22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

HARMONIA 496 HECCEIDADE<br />

<strong>de</strong> repetir freqüentemente essa ação. Assim, "o<br />

hábito <strong>de</strong> levantar-se cedo pela manhã" é uma<br />

espécie <strong>de</strong> compromisso que po<strong>de</strong> representar<br />

esforço e sofrimento; "o costume <strong>de</strong> levantar-se<br />

cedo pela manhã" não representa esforço<br />

algum, porque é um mecanismo rotineiro.<br />

Essa palavra foi introduzida na linguagem filosófica<br />

por Aristóteles (Met., V, 20, 1022b, 10),<br />

que a <strong>de</strong>finiu como "uma disposição para estar<br />

bem ou mal disposto em relação a alguma coisa,<br />

tanto em relação a si mesmo quanto a outra<br />

coisa; p. ex., a saú<strong>de</strong> é um hábito, porque é<br />

uma <strong>de</strong>ssas disposições". Nesse sentido, Aristóteles<br />

julga que a virtu<strong>de</strong> é um hábito, por não<br />

ser "emoção" (como a cupi<strong>de</strong>z, a ira, o medo,<br />

etc), nem "potência", como seria a tendência à<br />

ira, do sofrimento, à pieda<strong>de</strong>, etc. A virtu<strong>de</strong> é,<br />

antes, a disposição para enfrentar, bem ou mal,<br />

emoções e potências; p. ex., dobrar-se aos impulsos<br />

da ira ou mo<strong>de</strong>rá-los (Et. nic, II, 5). O<br />

mesmo significado é retomado por S. Tomás,<br />

que o expõe da seguinte maneira (Contra<br />

Gent., IV, 77): "O hábito difere da potência<br />

porque não nos capacita a fazer alguma coisa,<br />

mas torna-nos hábeis ou inábeis para<br />

agir bem ou mal".<br />

Esse conceito manteve-se praticamente<br />

inalterado até nossos dias. Dewey assim o<br />

expõe: "A espécie <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> humana que<br />

é influenciada pela ativida<strong>de</strong> prece<strong>de</strong>nte e,<br />

neste sentido, é adquirida; que contém em si<br />

certa or<strong>de</strong>m ou certa sistematização dos menores<br />

elementos da ação; que é projetante, dinâmica<br />

em qualida<strong>de</strong>, pronta para a manifestação<br />

aberta; e que é atuante em qualquer forma subordinada<br />

e oculta, mesmo quando não é ativida<strong>de</strong><br />

obviamente dominante. Hábito, mesmo<br />

em seu emprego ordinário, é o termo que <strong>de</strong>nota<br />

mais esses fatos do que qualquer outra<br />

palavra" (Human Nature and Conduct, 1921,<br />

pp. 40-41). Dewey achava que os termos "atitu<strong>de</strong>"<br />

e "disposição" também eram apropriados<br />

a esse conceito; na verda<strong>de</strong>, estes dois últimos<br />

termos são usados com mais freqüência que<br />

hábito e com significados muito semelhantes.<br />

HARMONIA (gr. áp|J.ovía; lat. Harmonia-,<br />

in. Harmony, fr. Harmonie, ai. Harmonie, it.<br />

Armonia). A or<strong>de</strong>m ou a disposição finalista<br />

das partes <strong>de</strong> um todo, como p. ex. do mundo,<br />

ou da alma, foi <strong>de</strong>nominada "Harmonia", pelos<br />

pitagóricos, por ser proporção ou mescla dos<br />

elementos corpóreos (cf. PLATÀO, Fed., 86 c).<br />

Empédocles valeu-se <strong>de</strong>sse conceito para <strong>de</strong>finir<br />

a natureza do esfero (Fr. 122, Diels). Esse<br />

termo foi usado por Leibniz na expressão Harmonia<br />

preestabelecida, para <strong>de</strong>signar <strong>de</strong>terminado<br />

sistema <strong>de</strong> comunicação entre as substâncias<br />

espirituais (manadas) que compõem o<br />

mundo. Leibniz acredita que tais substâncias<br />

não po<strong>de</strong>m influenciar-se reciprocamente, já<br />

que cada uma está "fechada em si mesma", e<br />

assim exclui a doutrina comumente aceita, da<br />

influência recíproca. Exclui também a doutrina<br />

por ele <strong>de</strong>nominada assistência, que é própria<br />

do sistema das causas ocasionais <strong>de</strong> Guelinx e<br />

Malebranche, segundo a qual a comunicação<br />

entre as várias mônadas seria estabelecida cada<br />

uma por sua vez diretamente por Deus. A Harmonia<br />

preestabelecida é a doutrina segundo a<br />

qual as várias mônadas, como muitos relógios<br />

perfeitamente construídos, estão sempre <strong>de</strong><br />

acordo entre si, mesmo seguindo cada uma<br />

sua própria lei. Assim, a alma e o corpo vivem<br />

cada um por conta própria, contudo em<br />

harmonia, porque Deus coor<strong>de</strong>nou as leis <strong>de</strong><br />

ambos. O corpo segue a lei mecânica, a alma<br />

segue sua própria espontaneida<strong>de</strong>: a H. entre<br />

eles foi predisposta por Deus no ato da criação<br />

(Phil. Schriften, ed. Gerhardt, IV, p. 500).<br />

Esse termo encontra-se com freqüência no<br />

espiritualismo, especialmente em Ravaisson.<br />

Whitehead utilizou-o para explicar a beleza, a<br />

verda<strong>de</strong>, o bem, assim como a liberda<strong>de</strong>, a paz<br />

e toda "a gran<strong>de</strong> aventura cósmica". "A gran<strong>de</strong><br />

H." — diz ele (Adv. ofl<strong>de</strong>as, p. 362) — "é a H.<br />

<strong>de</strong> individualida<strong>de</strong>s duradouras conexas na<br />

unida<strong>de</strong> do fundamento. É por essa razão que<br />

a noção <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> nunca abandona as civilizações<br />

mais avançadas; a liberda<strong>de</strong>, em cada<br />

um <strong>de</strong> seus muitos sentidos, é a exigência <strong>de</strong><br />

vigorosa auto-afirmação".<br />

HECCEIDADE (lat. Haecceitas; in. Haecceity,<br />

fr. Heccéité, it. Ecceità). Termo criado<br />

por Duns Scot a partir do adjetivo haec, com<br />

que se indica uma coisa particular, para <strong>de</strong>signar<br />

a individualida<strong>de</strong>, esta consiste na "realida<strong>de</strong><br />

última do ente", que <strong>de</strong>termina e "contrai''<br />

a natureza comum (composta <strong>de</strong> matéria<br />

e forma) numa coisa particular, ad esse hanc<br />

rem. Esse princípio é invocado por Duns Scot<br />

para explicar <strong>de</strong> que maneira a coisa individual<br />

se origina da "natureza comum", que é indiferente<br />

tanto à universalida<strong>de</strong> quanto à individualida<strong>de</strong>.<br />

Esse termo não se encontra em<br />

Opus Oxoniense, que é o maior comentário <strong>de</strong><br />

Duns Scot às Sentenças, <strong>de</strong> Pietro Lombardo,<br />

mas em Reportataparísiensia (II, d. 12, q. 5, n.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!