22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

SABEDORIA 1 (gr. (ppóvnaiç; lat. Sapientia,<br />

Pnt<strong>de</strong>ntiai in. Wisdom, fr. Sagesse, ai. Weisbeit;<br />

it. Saggezza). Em geral, a disciplina racional<br />

das ativida<strong>de</strong>s humanas: comportamento<br />

racional em todos os domínios ou virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminar o que é bom e o que é mau para o<br />

homem. O conceito <strong>de</strong> S. refere-se tradicionalmente<br />

ã conduta racional nas ativida<strong>de</strong>s humanas,<br />

ou seja, à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dirigi-las da<br />

melhor maneira. Não é o conhecimento <strong>de</strong> coisas<br />

elevadas e sublimes, afastadas da humanida<strong>de</strong><br />

comum, o que é expresso por sapientia, mas o<br />

conhecimento cias ativida<strong>de</strong>s humanas e da<br />

melhor maneira <strong>de</strong> conduzi-las. A superiorida<strong>de</strong><br />

atribuída ã pru<strong>de</strong>ntia ou à sapientia <strong>de</strong>monstra<br />

a interpretação fundamental que se<br />

tem <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong>: o predomínio da segunda é<br />

típico cio conceito <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> como contemplação<br />

pura: o primado concedido à pru<strong>de</strong>ntia<br />

expressa o conceito <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> como guia do<br />

homem no mundo (v. FILOSOFIA, II).<br />

F.m Aristóteles, encontra-se uma distinção<br />

nítida entre dois tipos <strong>de</strong> sabedoria, que não<br />

se encontra em Platão. F.ste chama <strong>de</strong> sofia<br />

(oocpía) a ciência que presi<strong>de</strong> à ação virtuosa<br />

Utep., IV, 443 e: cf. 428 b), que correspon<strong>de</strong> à<br />

pru<strong>de</strong>ntia. Diz que ela é "a mais elevada e,<br />

sem a menor dúvida, a mais bela, pois trata da<br />

organização política e doméstica, à qual se dá o<br />

nome <strong>de</strong> prudência e justiça" (ORanq., 209 a).<br />

As formas <strong>de</strong> saber que constituem fins em si<br />

mesmas são alheias à concepção filosófica <strong>de</strong><br />

Platão. Fsse saber, no entanto, é exaltado por<br />

Aristóteles, que o consi<strong>de</strong>ra a forma mais elevada<br />

e divina: o outro tipo <strong>de</strong> sabedoria restringe-se<br />

a coisas meramente humanas, portanto,<br />

<strong>de</strong> menor valor. Desse ponto <strong>de</strong> vista, ela é <strong>de</strong>finida<br />

como "hábito prático e racional que diz<br />

respeito ao que é bom ou mau para o homem"<br />

(Et. nic, VI, 5, 1140 b 4). Mas "o homem nào<br />

s<br />

é o melhor ser do mundo" Ubid., VI, 7, 1141 a<br />

21); é um ser mutável, e a S. que lhe diz respeito<br />

é também mutável, ao passo que a verda<strong>de</strong>ira<br />

sabedoria é sempre a mesma (Jbid., 1141 a<br />

20 ss.). Portanto, Aristóteles põe esse tipo <strong>de</strong><br />

sabedoria acima <strong>de</strong> tudo. sendo seu objeto<br />

aquilo que não po<strong>de</strong> mudar nem ser diferente<br />

do que é: o necessário.<br />

A distinção e a oposição feitas por Aristóteles<br />

mantiveram-se através dos séculos, e o modo<br />

<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r os dois tipos cie S. (que em algumas<br />

línguas são indicadas pela mesma palavra)<br />

revela a orientação geral <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada <strong>filosofia</strong>:<br />

para a contemplação ou para a ação. Após<br />

Aristóteles, prevaleceu o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> sabedoria<br />

prática. Epicuro dizia que a $., "<strong>de</strong> que nascem<br />

todas as virtu<strong>de</strong>s, é até mais preciosa que a <strong>filosofia</strong>"<br />

(Cartasa Menec, 132). Os estóicos i<strong>de</strong>ntificavam<br />

esse tipo <strong>de</strong> S. com virtu<strong>de</strong> total, da<br />

qual todas as outras provêm (Dióü. I.., VII, 125-<br />

26). O neoplatonismo, por sua vez, exaltava o<br />

outro tipo <strong>de</strong> sabedoria (PLOTINO, Enn., V, 8.<br />

4). ao passo que S. Tomás reproduzia essa distinção,<br />

chamando a S. prática <strong>de</strong> pru<strong>de</strong>ntia e<br />

consi<strong>de</strong>rando-a "conselheira em todas as coisas<br />

referentes à vida humana, bem como o fim<br />

precípuo da vida humana" (S. Th., II, 1, q. 57,<br />

a 4). O mundo mo<strong>de</strong>rno dá preferência ao i<strong>de</strong>al<br />

prático da S., que retorna em Descartes (Princ.<br />

phil, pref.) e em Leibniz. F.ste último une, em<br />

sua <strong>de</strong>finição, o aspecto teórico e o prático: "a<br />

S. é o perfeito conhecimento <strong>de</strong> todos os princípios<br />

e <strong>de</strong> todas as ciências, bem como da arte<br />

<strong>de</strong> aplicá-los" (De Ia sagesse, Op., ecl. Frdmann.<br />

p. 673), mas a inclusão do aspecto prático significa<br />

a refutaçáo do i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> sapientia. Ao<br />

mesmo âmbito pertence a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Kant:<br />

"A S. consiste na concordância da vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um ser com seu objetivo final" (Met. <strong>de</strong>r<br />

Sitten, II, § 45).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!