22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

UNIVERSAL 983 UNIVERSAL<br />

va ((ue só existe ciência do U. (Dean.. II, 5, 417<br />

b 23). Logicamente, o II. é\ segundo Aristóteles,<br />

"o que, por sua natureza, po<strong>de</strong> ser predicado<br />

<strong>de</strong> muitas coisas" (De int., 7, 17 a 39): <strong>de</strong>finição<br />

que foi quase universalmente aceita na<br />

história da <strong>filosofia</strong>. Foi o U. nesse sentido<br />

que os lógicos medievais atribuíram o caráter<br />

<strong>de</strong> signo (v.) e a função <strong>de</strong> suposição (v.). Era<br />

este o L T . que M. Nizolio interpretava como um<br />

todo coletivo ou multitudo rerum singularium,<br />

<strong>de</strong> modo que a preposição "o homem é animal"<br />

ou significaria "todos os homens são animais"<br />

(De verísprincipiis, I, 6); a isso Leibniz contestava<br />

que. ao contrário, se trata <strong>de</strong> um todo distributiro,<br />

e assim a proposição significa que este<br />

ou aquele homem, seja ele qual for, é animal<br />

(Op., ed. F.rdmann, p. 70). Desse modo, nesse<br />

aspecto Leibniz reproduzia substancialmente<br />

a doutrina nominalista da suposição do U.<br />

(OCKHAM, Summu log., I, 70). Está claro que LI.,<br />

nesse sentido, não é senão outro nome para<br />

conceito, signo ou significado: por isso, os problemas<br />

a ele relacionados <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados<br />

sob esses verbetes.<br />

Por outro lado, o status ontológico cio II.<br />

dava ensejo à chamada disputa sobre os U.,<br />

que ocupou boa parte da <strong>filosofia</strong> medieval e<br />

<strong>de</strong> algum modo continuou e continua na <strong>filosofia</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna (v. LIMVKRSAIS, DISPUTA DOS). Como<br />

dissemos, o U. no significado ontológico é a<br />

forma ou a substância das coisas: conceito que<br />

não é somente aristotélico e medieval. Locke<br />

também observada que o fundamento da universalida<strong>de</strong><br />

das proposições só po<strong>de</strong> ser a<br />

substância, com o nexo necessário que ela implica<br />

entre suas <strong>de</strong>terminações, e que on<strong>de</strong><br />

falta o conhecimento da substância a universalida<strong>de</strong><br />

não é rigorosa (Ensaio, IV, 6, 7). Analogamente,<br />

Kant observava que a universalida<strong>de</strong><br />

empírica nunca é rigorosa ou verda<strong>de</strong>ira, e que<br />

a universalida<strong>de</strong> autêntica precisa estar fundada<br />

nas formas a priori do conhecimento, ou<br />

seja, nas formas que constituem as coisas como<br />

fenômenos (Crít. R. Pura, Intr., II ). Hegel. por<br />

sua vez. insistia na unida<strong>de</strong> do LI. e do particular,<br />

que é o V. concreto, Idéia ou Conceito Real.<br />

Portanto, ao ('. abstrato, que é contraposto ao<br />

particular e ao indivíduo, ele contrapunha o II.<br />

concreto, que é a essência ou a natureza positiva<br />

do particular ( Wissenschaft <strong>de</strong>r Logik, II,<br />

livro III, seç. I. cap. I, A; trad. it., III, pp. 42 ss.),<br />

e consi<strong>de</strong>rava ser tarefa da <strong>filosofia</strong> conhecer o<br />

LI. concreto: "É tarefa da <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong>monstrar.<br />

contra o intelecto, que o verda<strong>de</strong>iro, a Idéia, não<br />

consiste em generalida<strong>de</strong>s vazias, mas em<br />

uni II. que, em si mesmo, é o particular, o <strong>de</strong>terminado"<br />

(Geschíchte <strong>de</strong>r Phílosophie, ed.<br />

Glockner, I, p. 58). No mesmo sentido, Croce<br />

escrevia: "Se o conceito é LI. transcen<strong>de</strong>nte em<br />

relação à representação singular, tomada na sua<br />

singularida<strong>de</strong> abstrata, por outro lado é imanente<br />

em todas as representações, portanto também<br />

na singular", i<strong>de</strong>ntificando assim conceito<br />

com razão ou idéia (Lógica, 1920, p. 28). A "concníçào<br />

cio II." <strong>de</strong> que falam os escritores i<strong>de</strong>alistas<br />

nada mais é que o status ontológico atribuído<br />

ao II. pela metafísica tradicional.<br />

Ao LI. ontológico ligam-se também alguns<br />

outros usos do termo universal. Assim, "história<br />

Vi." é a história que tem por objeto a forma<br />

ou a or<strong>de</strong>m global do mundo humano (v. HIS-<br />

TÓRIA). A "gravitaçào U." é uma força ou um<br />

princípio que rege a totalida<strong>de</strong> do mundo, e<br />

asfíim por diante. Nestes usos do termo o seu<br />

significado objetivo está unido ao seu alcance<br />

ontológico.<br />

2" No segundo significa, U. é o que é ou<br />

<strong>de</strong>ve ser válido para todos. O conceito <strong>de</strong> U.<br />

nesse sentido nasceu no domínio da análise<br />

dos sentimentos, especialmente dos sentimentos<br />

estéticos (v. Gos'i'o). Já Hume se propunha<br />

procurar uma regra do gosto, "por meio da<br />

qual possam ser harmonizados os vários sentimentos<br />

dos homens" (físsays, I, pp. 268 ss.),<br />

m;is foi Kant que, além <strong>de</strong> usar esse tipo <strong>de</strong><br />

universalida<strong>de</strong> no domínio da estética, esten<strong>de</strong>u-o<br />

para o domínio moral e elucidou suas<br />

características específicas, <strong>de</strong>finindo-o como<br />

valida<strong>de</strong> comum ou universalida<strong>de</strong> subjetiva.<br />

No que diz respeito à esfera estética, Kant via<br />

no juízo <strong>de</strong> gosto simplesmente "a necessida<strong>de</strong><br />

objetiva <strong>de</strong> concordância do sentimento <strong>de</strong> cada<br />

uni com o nosso próprio sentimento", e nesse<br />

sentido <strong>de</strong>finia o belo como "um prazer necessário",<br />

no sentido <strong>de</strong> ser um prazer que todos<br />

<strong>de</strong>vem sentir do mesmo modo (Crít. do Juízo,<br />

§ 22.). No domínio da ética, Kant afirmava que<br />

unia lei só é prática se for "válida para a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> todos os seres racionais" (Crít. R. Prática,<br />

§ 1), e consi<strong>de</strong>rava a universalida<strong>de</strong> subjetiva<br />

(possibilida<strong>de</strong> cie uma máxima valer como<br />

lei para todos os seres racionais) o critério para<br />

julgar se uma máxima é ou não uma lei moral<br />

(Crundlegung <strong>de</strong>r Metaphysik <strong>de</strong>r Sitten, II).<br />

Mas ele também evi<strong>de</strong>nciava a diferença entre<br />

essa universalida<strong>de</strong> subjetiva e a universalida-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!