22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

GRANDEZA 491 GRAU<br />

(Aspects ofthe Theory o/Syntax, 1956, I, § 4).<br />

Uma G. <strong>de</strong>sse tipo, por um lado, seria "um<br />

mo<strong>de</strong>lo explicativo, ou seja, uma teoria da intuição<br />

lingüística do falante nativo" e, por outro,<br />

mostraria que "as estruturas profundas são muito<br />

semelhantes <strong>de</strong> uma língua para outra e as<br />

regras que as manipulam e interpretam também<br />

parecem <strong>de</strong>rivar <strong>de</strong> uma classe muito<br />

restrita <strong>de</strong> operações formais concebíveis" (Ensaios<br />

lingüísticos, trad. it., III, 1969, pp. 19 e<br />

272). Essa G. seria, assim, a matriz <strong>de</strong> qualquer<br />

G. possível e também apresentaria os critérios<br />

para a escolha <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada G. na<br />

constituição <strong>de</strong> uma linguagem.<br />

GRANDEZA (gr. PÍ7E60Ç; lat. Magnitudo;<br />

in. Size, Magnitu<strong>de</strong>; fr. Gran<strong>de</strong>ur, ai. Grõsse;<br />

it. Gran<strong>de</strong>zzd). Segundo Aristóteles, quantida<strong>de</strong><br />

mensurável, distinta da multiplicida<strong>de</strong>, que<br />

é a quantida<strong>de</strong> numerãvel, e a ela correspon<strong>de</strong>nte.<br />

Aristóteles acrescenta que, enquanto<br />

a multiplicida<strong>de</strong> é potencialmente divisível<br />

em partes não contínuas, a G. é divisível em<br />

partes contínuas. Portanto, são G. o comprimento,<br />

a largura, a profundida<strong>de</strong> (Met., V,<br />

13, 1020 a 7). Kant fez da G. um princípio da<br />

Razão Pura, mais precisamente um "axioma<br />

da intuição", mas não mantém imutável esse<br />

conceito. "A percepção <strong>de</strong> um objeto como<br />

fenômeno", diz Kant, "só é possível por meio<br />

da unida<strong>de</strong> sintética da multiplicida<strong>de</strong> da intuição<br />

sensível dada, graças à qual a unida<strong>de</strong><br />

da composição da multiplicida<strong>de</strong> homogênea<br />

é pensada no conceito <strong>de</strong> uma G.; os<br />

fenômenos são todos G., aliás G. extensivas<br />

porque <strong>de</strong>vem ser representados como intuições<br />

no espaço e no tempo". Segundo Kant,<br />

dizer G. extensivas significa que "a representação<br />

das partes torna possível a representação<br />

do todo e por isso a prece<strong>de</strong>"; conceito<br />

que torna a matemática aplicável aos objetos<br />

da experiência (Crít. R. Pura, Anal. dos princ,<br />

cap. II, seç. III, 1). Tudo isso significa que a<br />

G. é uma quantida<strong>de</strong> empírica que po<strong>de</strong><br />

ser aplicada à matemática, ou seja, que é<br />

mensurável. No pensamento matemático mo<strong>de</strong>rno<br />

a relação entre a noção <strong>de</strong> G. e a <strong>de</strong><br />

mensurabilida<strong>de</strong> se mantém, mas às vezes se<br />

inverte. É o que ocorre em Russell, para quem<br />

G. é a "proprieda<strong>de</strong> que várias coisas mensuráveis<br />

po<strong>de</strong>m possuir em comum". E acrescenta:<br />

"A crença <strong>de</strong> que haja semelhante proprieda<strong>de</strong>,<br />

pertencente a cada um dos termos <strong>de</strong> dado<br />

grupo, eqüivale logicamente à crença <strong>de</strong> que<br />

haja uma relação simétrica e transitiva entre os<br />

componentes <strong>de</strong> cada par <strong>de</strong> termos <strong>de</strong>sse grupo"<br />

