim<br />

como uma gota d'água que cai no vinho dissolve-se<br />

e adquire o sabor e a cor do vinho (De<br />

diligencio Deo, 11, 28). É também <strong>de</strong>ssa maneira<br />

que os místicos <strong>de</strong> S. Vítor consi<strong>de</strong>ram o Ê.<br />

Segundo Ricardo <strong>de</strong> S. Vítor, Ê. é o ápice do<br />

último grau da ascensão a Deus, ou seja, da<br />

alienação da mente <strong>de</strong> si mesma (De praeparatione<br />

ad contemplationem, V, 2). E S.<br />

Boaventura, por sua vez, vê no Ê. a elevação<br />

acima <strong>de</strong> si mesmo, até a fonte do amor supraintelectual.<br />

É um estado <strong>de</strong> douta ignorância,<br />

no qual a obscurida<strong>de</strong> dos po<strong>de</strong>res cognoscitivos<br />

transforma-se em luz sobrenatural<br />

(Breviloquium, V, 6). Essa noção passou sem<br />

mudanças para os místicos alemães do séc.<br />

XIV (Eckhart, Suso, Tauler). Giordano Bruno<br />

utilizou a terminologia mística do Ê. (raptus<br />

mentis, excessus mentis) no seu diálogo Degli<br />

eroicifurori para indicar a conjunção do intelecto<br />

"heróico" com "o seu objeto, que é a primeira<br />

verda<strong>de</strong> ou a verda<strong>de</strong> absoluta" (I, 4),<br />

aliás, a própria natureza.<br />

Na Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna, o Ê. nesse sentido atraiu<br />

sobretudo a atenção dos psicólogos e dos psiquiatras,<br />

que não conseguiram perceber nenhuma<br />

diferença, a não ser no conteúdo intelectual,<br />

entre o Ê. religioso e o Ê. produzido<br />

por condições anormais da vida psíquica ou<br />

por drogas (cf. J. H. LEUBA, The Psychology of<br />

Religíous Mysticism, 1925, especialmente cap.<br />

IX). Segundo Pierre Janet, em todos os casos o<br />

Ê. caracteriza-se por: 1 Q supressão quase completa<br />

da ativida<strong>de</strong> motora e disposição à imobilida<strong>de</strong>;<br />

2 fi ativida<strong>de</strong> mais ou menos intensa do<br />

pensamento interno; 3 a gran<strong>de</strong> sentimento <strong>de</strong><br />

alegria (De 1'angoisse à Vextase, 1928, p. 497).<br />

EXTENSÃO (gr. CTiáÇTOCGiç; lat. Extensio;<br />

in. Extension; fr. Extension; ai. Aus<strong>de</strong>hnung; it.<br />

Estensioné). Caráter fundamental dos corpos<br />

físicos dotados das três dimensões do espaço.<br />

Com base nesse caráter, Aristóteles <strong>de</strong>finiu o<br />

corpo (Fís., III, 5, 204 b 20). Descartes nada<br />

mais fez do que exprimir esse mesmo conceito<br />

quando viu na E. "a natureza da substância material,<br />

assim como o pensamento constitui a natureza<br />

da substância pensante" (Princ. phii, I,<br />

53) Para Spinoza, E. era um dos atributos fundamentais<br />

<strong>de</strong> Deus, da Natureza (Et., II, 2). Mas<br />

Ockham, no séc. XIV, evi<strong>de</strong>nciava o caráter<br />

fundamental da E. como atributo dos corpos:<br />

"É impossível que a matéria não tenha E.: não<br />

há matéria que não tenha uma parte distante da<br />

outra, don<strong>de</strong> resulta que, embora as partes da<br />

matéria possam interligar-se como as da água<br />

ou do ar, nunca po<strong>de</strong>rão existir no mesmo lugar.<br />

Ora, a distância recíproca das partes da<br />

matéria é a E." (Summulaephysicorum, I, 19).<br />

Precisamente como característica do corpo,<br />

para Hobbes a E. é o espaço real, ou seja, a<br />

gran<strong>de</strong>za do corpo, diferente do espaço imaginário,<br />

que é o espaço puro e simples, ou<br />

espaço vazio (De corp., 8, 4). As consi<strong>de</strong>rações<br />

<strong>de</strong> Leibniz não são muito diferentes. Ao lado<br />

da antitipia(y), a E. é urna das características<br />

fundamentais da matéria. É a continuida<strong>de</strong> no<br />

espaço, graças à qual suas modificações constituem<br />

a varieda<strong>de</strong> das dimensões e das configurações<br />

(Op., ed. Erdmann, p . 463). Locke i<strong>de</strong>ntificava,<br />

como já Descartes, a E. com o espaço<br />

(Ensaio, II, 13, 3).<br />

Com Berkeley, a E. começa a reduzir-se a<br />

fenômeno subjetivo. É <strong>de</strong>finida por ele como<br />

uma idéia, que existe enquanto é percebida<br />

(Principies of Knowledge, I, § 9): afirmação que<br />

Hume reforçou dizendo que a E. nada mais é<br />

que uma cópia <strong>de</strong> alguma impressão (Treatise,<br />

I, 2, 3). Essa subjetivação da E., realizada pelo<br />

empirismo setecentista do ponto <strong>de</strong> vista da<br />

intuição sensível, no i<strong>de</strong>alismo romântico parte<br />

do ponto <strong>de</strong> vista da razão especulativa. Schelling<br />

preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a priori por que "se<br />

<strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar necessariamente que a matéria<br />

se esten<strong>de</strong> segundo três dimensões", e faz essa<br />

suposta <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong>duzindo as três dimensões<br />

do espaço do modo <strong>de</strong> operar da força<br />

<strong>de</strong> atração e <strong>de</strong> repulsão (System <strong>de</strong>s transzen<strong>de</strong>ntale<br />

I<strong>de</strong>alismus, 1800, III, 2, Dedução da<br />

matéria, Cor.). De modo análogo, Maine <strong>de</strong><br />

Biran julgava po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>duzir "necessariamente"<br />

a idéia <strong>de</strong> E. da idéia <strong>de</strong> esforço e resistência<br />

que ele implica, no sentido <strong>de</strong> que a E. seria<br />

uma "continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência" (Fond. <strong>de</strong>la

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!