22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONSTRUCIONISMO 198 CONTEMPLATIVA, VIDA<br />

com o conceito <strong>de</strong> reintegrabilida<strong>de</strong>. Diz-se<br />

que um objeto ou conceito é reintegrável num<br />

ou mais outros objetos se os enunciados que<br />

dizem respeito ao primeiro se <strong>de</strong>ixam transformar<br />

em enunciados que dizem respeito ao<br />

segundo. Nesse caso, po<strong>de</strong>-se dizer que o<br />

primeiro objeto é "constituído" pelos outros<br />

(Der logische Aufbau <strong>de</strong>r Welt, § 2). Essa palavra<br />

passou a fazer parte da linguagem comum:<br />

diz-se que tem caráter ou função C. tudo o que<br />

concorre para condicionar <strong>de</strong> algum modo um<br />

objeto qualquer.<br />

CONSTRUCIONISMO (in. Constructionalisni).<br />

Produção e uso <strong>de</strong> constructos (v.). Esse<br />

termo às vezes é empregado por escritores anglosaxões.<br />

(Cf. p. ex., M. DUMMETT, em The Philosophical<br />

Review, 1957, p. 47).<br />

CONSTRUCTO (in. Construci). C. ou construção<br />

lógica é termo usado freqüentemente<br />

por escritores anglo-saxônicos para indicar<br />

entida<strong>de</strong>s cuja existência se julga confirmada<br />

pela confirmação das hipóteses ou dos sistemas<br />

lingüísticos em que se encontram, mas que<br />

nunca é observável ou inferida diretamente <strong>de</strong><br />

fatos observáveis. Esse termo entrou em uso<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que Husserl enunciou seu princípio-.<br />

"Sempre que for possível, é preciso substituir<br />

entida<strong>de</strong>s inferidas por construções lógicas"<br />

(Mysticism and Logic, 1918, p. 155). Os C. são<br />

dotados pelo que se chamou <strong>de</strong> existência<br />

sistêmica, isto é, pelo modo <strong>de</strong> existência próprio<br />

<strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> cujas <strong>de</strong>scrições são analíticas<br />

no âmbito <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> proposições,<br />

ao passo que as entida<strong>de</strong>s inferidas<br />

teriam existência real, que é o modo <strong>de</strong> existência<br />

atribuído a uma entida<strong>de</strong> a que se po<strong>de</strong><br />

referir uma proposição sintética verda<strong>de</strong>ira (cf.<br />

L. W. BKCK, Constructions and Inferred Entities,<br />

em Readings in the Philosophy of Science, 1953,<br />

p. 369). Os C. <strong>de</strong>veriam <strong>de</strong>sempenhar todas as<br />

funções das entida<strong>de</strong>s inferidas: l s resumir os<br />

fatos observados; 2 e constituir um objeto i<strong>de</strong>al<br />

para a pesquisa, ou seja, promover o progresso<br />

da obsevação; 3 a constituir a base para a previsão<br />

e a explicação dos fatos (Ibid., p. 371).<br />

Contudo, é possível a verificação empírica indireta<br />

dos C. "A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um C. empírico",<br />

diz Bergmann, "p. ex., <strong>de</strong> um campo elétrico,<br />

sempre fornece instruções para comprovar,<br />

para <strong>de</strong>terminar a verda<strong>de</strong> ou a falsida<strong>de</strong> das<br />

asserções nas quais se encontra o C: p. ex., 'Há<br />

um campo elétrico nas vizinhanças do objeto<br />

B'" (Outline of an Empiricist Phil. of Physics,<br />

em Readings, cit., p. 270).<br />

CONSUBSTANCIAÇÃO (lat. Consubstantiatio-,<br />

in. Consubstantiation; fr. Consubstantiation;<br />

ai. Konsubstantiation; it. Consustanziazione).<br />

Interpretação do sacramento do altar,<br />

segundo a qual a substância do pão e do vinho<br />

se une à do corpo e do sangue <strong>de</strong> Cristo, como<br />

sujeito <strong>de</strong> seus aci<strong>de</strong>ntes. Essa doutrina, sempre<br />

combatida pela Igreja, foi <strong>de</strong>fendida no<br />

início do séc. XIV por Ockham, nos dois escritos<br />

intitulados De sacramento altarise Decorpore<br />

Christi; era aceita por Lutero.<br />

CONTEMPLATIVA, VIDA (gr. 9ecopr|Tixòç<br />

(3íoç; lat. Vita contemplativa; in. Theoretical life,<br />

fr. Vie théorétique, ai. Theoretisches Leben; it.<br />

Vita contemplativa). I<strong>de</strong>al da vida <strong>de</strong>dicada exclusivamente<br />

ao conhecimento. Segundo W.<br />

Jaeger (Genesi e ricorso <strong>de</strong>li'i<strong>de</strong>ale filosófico<br />

<strong>de</strong>lia vita, 1928, em Aristóteles, trad. it., p. 363<br />

ss.), a atribuição <strong>de</strong> uma vida puramente C. aos<br />

filósofos pré-socráticos, por meio <strong>de</strong> anedotas<br />

(como a <strong>de</strong> Tales que, por andar olhando para<br />

as estrelas, cai num poço, enquanto a criadinha<br />

<strong>de</strong> Trácias ri <strong>de</strong>le) é a projeção, no passado, do<br />

ponto <strong>de</strong> vista platônico-aristotélico, que exaltou<br />

a vida C. acima da prática e a consi<strong>de</strong>rou a<br />

única digna do filósofo e, em geral, do homem.<br />

Po<strong>de</strong>-se duvidar da exatidão <strong>de</strong>ssa tese no que<br />

concerne à <strong>filosofia</strong> platônica, que dificilmente<br />

po<strong>de</strong>ria ser chamada <strong>de</strong> contemplativa, pois tinha<br />

<strong>de</strong>liberadas finalida<strong>de</strong>s políticas. Mas certamente<br />

é exata no que diz respeito a Aristóteles<br />

(v. FILOSOFIA; SABEDORIA). Uma das conseqüências<br />

do i<strong>de</strong>al contemplativo <strong>de</strong> vida foi o<br />

<strong>de</strong>sprezo pela "banausia" (v.), isto é, pelo trabalho<br />

manual; outra conseqüência foi a reconhecida<br />

superiorida<strong>de</strong> das ciências chamadas<br />

teoréticas sobre as chamadas práticas e, em<br />

geral, da ativida<strong>de</strong> teorética. "Essa ativida<strong>de</strong>", diz<br />

Aristóteles, "é por si mesma a mais elevada, já<br />

que a inteligência é o que há <strong>de</strong> mais elevado<br />

em nós; entre as coisas cognoscíveis, as mais<br />

elevadas são aquelas <strong>de</strong> que se ocupa a inteligência".<br />

Portanto, a vida teorética é superior à<br />

humana. "O homem não <strong>de</strong>ve, como dizem<br />

alguns, conhecer as coisas humanas, como homem,<br />

conhecer as coisas mortais, como mortal,<br />

mas tornar-se o mais imortal possível e fazer <strong>de</strong><br />

tudo para viver segundo o que nele há <strong>de</strong> mais<br />

elevado: embora isso seja pouco em quantida<strong>de</strong>,<br />

supera em potência e calor todas as outras<br />

coisas" (Et. nic, X, 7, 1177 b 31). Aristóteles<br />

contrapunha explicitamente, no capítulo citado<br />

da Ética, a vida teorética, a do político e a<br />

do guerreiro que, segundo os antigos, eram

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!