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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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COMPREENSÃO 2<br />

50 modo idêntica à que será expressa por Stuart<br />

Mill com a día<strong>de</strong> conotação-<strong>de</strong>notação ou pela<br />

lógica mo<strong>de</strong>rna com a día<strong>de</strong> intensão-extensão.<br />

Dizia Arnauld: "Nas idéias universais, é importante<br />

distinguir bem duas coisas, a C. e a extensão.<br />

Chamo <strong>de</strong> C. da idéia os atributos que<br />

ela inclui em si e que não po<strong>de</strong>m ser retirados<br />

sem <strong>de</strong>struí-la; assim, a C. da idéia <strong>de</strong> triângulo<br />

contém extensão, figura, três linhas, três ângulos<br />

e a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses três ângulos a dois retos,<br />

etc. Chamo <strong>de</strong> extensão da idéia os sujeitos<br />

aos quais essa idéia convém que também se<br />

chamam inferiores <strong>de</strong> um termo geral que, em<br />

relação a eles, é chamado superior; assim, a<br />

idéia do triângulo, em geral, esten<strong>de</strong>-se a todas<br />

as diversas espécies dos triângulos" (Log., I,<br />

6). Essa distinção encontrava alguns prece<strong>de</strong>ntes<br />

na lógica medieval, mas foi expressa <strong>de</strong><br />

modo aproximado só a partir do séc. XVI (p.<br />

ex., por CAJETANUS, In Porphyrii Praed., ed.<br />

1579,1, 2, p. 37; cf. HAMILTON, Lectures on Logic,<br />

I, 1866, p. 141). À própria distinção vinculavase<br />

a <strong>de</strong>terminação da relação inversa que há<br />

entre C. e extensão assim <strong>de</strong>finidas-, à medida<br />

que a C. se empobrece, isto é, torna-se mais<br />

geral, a extensão se enriquece, isto é, o conceito<br />

se aplica a mais coisas; e vice-versa. Essas<br />

distinções e observações foram retomadas<br />

pela lógica, especialmente alemã, do séc. XIX<br />

(cf., p. ex., LOTZE, Logik, 1843, § 15), permaneceram<br />

constantes e por vezes foram expressas<br />

mediante o par sinônimo conotação-<strong>de</strong>notação,<br />

especialmente por escritores ingleses. À parte<br />

a tentativa <strong>de</strong> distinguir C. <strong>de</strong> conotação (v.)<br />

como esfera <strong>de</strong> todas as notas possíveis, além<br />

das expressamente conotadas pela <strong>de</strong>finição,<br />

a noção <strong>de</strong> C. permaneceu constante na lógica<br />

do séc. XIX.<br />

2. Às vezes, na lógica contemporânea, a C. é<br />

assumida como análoga da <strong>de</strong>notação ou extensão,<br />

e não da conotação ou intensão. Assim,<br />

Lewis <strong>de</strong>fine a C. <strong>de</strong> um termo como "a classificação<br />

<strong>de</strong> todas as coisas coerentemente pensáveis,<br />

às quais o termo se aplique corretamente",<br />

on<strong>de</strong> por "coerentemente pensáveis"<br />

se enten<strong>de</strong>m todas as coisas cuja asserção da<br />

existência não implique, explícita ou implicitamente,<br />

uma contradição. Nesse significado, o<br />

termo se distinguiria <strong>de</strong> <strong>de</strong>notação ou extensão<br />

porque essa é a classe <strong>de</strong> todas as coisas reais<br />

ou existentes às quais o termo se aplica corretamente.<br />

A <strong>de</strong>notação estaria, portanto, incluída<br />

na C; mas não vice-versa. A C. <strong>de</strong> "quadrado"<br />

inclui não só os quadrados existentes<br />

160 COMPROMISSO<br />

(que são <strong>de</strong>notados), mas todos os quadrados<br />

possíveis ou imagináveis, salvo os redondos<br />

(Analysis of Knowledge and Valuation, 1950,<br />

pp. 39-41).<br />

COMPROMETIMENTO. V. COMPROMISSO.<br />

COMPROMISSO (in. Commitment; fr. Engagement;<br />

ai. Verbindlíchkeit; it. Impegnó). Escolha<br />

fundamental que dirija a conduta ou o<br />

procedimento <strong>de</strong> investigação num campo<br />

qualquer. Essa noção foi empregada pelos lógicos<br />

para indicar a escolha preliminar da espécie<br />

<strong>de</strong> entida<strong>de</strong> a que se referem os cálculos lógicos,<br />

ou seja, das variáveis que se repetem<br />

nesses cálculos. Diz Quine: "Comprometemonos<br />

com uma ontologia que contém números<br />

quando dizemos que há números primos maiores<br />

que um milhão; comprometemo-nos com<br />

uma ontologia que contém centauros quando<br />

dizemos que existem centauros; e comprometemo-nos<br />

com uma ontologia que contém<br />

Pégaso quando dizemos que Pégaso existe"<br />

(From a Logical Point of View, I). Mesmo objetando<br />

contra o uso do termo "ontologia",<br />

Carnap manteve esse conceito: "A escolha <strong>de</strong><br />

certa estrutura lingüística e, em particular, a<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> usar certos tipos <strong>de</strong> variáveis são<br />

<strong>de</strong>cisões práticas tanto quanto a escolha <strong>de</strong> um<br />

instrumento; <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m principalmente dos objetivos<br />

para os quais se preten<strong>de</strong> usar o instrumento<br />

— nesse caso, a linguagem — e <strong>de</strong> suas<br />

proprieda<strong>de</strong>s" {Meaning and Necessity, § 10).<br />

Um compromisso nesse sentido é a base <strong>de</strong><br />

qualquer <strong>de</strong>terminação do significado <strong>de</strong> existência<br />

(v.): a diferença entre as várias correntes<br />

da matemática (v.) po<strong>de</strong> ser reduzida à<br />

diferença entre os compromissos ontológicos<br />

que lhes servem <strong>de</strong> fundamento.<br />

Na <strong>filosofia</strong> existencialista, esse termo foi<br />

usado para indicar o fato <strong>de</strong> que qualquer<br />

esclarecimento que o homem possa obter sobre<br />

as <strong>de</strong>terminações da existência é um compromisso<br />

(uma <strong>de</strong>cisão ou uma escolha) com<br />

tal <strong>de</strong>terminação. Nesse sentido, Hei<strong>de</strong>gger disse<br />

que o ser do homem é aquilo em que o homem<br />

está está sempre envolvido, que está sempre<br />

conclamando o homem para uma <strong>de</strong>cisão ou<br />

para uma escolha (Sein und Zeit, § 9). Jaspers<br />

contrapôs ao "<strong>de</strong>scompromisso" da arte perante<br />

a vida real o compromisso da <strong>filosofia</strong>, que<br />

atua <strong>de</strong>ntro da vida {Phil, I, p. 338). Sartre viu<br />

no engajamento o nascimento do projeto fundamental<br />

que é a expressão da liberda<strong>de</strong> humana:<br />

"Meu projeto último e inicial é sempre o<br />

esboço <strong>de</strong> uma solução do problema do ser.

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