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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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CARIDADE 118 CASAMENTO<br />

todas as outras se reduzem, isto é, as quatro<br />

acima referidas (S. Th., II, 1, q. 51) (v. VIRTUDE).<br />

CARIDADE (gr. àyá7cr|; lat. Caritas; in.<br />

Charity, fr. Charité, ai. Náchstenliehe, it. C«ritã).<br />

É a virtu<strong>de</strong> cristã fundamental porque<br />

consiste na realização do preceito cristão fundamental:<br />

"Ama o próximo como a ti mesmo".<br />

S. Paulo foi quem mais insistiu na superiorida<strong>de</strong><br />

da C. em relação às outras virtu<strong>de</strong>s cristãs,<br />

quais sejam a fé e a esperança. "A C. tudo<br />

suporta, em tudo tem fé, tudo sustenta... Agora<br />

existem a fé, a esperança e a C, essas três<br />

coisas; mas a C. é a maior <strong>de</strong> todas" (Cor, I,<br />

13, 7, 13). Para S. Paulo, a C. é, substancialmente,<br />

o vínculo que mantém ligados os<br />

membros da comunida<strong>de</strong> cristã e faz <strong>de</strong>ssa<br />

comunida<strong>de</strong> o próprio "corpo <strong>de</strong> Cristo". Em<br />

seguida, a <strong>filosofia</strong> cristã viu na C. sobretudo a<br />

ligação entre o homem e Deus. S. Tomás <strong>de</strong>fine<br />

a C. como "a amiza<strong>de</strong> com Deus" e diz:<br />

"Essa socieda<strong>de</strong> do homem com Deus, que é<br />

quase uma conversa familiar com Ele, começa<br />

na vida presente por meio da graça e se<br />

aperfeiçoa no futuro por meio da glória; uma<br />

e outra são mantidas pela fé e pela esperança"<br />

(S. Th., II, 1, q. 65, a. 5). Sobre o conceito do<br />

amor cristão, v. AMOR. Na linguagem comum,<br />

essa palavra às vezes é empregada no lugar <strong>de</strong><br />

beneficência, isto é, para indicar a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

quem quer o bem do outro e se comporta generosamente<br />

para com ele. Mas a linguagem<br />

comum também conhece e usa o significado<br />

correto <strong>de</strong>sse termo, ao dizer, p. ex., que "É<br />

preciso um pouco <strong>de</strong> C." a quem julga com <strong>de</strong>masiada<br />

severida<strong>de</strong> o seu próximo: nesse caso,<br />

obviamente, C. significa amor ou compreensão<br />

(v. AMOR).<br />

CARNE (gr. oápÇ; lat. Caro; in. Flesh; fr.<br />

Chair, ai. Fleisch; it. Carne). Na terminologia<br />

do Novo Testamento, especialmente em S. Paulo,<br />

é algo diferente do corpo. A C. ou carnalida<strong>de</strong><br />

é a aversão ou a resistência à lei <strong>de</strong><br />

Deus, e por isso o pecado ou a orientação para<br />

o pecado (p. ex., S. PAULO, Ad Rom., VII, 14;<br />

VIII, 3, 8, etc. Cf. BULTMANN, Theologie <strong>de</strong>s N. T,<br />

1948, p. 223). O mesmo sentido conservou-se<br />

na linguagem comum e na pregação moralista.<br />

Esse termo foi usado em sentido diferente por<br />

Merleau-Ponty (Le visible et Vinvisible, 1964), ao<br />

falar da "C. do mundo" como da substância<br />

viva comum ao corpo do homem e às coisas<br />

do mundo, que constitui, ao mesmo tempo, o<br />

objeto e o sujeito das experiências humanas.<br />

CARTESIANISMO. Conjunto dos fundamentos<br />

tradicionalmente consi<strong>de</strong>rados como<br />

típicos da doutrina <strong>de</strong> Descartes e aos quais se<br />

faz habitualmente referência tanto no sentido<br />

<strong>de</strong> aceitar quanto <strong>de</strong> refutar. Po<strong>de</strong>m ser resumidos<br />

do seguinte modo: 1 Q caráter originário do<br />

cogito como auto-evidência do sujeito pensante<br />

e princípio <strong>de</strong> todas as outras evidências; 2°<br />

presença das idéias no pensamento, como únicos<br />

objetos passíveis <strong>de</strong> conhecimento imediato;<br />

3 Q caráter universal e absoluto da razão que,<br />

partindo do cogito e valendo-se das idéias,<br />

po<strong>de</strong> chegar a <strong>de</strong>scobrir todas as verda<strong>de</strong>s possíveis;<br />

4 L> função subordinada, em relação à razão,<br />

da experiência (isto é, da observação e do<br />

experimento), que só é útil para <strong>de</strong>cidir nos casos<br />

em que a razão apresenta alternativas equivalentes;<br />

5 a dualismo <strong>de</strong> substância pensante e<br />

substância extensa, pelo qual cada uma <strong>de</strong>las<br />

se comporta segundo lei própria: a liberda<strong>de</strong><br />

é a lei da substância espiritual; o mecanismo é<br />

a lei da substância extensa.<br />

Em sentido estrito, o C. teve representantes<br />

na Holanda (Henrique Régio, 1598-1679; Pierre<br />

Daniel Huèt, 1630-1721; Gilberto Voêtius, 1589-<br />

1676), entre os Padres do- Oratório e os Jansenistas<br />

(Antoine Arnauld, 1612-94; Pierre Nicole,<br />

1625-95), através dos quais <strong>de</strong>u origem à<br />

lógica <strong>de</strong> Port-Royal, e entre os ocasionalistas<br />

(Arnold Geulingx, 1624-69; N. Malebranche,<br />

1638-1715) (v. OCASIONALISMO; ESCOLÁSTICA). Em<br />

sentido mais lato, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas<br />

como <strong>de</strong>senvolvimentos do C. da doutrinas <strong>de</strong><br />

Spinoza, <strong>de</strong> Leibniz e mesmo <strong>de</strong> Locke, que<br />

<strong>de</strong>le extraíram um ou outro fundamento. Na <strong>filosofia</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna e contemporânea, permaneceram<br />

como características do C. sobretudo o l s ,<br />

o 2- e o 4 Q fundamentos.<br />

CASAMENTO (gr. yá(J.oç; lat. Matrimonium;<br />

in. Marriage, fr. Mariage, ai. Ehe, it. Matrimônio).<br />

Qualquer projeto <strong>de</strong> vida em comum<br />

entre pessoas <strong>de</strong> sexos diferentes. Esta é<br />

a <strong>de</strong>finição generalizada, que leva em contra a<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas assumidas pelo C. em grupos<br />

sociais diferentes, bem como os diversos<br />

conceitos existentes sobre o assunto. Os conceitos<br />

existentes po<strong>de</strong>m ser agrupados do seguinte<br />

modo:<br />

l e ) C. como instituição natural. Foi concebido<br />

<strong>de</strong>sse modo por Platão, que viu na "socieda<strong>de</strong><br />

conjugai o princípio e a origem <strong>de</strong> todos<br />

os Estados" (Leis, IV, 721 a), e por Aristóteles,<br />

que consi<strong>de</strong>rou a família como algo "anterior e<br />

mais necessário que o Estado" (Et. nic, 8, 12,

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