22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

GNOSTOLOGIA 486 GOVERNO, FORMAS DE<br />

bem e mal, tem como resultado o mundo, no<br />

qual as trevas e a luz se unem, mas com predomínio<br />

das trevas.<br />

GNOSTOLOGIA (lat. Gnostologiá). Termo<br />

cunhado por Calov em Scripta Philosophica<br />

(1650), para <strong>de</strong>signar uma das duas disciplinas<br />

auxiliares da metafísica (a outra é a Noologia,<br />

[v.]), mais precisamente a que tem por objeto<br />

"o cognoscível enquanto tal". Foram chamados<br />

<strong>de</strong> gnostólogos alguns aristotélicos protestantes<br />

que ensinaram nas universida<strong>de</strong>s alemãs na<br />

primeira meta<strong>de</strong> do séc. XVII. Sobre eles, cf.<br />

PETERSEN, Geschichte <strong>de</strong>r aristotelischen Philosophie<br />

im protestantischen Deutschland, Leipzig,<br />

1921; CAMPO, Cristiano Wolff, Milão, 1939,<br />

I, pp. 144 ss.<br />

GOSTO (in. Taste; fr. Goüt; ai. Geschmack;<br />

it. Gustó). Critério ou cânon para julgar os objetos<br />

do sentimento. Visto que só a partir do séc.<br />

XVIII o sentimento (v.) começou a ser reconhecido<br />

como faculda<strong>de</strong> autônoma, distinta da faculda<strong>de</strong><br />

teorética e da prática, a noção <strong>de</strong> G.<br />

foi-se <strong>de</strong>terminando, no mesmo período, em<br />

correlação com a noção do critério ao qual essa<br />

faculda<strong>de</strong>, em suas valorações, está a<strong>de</strong>quada<br />

ou <strong>de</strong>ve a<strong>de</strong>quar-se. A faculda<strong>de</strong> do sentimento<br />

logo recebeu como atribuição a ativida<strong>de</strong><br />

estética: assim, enten<strong>de</strong>-se por G. sobretudo o<br />

critério do juízo estético, e foi com esse sentido<br />

que essa palavra se incorporou no uso corrente.<br />

Em seu sentido mais geral, o G. é <strong>de</strong>finido<br />

por Vauvenargues como "disposição para julgar<br />

corretamente os objetos do sentimento" (Intr.<br />

à Ia connaissance <strong>de</strong> Vesprit humaín, \1A6,<br />

12); e por Kant, que <strong>de</strong>clara, em Antropologia<br />

(§ 69): "O G. (enquanto uma espécie <strong>de</strong><br />

sentido formal) leva a compartilhar com outros<br />

os sentimentos <strong>de</strong> prazer e dor e implica a<br />

capacida<strong>de</strong> — agradável, graças a esse mesmo<br />

compartilhar — <strong>de</strong> sentir satisfação (complacentià)<br />

em comum com outrem". Em alguns <strong>de</strong><br />

seus Ensaios morais e políticos (1741), Hume<br />

enten<strong>de</strong>u o G. em sentido mais estritamente<br />

estético, conquanto também ligue o G. estreitamente<br />

com o sentimento em geral. A beleza é<br />

<strong>de</strong> fato um sentimento, e, como todo sentimento<br />

é justo, não se referindo a nada além <strong>de</strong> si<br />

mesmo, cada espírito percebe uma beleza diferente.<br />

Isso, porém, não impe<strong>de</strong> que haja um<br />

critério do G., pois existe uma espécie <strong>de</strong> senso<br />

comum que restringe o valor do velho ditado<br />

"Gosto não se discute". Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>terminar um<br />

critério do G. recorrendo às experiências e às<br />

observações dos sentimentos comuns da natu-<br />

reza humana, sem preten<strong>de</strong>r qüe em todas as<br />

ocasiões os sentimentos dos homens se conformem<br />

a esse critério. "Em cada criatura", diz<br />

Hume, "há um estado são e um estado <strong>de</strong> doença;<br />

só o primeiro nos dá o verda<strong>de</strong>iro critério<br />

<strong>de</strong> G. e <strong>de</strong> sentimento. Se no estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

do organismo houver uniformida<strong>de</strong> completa<br />

ou consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> sentimentos entre os homens,<br />

po<strong>de</strong>remos daí inferir uma idéia da beleza<br />

perfeita, do mesmo modo como a aparência<br />

dos objetos, à luz do dia e aos olhos <strong>de</strong> um homem<br />

em bom estado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, é consi<strong>de</strong>rada a<br />

cor verda<strong>de</strong>ira e real dos objetos, ainda que<br />

tanto durante o dia quanto durante a noite a<br />

cor seja apenas um fantasma dos sentidos"<br />

(Essays, I, p. 272). Por sua vez, E. Burke dizia:<br />

"Pela palavra G. entendo apenas a faculda<strong>de</strong>,<br />

ou faculda<strong>de</strong>s, da mente que são impressionadas<br />

pelas obras da imaginação e pelas belasartes,<br />

formulando um juízo sobre elas" (A Philosophical<br />

Inquiry into the Origin ofOurl<strong>de</strong>as<br />

of the Sublime and Beautiful, 1756, Intr.; trad.<br />

it., p. 47). Para Kant, o G. é uma espécie <strong>de</strong> senso<br />

comum (v.), aliás o senso comum em seu<br />

significado mais exato, porque po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido<br />

como "a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> julgar aquilo que<br />

torna universalmente comunicável o sentimento<br />

suscitado por dada representação, sem a mediação<br />

do conceito" (Crít. do Juízo, § 40). Portanto,<br />

a universalida<strong>de</strong> do juízo <strong>de</strong> G. não é a<br />

mesma do juízo intelectual, pois não se baseia<br />

no objeto, mas na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação<br />

com os outros. Em outros termos, o juízo <strong>de</strong> G.<br />

só é universal porque se fundamenta na comunicabilida<strong>de</strong><br />

do sentimento iCrít. do Juízo,<br />

§ 39). Kant também fez a distinção entre o G.<br />

como faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> julgar e o gênio como faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> produzir (Ibid., § 48). Croce i<strong>de</strong>ntifica<br />

essas duas faculda<strong>de</strong>s, consi<strong>de</strong>rando<br />

idênticos o processo <strong>de</strong> criação e o <strong>de</strong> reprodução<br />

<strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong> arte {Estética, cap. 16).<br />

Mas com isso o conceito <strong>de</strong> G. não muda; na<br />

realida<strong>de</strong>, a estética mo<strong>de</strong>rna e contemporânea<br />

conservou ou reproduziu, com modificações<br />

irrelevantes (do ponto <strong>de</strong> vista conceptual), a<br />

noção <strong>de</strong> G. elaborada pelos tratadistas do séc.<br />

XVIII, cujas características fundamentais expusemos.<br />

GOVERNO, FORMAS DE (gr a%f]\iam<br />

7io?iiTeíaç; lat. Reipublicaeformae, in. Forms of<br />

government; fr. Formes <strong>de</strong> gouvernement; ai.<br />

Staatsverfassung; it. Forme di governo). Uma<br />

das mais antigas doutrinas políticas, talvez a<br />

mais antiga, é a distinção das três formas <strong>de</strong> G.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!