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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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SUBSTANCIA 925 SUBSTANCIA<br />

sibilida<strong>de</strong> lógica; mas a sua subsistência tem<br />

natureza <strong>de</strong> fato" (Co//. Pap., 3.571, o texto é <strong>de</strong><br />

1903), e estendido por Russell (Problems of<br />

Pbi/osopfoy, 1912, cap. 9) ao modo <strong>de</strong> ser cios<br />

universais e pelos neo-realistas americanos a<br />

todas as entida<strong>de</strong>s neutras, constituintes cio<br />

mundo, que, com sua agregação, po<strong>de</strong>m formar<br />

a consciência ou as coisas (The New Reeilisin,<br />

1912). Este segundo signilicado é ainda<br />

bastante difundido na <strong>filosofia</strong> contemporânea.<br />

SUBSTÂNCIA (gr. OÜGÍCX; lat. Substantia-,<br />

in. Substance-. fr. Substance; ai. Substauz: it.<br />

Sostanza). Esse termo teve dois significados<br />

fundamentais: 1'-' <strong>de</strong> estrutura necessária; 2°<br />

<strong>de</strong> conexão constante. O primeiro pertence<br />

á metafísica tradicional: o segundo, ao empirismo.<br />

1" No primeiro significado, é S.: ei) o que 6<br />

necessariamente aquilo que é; b) o que existe necessariamente.<br />

Ambas estas <strong>de</strong>terminações foram<br />

expostas na metafísica aristotélica, que gira<br />

inteiramente em torno do conceito <strong>de</strong> S. A primeira<br />

<strong>de</strong>terminação é <strong>de</strong>signada por Aristóteles<br />

com a expressão TÒ xí r|V eivai (cjiiodquiel<br />

erat esse), que po<strong>de</strong> ser traduzida como essência<br />

necessária; com efeito, ao pé da letra, essa<br />

expressão significa aquilo que o ser era, on<strong>de</strong> o<br />

imperfeito "era" indica a continuida<strong>de</strong> ou estabilida<strong>de</strong><br />

do ser, seu ser <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre e para<br />

sempre. A essência necessária é expressa pela<br />

<strong>de</strong>finição (v.) e 6 objeto do conhecimento<br />

científico (v. CIÊNCIA). A segunda <strong>de</strong>terminação<br />

relaciona-se com a primeira: é S. o que existe<br />

necessariamente. Aristóteles diz: "Temos ciência<br />

das coisas particulares só quando conhecemos<br />

a essência necessária das mesmas, e com<br />

todas as coisas ocorre o mesmo que ocorre<br />

com o bem: se o que é bem por essência não<br />

é bem, então nem o que existe por essência<br />

existe, e o que é uno por essência não é uno;<br />

e assim com todas as outras coisas" (Met., VII,<br />

6, 1031 b 6). Aristóteles aduz esse argumento<br />

contra a separação que Platão faz entre a idéia<br />

e as coisas, mas, obviamente, esse argumento<br />

significa que tudo é o que é em virtu<strong>de</strong> da<br />

essência necessária (que é a sua causa intrínseca<br />

ou extrínseca) e que, portanto, tudo o que<br />

há <strong>de</strong> real ou <strong>de</strong> cognoscível nas coisas faz parte<br />

cia essência necessária e existe necessariamente.<br />

Assim, para Aristóteles, a S. constitui a<br />

estrutura necessária do ser em sua concatenaçào<br />

causai, porque todas as espécies cie causas<br />

sáo <strong>de</strong>terminações da S. (v. CAISALIDADI:). Precisamente<br />

neste sentido, Aristóteles afirma que<br />

a forma das coisas é eterna e não po<strong>de</strong> ser produzida<br />

nem <strong>de</strong>struída (Mel., VII, 8; VIII, 3),<br />

pois a forma é a essência necessária das coisas<br />

compostas. Por outro lado, Aristóteles não se<br />

preocupou muito em enumerar toclos os modos<br />

cie ser da substância. Começa dizendo que,<br />

comumente, se fala <strong>de</strong> S. em quatro sentidos,<br />

senão em mais, a saber: como essência neces<br />

sária, como universal, como espécie e como sujeito<br />

(Met., VII, 3. 1028 a 32). Mas a S. como<br />

universal ou como espécie é excluída pela crítica<br />

ao platonismo, ou — o que dá no mesmo —<br />

é chamada por Aristóteles <strong>de</strong> substância segunda,<br />

em confronto com a S. primeira, que é<br />

a autêntica (Cat., 5, 2 a 13). Restam, portanto,<br />

apenas a S. como essência necessária e a S.<br />

como sujeito (v.). Neste último significado, a<br />

S. po<strong>de</strong> ser a forma, a matéria ou o composto<br />

<strong>de</strong> ambas (Ibid., 1029 a 2). Em seus dois significados<br />

legítimos, a S. exprime o significado fundamental<br />

do conceito do ser e, portanto, constitui<br />

o objeto da metafísica. "Aquilo que há<br />

muito tempo vimos procurando e ainda procuramos,<br />

aquilo que sempre será um problema<br />

para nós (o que é o ser?) significa isto: o que é<br />

a S." (Met., VII, 1, 1028 b 2). Por outro lado, a<br />

estrutura substancial do ser é o fundamento cio<br />

saber científico. A essência necessária das coisas<br />

que nào têm causa fora <strong>de</strong> si é intuída diretamente<br />

pelo intelecto e constitui os princípios<br />

primeiros que fundamentam a <strong>de</strong>monstração,<br />

ao passo que a essência necessária das coisas<br />

que têm causa fora <strong>de</strong> si po<strong>de</strong> ser revelada, senão<br />

<strong>de</strong>monstrada, pela própria <strong>de</strong>monstração.<br />

Em todos os casos, a necessida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>monstração<br />

é a própria necessida<strong>de</strong> da S. (An.posl.,<br />

II, 9, 43 b 21; cf. toda a discussão prece<strong>de</strong>nte).<br />

A história posterior do conceito <strong>de</strong> S. repete<br />

o caráter que já havia servido a Aristóteles para<br />

<strong>de</strong>fini-lo: a necessida<strong>de</strong>. Tal caráter é empregado<br />

explicitamente por Plotino para a <strong>de</strong>finição<br />

do termo (Rnu.. 1.. VI, 3. 4), mas é a Escolástica<br />

árabe, em especial Avicena, que mais insiste<br />

nele: "Dizemos que tudo o que é tem uma S.<br />

(essentia) graças â qual é o que é. e graças à<br />

qual é a necessida<strong>de</strong> disso e seu ser" ( Logic. I).<br />

S. Tomás, que, com as equivalências lingüísticas<br />

estabelecidas em De ente et essentia. pusera<br />

fim a um longo período <strong>de</strong> confusões terminológicas<br />

(v. ESSÊNCIA), reduz a S. (interpretando<br />

corretamente os textos <strong>de</strong> Aristóteles) à qüidida<strong>de</strong><br />

(essência necessária) e ao sujeito (S.<br />

Th., 1. q. 29, a. 2). Descartes só fazia expressar<br />

o mesmo caráter cie necessida<strong>de</strong> ao afirmar

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