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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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NOME 714 NOME<br />

guas. Segundo S. Tomás <strong>de</strong> Aquino, "o <strong>de</strong>sejo<br />

do bem chama-se vonta<strong>de</strong>, porquanto é o<br />

nome do ato <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, mas a fuga ao mal<br />

chama-se noluntas. Por isso, assim como a<br />

vonta<strong>de</strong> é do bem, a noluntasé do mal" (S. Th.,<br />

II, 1, q. 8. a. 1). No mesmo sentido, esse termo<br />

recorre em Wolff (Phil. practica, I, § 38). Está<br />

claro que neste sentido a N. é vonta<strong>de</strong> positiva,<br />

assim como a chamada vonta<strong>de</strong>. Outros<br />

autores, ao contrário, a enten<strong>de</strong>ram no sentido<br />

<strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> inibida ou ausência <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong><br />

(RENOUVIF.R e PRAT, Monadologie, p. 231). Este<br />

segundo sentido é <strong>de</strong>cididamente impróprio.<br />

NOME (gr. õvo|ia; lat. Nomen; in. Name, fr.<br />

Nom; ai. Name, it. Nome). A palavra ou o símbolo<br />

que indica um objeto qualquer. Os problemas<br />

a que o N. dá origem como palavra ou<br />

símbolo (p. ex., o <strong>de</strong> origem ou <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>)<br />

encontram-se no verbete linguagem (v.). Aqui<br />

cabe apenas lembrar as <strong>de</strong>terminações específicas<br />

que os lógicos emprestaram ao conceito<br />

<strong>de</strong> N. Quando Platão <strong>de</strong>fine o N. como "instrumento<br />

apto a ensinar e fazer discernir a essência,<br />

do mesmo modo como a lança<strong>de</strong>ira está<br />

apta a tecer a tela" (Crat., 388 b), sua <strong>de</strong>finição<br />

adapta-se a qualquer termo ou expressão lingüística.<br />

Aristóteles, ao contrário, foi o primeiro<br />

a analisar especificamente o N.: "O N. é um<br />

som vocal significativo por convenção, que<br />

prescin<strong>de</strong> do tempo e cujas partes não são significativas<br />

se tomadas separadamente" (De int.,<br />

2, 16 a 19). Por "prescindir do tempo", o N. distingue-se<br />

do verbo, que sempre tem <strong>de</strong>terminação<br />

temporal. Por não ter partes significativas<br />

por si mesmas, o N. distingue-se do discurso.<br />

E como Aristóteles observe que a expressão<br />

infinita "não homem" não é um N.. os<br />

lógicos posteriores acrescentaram à sua <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> N. a caracterização "finita" e também<br />

"reta", para excluir os casos oblíquos do N.,<br />

que interessam ao gramático, e não ao lógico<br />

(PEDRO HISPANO, Summ. log., 1.04). O próprio<br />

Aristóteles advertia (De int., 2, 16 a 23) que o<br />

N. nem sempre é simples, e nesse sentido sua<br />

<strong>de</strong>finição era modificada do seguinte modo por<br />

Jungius, no séc. XVII: "Por N. enten<strong>de</strong>-se um<br />

símbolo ou signo, instituído para <strong>de</strong>terminada<br />

coisa e para a noção que representa a coisa,<br />

quer se trate <strong>de</strong> um N. gramaticalmente único,<br />

quer se trate <strong>de</strong> um N. composto por mais vocábulos<br />

(Log. hamburgensis, 1638, IV, 2, 10).<br />

Na lógica contemporânea, a função do N.<br />

foi analisada principalmente em função daquilo<br />

que Carnap chamou <strong>de</strong> "antinomia relaçào-N.".<br />

Esta antinomia fora vislumbrada por Frege<br />

("Über Sinn und Be<strong>de</strong>utung", 1892, em Aritmética<br />

e lógica, ed. Geymonat, pp. 215-52), mas<br />

foi formulada como tal por Russell ("On<br />

Denoting", 1905, agora em Logic and Knowledge,<br />

pp. 41-56). Resulta do fato <strong>de</strong> que dois<br />

N. sinônimos (que têm o mesmo significado)<br />

<strong>de</strong>vem po<strong>de</strong>r ser substituídos um pelo<br />

outro sem que mu<strong>de</strong> o significado e o valor <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> contexto. Ora, "Sir Walter Scott" e<br />

"autor <strong>de</strong> Waverley são nomes sinônimos, portanto<br />

substituíveis. Contudo, se na frase "Jorge<br />

IV perguntou uma vez se Scott era o autor <strong>de</strong><br />

Waverley' substituirmos "autor <strong>de</strong> Waverlef<br />

pelo N. sinônimo "Scott", a frase resultante será<br />

falsa, pois ficará: "Jorge IV perguntou uma vez<br />

se Scott era Scott."<br />

Essa antinomia recebeu duas soluções principais<br />

na lógica contemporânea: a primeira<br />

consiste essencialmente em reduzir a <strong>de</strong>notaçâo<br />

a uma <strong>de</strong>scrição em termos direta ou indiretamente<br />

redutíveis a experiências elementares.<br />

Esta solução foi proposta por Russell (que<br />

a expôs no ensaio citado e <strong>de</strong>pois no primeiro<br />

vol. <strong>de</strong> Principia mathematíca, 1910). Segundo<br />

Russell, a frase "Jorge IV, etc." po<strong>de</strong> significar:<br />

a) "Jorge IV queria saber se um homem e só<br />

um homem escreveu Waverley e se Scott era<br />

esse homem", ou b) "Um homem e só um homem<br />

escreveu Waverley e Jorge IV queria saber<br />

se Scott era esse homem". E Russell diz:<br />

neste segundo caso "o autor <strong>de</strong> Waverley ocorre<br />

<strong>de</strong> modo primário (primary oceurrence),<br />

porque supõe que Jorge IV tem algum conhecimento<br />

direto <strong>de</strong> Scott. Na primeira, ao<br />

contrário, a frase ocorre <strong>de</strong> modo secundário,<br />

no sentido <strong>de</strong> que não supõe um conhecimento<br />

direto <strong>de</strong> Scott" ("On Denoting", op. cit., p.<br />

72). Essa teoria, além <strong>de</strong> pressupor a diferença<br />

entre conhecimento direto e conhecimento indireto,<br />

eqüivale a reduzir os- N. próprios a<br />

N. comuns e os N. comuns a N. próprios, que<br />

<strong>de</strong>notam elementos extraídos da experiência<br />

direta. Teorias semelhantes a estas foram apresentadas<br />

por Quine (Methods of Logic, 1950,<br />

§ 33; From a LogícalPoínt ofVieiv, 1953, cap. 1)<br />

e por outros.<br />

A segunda solução da antinomia relaçào-N.<br />

é proposta pelo próprio Frege. Consiste em<br />

distinguir o significado (Be<strong>de</strong>utung, Meaning),<br />

como <strong>de</strong>notação, do sentido (Sinn, Sense). A<br />

<strong>de</strong>notação é a referência do N. ao objeto: "Sir<br />

Walter Scott" e "autor <strong>de</strong> Waverley têm a mesma<br />

<strong>de</strong>notação porque se referem ao mesmo

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