22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ECONOMIA POLÍTICA 299 ECONOMIA POLÍTICA<br />

que se encontra a partir da Lógica vetus et nova<br />

(1654) <strong>de</strong> Clauberg. Kant refere-se a esse princípio<br />

como expressão da exigência <strong>de</strong> buscar<br />

na natureza (ou melhor, <strong>de</strong> realizar através <strong>de</strong><br />

seu conhecimento) a máxima unida<strong>de</strong> e simplicida<strong>de</strong><br />

possíveis. E diz: "A existência <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong><br />

na natureza é pressuposta pelos filósofos<br />

na conhecida regra da escola, segundo a qual<br />

os princípios não <strong>de</strong>vem ser multiplicados sem<br />

necessida<strong>de</strong>. Com isso se diz que a natureza<br />

das coisas dá azo à racionalida<strong>de</strong> e que a aparente<br />

diversida<strong>de</strong> infinita não <strong>de</strong>ve impedirnos<br />

<strong>de</strong> supor que, por trás <strong>de</strong>la, haja uma unida<strong>de</strong><br />

das proprieda<strong>de</strong>s fundamentais, da qual<br />

po<strong>de</strong> ser extraída a multiplicida<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong><br />

múltiplas <strong>de</strong>terminações" (CrítR. Pura, Dialética,<br />

livro II, seç. III, Do uso regulativo das idéias;<br />

Crít. do Juízo, Intr., I).<br />

A <strong>filosofia</strong> contemporânea insistiu e ainda<br />

hoje insiste muito na importância <strong>de</strong>ssa regra<br />

metodológica. Para isso contribuíram sobretudo<br />

Avenarius (Die Phil. ais Denken <strong>de</strong>r Welt<br />

gemãss <strong>de</strong>m Princip <strong>de</strong>s kleinsten Kraftmasses,<br />

1876) e Mach, que disse: "Os métodos pelos<br />

quais se constitui o saber são <strong>de</strong> natureza econômica"<br />

(Die Principien <strong>de</strong>r Wãrmenlehre, 2ed.,<br />

1900, p. 39). Segundo Mach, é esse princípio<br />

que presi<strong>de</strong>, p. ex., à formação dos conceitos,<br />

que nascem da situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio<br />

entre o número das reações biologicamente<br />

importantes, que é bastante limitado, e a varieda<strong>de</strong>,<br />

quase ilimitada, das coisas existentes.<br />

Permitindo classificar a<strong>de</strong>quadamente essa varieda<strong>de</strong>,<br />

o conceito permite enfrentá-la do modo<br />

mais econômico, ou seja, com o mínimo esforço<br />

(Erkenntniss und Irrtum, 1905, cap. 8). Essa<br />

exigência ainda hoje é consi<strong>de</strong>rada válida na<br />

construção das hipóteses ou teorias científicas<br />

(v. TEORIA).<br />

ECONOMIA POLÍTICA (in. Political economy,<br />

economics; fr. Économie politique, ai.<br />

Politische Oekonomie, it. Economia política).<br />

Como nome <strong>de</strong> uma ciência, esse termo em geral<br />

<strong>de</strong>signa a técnica <strong>de</strong> enfrentar situações <strong>de</strong><br />

escassez. Por situações <strong>de</strong> escassez são entendidas<br />

as situações em que, para realizar objetivos<br />

múltiplos e dotados <strong>de</strong> importância diferente, o<br />

homem dispõe <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> meios limitados<br />

e passíveis <strong>de</strong> usos alternativos. A técnica adotada<br />

para enfrentar tais situações tem em vista<br />

a maior satisfação possível que elas permitem;<br />

e as regras que constituem tal técnica <strong>de</strong>finem<br />

o comportamento racional do homem nas<br />

situações <strong>de</strong> escassez. Esse comportamento é<br />

o autêntico objeto da economia política, que<br />

muitas vezes reivindica para si um caráter <strong>de</strong>scritivo,<br />

visto situar-se diante <strong>de</strong>sse comportamento<br />

como qualquer outra ciência diante do<br />

seu objeto específico (cf. MEKGER, Grundsãtze<br />

<strong>de</strong>r Volkswirtschaftslehre, 1871; trad. it., pp. 51-<br />

70; MISES, Die Gemeinwirtschaft, pp. 98 ss.;<br />

FF.TTER, Economic Principies, 1915, cap. 1;<br />

STRIGL, Die õkonomischen Kategorien und die<br />

Organisation <strong>de</strong>r Wirtschaft, 1923, passim-,<br />

ROBBINS, An Essay on theNat. and Significance<br />

ofEc. Sc, 1935, cap. 1). É possível distinguir<br />

três fases da E. política, que correspon<strong>de</strong>m aos<br />

três diferentes fundamentos adotados como<br />

base ou diretriz da técnica econômica. 1- O<br />

comportamento racional do homem nas situações<br />

<strong>de</strong> escassez é assegurado por uma or<strong>de</strong>m<br />

natural que age automaticamente e que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que não perturbada, garante a cada homem e<br />

a todos o máximo <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> possível. Chamaremos<br />

essa concepção <strong>de</strong> teoria da or<strong>de</strong>m<br />

natural. 2- Não existe uma or<strong>de</strong>m natural que<br />

garanta o comportamento econômico dos indivíduos,<br />

mas existe e po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada em<br />

todos os casos uma distribuição dos meios econômicos<br />

que realize a satisfação máxima dos<br />

indivíduos interessados, constituindo, portanto,<br />

um estado <strong>de</strong> equilíbrio. Chamaremos essa segunda<br />

fase <strong>de</strong> teoria do equilíbrio; 3 a Não tem<br />

sentido procurar <strong>de</strong>terminar um estado <strong>de</strong> equilíbrio<br />

não compatível com a realida<strong>de</strong> econômica.<br />

O comportamento racional do homem<br />

nas situações <strong>de</strong> escassez só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminado<br />

a partir da condição <strong>de</strong> ignorância e <strong>de</strong><br />

falibilida<strong>de</strong> com que ele entra nessas situações.<br />

Essa terceira fase ainda está no início e se encontra<br />

<strong>de</strong>lineada apenas na chamada teoria dos<br />

jogos. Indicá-la-emos, portanto, por esse nome.<br />

P Teoria da or<strong>de</strong>m natural. — Foi com base<br />

nessa teoria que a E. surgiu e se constituiu no<br />

mundo mo<strong>de</strong>rno. Embora <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Antigüida<strong>de</strong><br />

numerosas observações sobre os fenômenos<br />

econômicos tenham sido coligidas e expressas<br />

em forma <strong>de</strong> teorias, leis ou conselhos, a E. política<br />

é uma ciência recente que só teve origem<br />

quando as uniformida<strong>de</strong>s observáveis na esfera<br />

dos fenômenos econômicos e exprimiveis<br />

como "leis" passaram a ser consi<strong>de</strong>radas exemplos<br />

ou casos <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m total e abrangente<br />

<strong>de</strong>sses fenômenos. Isso aconteceu no séc.<br />

XVIII, quando, com os fisiocratas, reconheceuse<br />

a existência <strong>de</strong> uma "or<strong>de</strong>m natural" nos fenômenos<br />

econômicos. A primeira <strong>de</strong>finição da<br />

E. política foi feita por Dupont <strong>de</strong> Nemours,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!