22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ESPAÇO VITAL 352 ESPÉCIE<br />

çou a amadurecer com a <strong>de</strong>scoberta das geometrias<br />

não euclidianas, quando se percebeu a<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber se uma <strong>de</strong>ssas geometrias<br />

está incorporada na estrutura física do mundo.<br />

Embora os matemáticos se tenham pronunciado<br />

algumas vezes em favor da resposta positiva<br />

a essa questão, optando em sua maioria pela<br />

geometria euclidiana, o caráter provisório e<br />

parcial <strong>de</strong>ssas respostas mostra, mais do que<br />

qualquer outra coisa, a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolver<br />

a questão e induz à adoção do ponto <strong>de</strong><br />

vista que prescin<strong>de</strong> <strong>de</strong>la. Po<strong>de</strong>-se então afirmar<br />

que só motivos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> científica sugerem<br />

o uso <strong>de</strong> um esquema geométrico particular<br />

para a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado campo<br />

<strong>de</strong> fenômenos. A esse respeito M. K. Munitz diz<br />

o seguinte: "Po<strong>de</strong>rá ser mais conveniente e fecundo<br />

usar um esquema métrico e não outro,<br />

mas não po<strong>de</strong>mos dizer que são os fatos que<br />

nos levam a fazer isso. O problema é o seguinte:<br />

a adoção <strong>de</strong> um valor particular para a curvatura,<br />

tomado em conjunção com o resto da<br />

teoria, permite-nos fazer inferências corretas a<br />

partir <strong>de</strong> dados fatos para outros fatos? Se a<br />

exatidão dos fatos observáveis inferidos for<br />

maior quando estabelecidos por uma teoria<br />

com sua métrica própria e não por outra, po<strong>de</strong>remos<br />

dizer que 'a métrica do universo é assim<br />

e assim'. Esta última expressão não passa <strong>de</strong><br />

um modo sumário <strong>de</strong> aludir à superiorida<strong>de</strong><br />

relativa <strong>de</strong> dada teoria ou mo<strong>de</strong>lo do universo"<br />

(Space, Time and Creation, VII, § 4; trad.<br />

it, p. 133).<br />

ESPAÇO VITAL. V. CAMPO.<br />

ESPÉCIE (gr. eiôoç; lat. Species; in. Kind,<br />

Species; fr. Espèce, ai. Ari, Species; it. Speciè).<br />

1. Conceito que é parte ou elemento <strong>de</strong> outro<br />

conceito. Nesse sentido, essa palavra foi comumente<br />

empregada por Platão (cf. Sof, 235 d,<br />

Teet., 178 a etc), por Aristóteles (Met., X, 7,<br />

1057 b 7; Cat. 2 b 7, etc.) e ilustrada em Isagoge<br />

<strong>de</strong> Porfírio, que lhe dá a seguinte <strong>de</strong>finição: "A<br />

E. é o que se situa sob o gênero e a que o<br />

gênero é atribuído essencialmente". E acrescenta:<br />

"A E. é o atributo que se aplica essencialmente<br />

a uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> termos que<br />

diferem especificamente entre si", observando-se,<br />

porém, que esta última <strong>de</strong>finição só se<br />

aplica à "E. especialíssima", que prece<strong>de</strong> imediatamente<br />

o indivíduo, como p. ex. o conceito<br />

<strong>de</strong> homem (Isag., 4, 10 ss.). Nesse sentido o<br />

conceito <strong>de</strong> E. permaneceu inalterado em toda<br />

a lógica tradicional, até que, com a afirmação<br />

da lógica matemática, foi substituído pelo conceito<br />

<strong>de</strong> classe (v.).<br />

No domínio da biologia, durante algum tempo<br />

esse termo teve um significado correspon<strong>de</strong>nte<br />

ao <strong>de</strong>scrito, enten<strong>de</strong>ndo-se por E. um<br />

tipo biológico bem <strong>de</strong>finido por características<br />

hereditárias e subordinado a um outro tipo<br />

mais amplo {gênero). Mas na biologia contemporânea<br />

os conceitos <strong>de</strong> gênero e espécie <strong>de</strong>ixaram<br />

<strong>de</strong> referir-se aos significados tradicionais,<br />

e por E. enten<strong>de</strong>-se simplesmente uma<br />

classe <strong>de</strong> indivíduos cujos acasalamentos produzem<br />

indivíduos férteis, o que não ocorre<br />

com híbridos nascidos <strong>de</strong> acasalamentos entre<br />

indivíduos pertencentes a E. diferentes (C. PIN-<br />

CHER, Evolution, 1950, p. 21; KALMUS, Variation<br />

and Heredity, 1957, p. 29).<br />

2. O mesmo que idéia no sentido platônico<br />

(v. IDÉIA).<br />

3. O mesmo que forma no sentido aristotélico<br />

(v. FORMA).<br />

4. Em relação ao significado 3 e na linguagem<br />

da escolástica medieval, a E. é intermediária<br />

do conhecimento, ou seja, o objeto próprio<br />

da sensibilida<strong>de</strong> ou do intelecto, enquanto forma<br />

que a sensibilida<strong>de</strong> ou o intelecto abstrai<br />

das coisas. Essa doutrina foi expressa com toda<br />

a clareza por S. Tomás, que, comentando o trecho<br />

do De anima (III, 8, 431 b 21), em que<br />

Aristóteles diz que "a alma é <strong>de</strong> certo modo<br />

todas as coisas", observa: "Se a alma é todas as<br />

coisas, é necessário que ela seja as próprias coisas,<br />

sensíveis ou inteligíveis — no sentido da<br />

afirmação <strong>de</strong> Empédocles, <strong>de</strong> que conhecemos a<br />

terra com a terra, a água com a água, etc. — ou<br />

então que ela seja as espécies. Mas por certo a<br />

alma não é a coisa, pois, p. ex., na alma não há<br />

as pedras, mas a E. da pedra". Ora, a E. é a<br />

forma da coisa. Logo, "o intelecto é a potência<br />

receptiva <strong>de</strong> todas as formas inteligíveis e o<br />

sentido é a potência receptiva <strong>de</strong> todas as formas<br />

sensíveis" (cf. também S. Th., I, 2. 84 a, 2).<br />

A doutrina da E. ou, como também se diz, da<br />

similitu<strong>de</strong>, como intermediária entre o objeto<br />

e a potência cognoscitiva humana, predomina<br />

durante o período clássico da escolástica: é<br />

aceita por Boaventura (In Sent., II, d. 39, a. 1,<br />

q. 2) e por Duns Scot (Op. Ox., I, d. 3, q. 7, n.<br />

2, 3, 20), mas posta <strong>de</strong> lado pela escolástica do<br />

séc. XIV. Durand <strong>de</strong> Pourçain (In Sent., II, d. 3,<br />

q. 6, n. 10) e Pedro Aureolo (In Sent., 1, d. 9, a.<br />

1) negam peremptoriamente a existência da E.<br />

e afirmam que o objeto do conhecimento é a<br />

própria coisa. Essa doutrina é veementemente<br />

ratificada por Ockham com o argumento <strong>de</strong><br />

que, se a E. fosse o objeto imediato do conheci-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!