(Human Knowledge, IV, 6; trad. it., p. 411)<br />

(v. QUANTIDADE).<br />

GRAU (lat. Gradus; in. Degree, Gra<strong>de</strong>-, fr.<br />

Degré; ai. Grad; it. Grado). A importância <strong>de</strong>sta<br />

noção se <strong>de</strong>ve à sua relação com a noção <strong>de</strong><br />

infinitésimo e, por isso, só começa com Leibniz,<br />

que utiliza essa palavra com sentido metafísico,<br />

e não matemático ou físico. Os escolásticos,<br />

porém, usavam essa palavra ao falarem<br />

<strong>de</strong> "G. <strong>de</strong> perfeição" do universo e, portanto,<br />

da "prova dos G." da existência <strong>de</strong> Deus (v.<br />

DEUS, PROVAS DE). Bacon falava <strong>de</strong> uma "tábua<br />

dos G." (v. TÁBUA), Locke aludia aos G. das<br />

idéias simples (Ensaio, IV, 2, 11) e, em sentido<br />

mais preciso e mo<strong>de</strong>rno, Galilei observava:<br />

"Segue-se que, diminuindo sempre nessa razão<br />

a velocida<strong>de</strong> antece<strong>de</strong>nte, não haverá G. <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong><br />

tão pequeno, ou melhor, <strong>de</strong> lentidão<br />

tão gran<strong>de</strong>, no qual não se tenha constituído o<br />

mesmo móvel <strong>de</strong>pois da partida da infinita lentidão,<br />

ou seja, do repouso, etc." (Disc. <strong>de</strong>lle<br />

nuove scienze, III; Op., VIII, p. 199). Mas foi<br />

só com a lex continui, estabelecida por Leibniz,<br />

que a noção <strong>de</strong> G. passou a ser conceito<br />

fundamental da matemática, da física e da metafísica.<br />

Segundo a lei da continuida<strong>de</strong>, passa-se<br />

por G. do gran<strong>de</strong> ao pequeno, do repouso<br />

ao movimento ou vice-versa, assim<br />

como se passa por G. das percepções evi<strong>de</strong>ntes<br />

às que são pequenas <strong>de</strong>mais para serem<br />

observadas (Nouv. ess., 1703, pref.). A partir<br />

<strong>de</strong> Leibniz o G. passa a ser noção fundamental<br />

da metafísica. Definida por Wolff como "quantida<strong>de</strong><br />

das quantida<strong>de</strong>s" (Ont., § 747) e por<br />

Baumgarten nos mesmos termos (Met., § 246),<br />

Kant erigiu essa noção em "princípio da razão<br />

pura", expressando-a do seguinte modo:<br />

"Em todos os fenômenos o real, que é objeto<br />

da sensação, tem uma gran<strong>de</strong>za intensiva, ou<br />

seja, um G.". Para Kant, é nesse princípio, que<br />

serve <strong>de</strong> base às "antecipações" da percepção,<br />

que se funda o conceito <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> tanto<br />

em física quanto em matemática (Crít. R. Pura,<br />

Anal. dos princípios, seç. 3, 2 a ). Na realida<strong>de</strong>, a<br />

noção <strong>de</strong> contínuo e a <strong>de</strong> G. não são diferentes.<br />

Como observava Leibniz, a lex continui<br />

leva a consi<strong>de</strong>rar, por exemplo, o repouso<br />

como um G. do movimento e, em geral, qualquer<br />

qualida<strong>de</strong> como um G. da qualida<strong>de</strong><br />

oposta. Hegel expressou essa idéia ao falar da<br />

transformação da quantida<strong>de</strong> em qualida<strong>de</strong> ou<br />

vice-versa: "À primeira vista, a quantida<strong>de</strong> aparece<br />

como tal contrapondo-se à qualida<strong>de</strong>; mas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!