22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CATEGORIA 123 CATEGORIA<br />

como "<strong>de</strong>terminações do pensamento" e atribui<br />

a Fichte o mérito <strong>de</strong> haver afirmado a exigência<br />

da sua "<strong>de</strong>dução", isto é, da <strong>de</strong>monstração<br />

da sua necessida<strong>de</strong> {Ene, § 43). Mas na<br />

verda<strong>de</strong>, para Hegel, as <strong>de</strong>terminações do pensamento<br />

são, simultaneamente, as <strong>de</strong>terminações<br />

da realida<strong>de</strong> (pela i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, por ele<br />

formulada, entre realida<strong>de</strong> e razão) e, habitualmente,<br />

chama essas <strong>de</strong>terminações <strong>de</strong> "momentos",<br />

e não <strong>de</strong> C. A única C. que ele reconhece<br />

verda<strong>de</strong>iramente como tal é a própria<br />

realida<strong>de</strong>-pensamento, isto é, a autoconsciência,<br />

o eu ou a razão. Em Fenomenologia (I, cap.<br />

V, § 2), diz: "O eu é a única essencialida<strong>de</strong> pura<br />

do ente ou a C. simples. A C, que <strong>de</strong> outro<br />

modo tinha o significado <strong>de</strong> ser a essencialida<strong>de</strong><br />

do ente, essencialida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>terminada<br />

do ente em geral ou do ente contra a consciência,<br />

agora é essencialida<strong>de</strong> ou simples unida<strong>de</strong><br />

do ente, consi<strong>de</strong>rado apenas como realida<strong>de</strong><br />

pensante: ou seja, a C. consiste no fato <strong>de</strong> autoconsciência<br />

e ser serem a mesma coisa". Quer<br />

dizer: a C. não <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada como uma<br />

<strong>de</strong>terminação do ser em geral, mas como a<br />

consciência e, portanto, a própria realida<strong>de</strong>.<br />

Essa teoria do eu e da consciência ou do espírito<br />

como única C. permaneceu lugar-comum <strong>de</strong><br />

todas as formas <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alismo romântico. Simetricamente<br />

oposta à <strong>de</strong> Hegel é a doutrina <strong>de</strong><br />

Hei<strong>de</strong>gger, para quem a C. não é a <strong>de</strong>terminação<br />

da autoconsciência ou ao eu, mas do ser<br />

das coisas. Hei<strong>de</strong>gger faz a distinção entre os<br />

existenciais (Existentialen), que são as <strong>de</strong>terminações<br />

do ser e da realida<strong>de</strong> humana, do seraí<br />

(Dasein), e as outras C, que são "<strong>de</strong>terminações<br />

do ser dos entes não conformes ao ser-aí":<br />

isto é, <strong>de</strong>terminações do ser das coisas (Sein<br />

undZeit, § 9).<br />

Na <strong>filosofia</strong> contemporânea, encontra-se<br />

tanto a retomada da concepção clássica e da<br />

concepção kantiana da C, quanto novas generalizações<br />

sobre seu significado: l e A concepção<br />

clássica da C. como "<strong>de</strong>terminação do ser"<br />

é retomada por N. Hartmann, que consi<strong>de</strong>ra as<br />

C. como as estruturas necessárias do ser em si.<br />

Tais estruturas produzem a estratificaçào do<br />

mundo numa série <strong>de</strong> planos. Existem as C.<br />

fundamentais, que pertencem a todos os planos<br />

do ser, e que são as C. modais; há as C.<br />

bipolares (qualida<strong>de</strong>-quantida<strong>de</strong>; contínuo-<strong>de</strong>scontínuo;<br />

forma-matéria, etc.) e, em terceiro lugar,<br />

as C. do real, que <strong>de</strong>terminam os caracteres<br />

da realida<strong>de</strong> efetiva e que se divi<strong>de</strong>m em<br />

quatro grupos, correspon<strong>de</strong>ntes ao princípio<br />

do valor, ao princípio da crença, ao princípio<br />

da planificação e ao princípio da <strong>de</strong>pendência<br />

(Aufbau <strong>de</strong>r realen Welt, 1940). 2 Q A<br />

concepção kantiana <strong>de</strong> C. como condição do<br />

objeto e o encaminhamento para a concepção<br />

instrumental da C. unem-se na doutrina <strong>de</strong><br />

Husserl. Para ele, a noção <strong>de</strong> C. vincula-se à <strong>de</strong><br />

região antológica e <strong>de</strong>signa o conceito que serve<br />

para <strong>de</strong>finir uma região em geral ou o que<br />

entra na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma região particular (p.<br />

ex., "a natureza física"). Os conceitos que entram<br />

na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma região em geral — e<br />

por isso são empregados nos axiomas lógicos<br />

— são chamados por Husserl <strong>de</strong> "C. lógicas",<br />

ou "C. da região". São os conceitos <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>,<br />

qualida<strong>de</strong>, relação <strong>de</strong> coisas, relação,<br />

conjunto, número, etc. Têm afinida<strong>de</strong> com essas<br />

categorias as chamadas "C. do significado",<br />

inerentes à essência da proposição. C. lógicas e<br />

C. do significado são analíticas. Já os conceitos<br />

que entram na constituição dos axiomas regionais<br />

são chamados por Husserl <strong>de</strong> C. sintéticas.<br />

"Os conceitos fundamentais sintéticos ou C",<br />

diz Husserl, "são os conceitos regionais fundamentais<br />

(referem-se por essência a uma região<br />

<strong>de</strong>terminada e aos seus princípios sintéticos),<br />

<strong>de</strong> tal modo que há tantos grupos distintos <strong>de</strong><br />

C. quantas são as regiões" (I<strong>de</strong>en, I, § 16). Para<br />

Husserl, as C. têm sempre caráter objetivo, já<br />

que as regiões ontológicas, cujos axiomas servem<br />

para exprimir, são as formas da objetivida<strong>de</strong>:<br />

ou da objetivida<strong>de</strong> em geral ou <strong>de</strong> uma<br />

objetivida<strong>de</strong> específica. Também existem, portanto,<br />

"C. do substrato" (Ibid., § 14), que se diferenciam<br />

das prece<strong>de</strong>ntes C. "sintáticas" (isto<br />

é, <strong>de</strong>rivadas) porque se referem a substratos<br />

in<strong>de</strong>riváveis, isto é, <strong>de</strong> natureza concreta e individual:<br />

a essência material e o "este aqui", que,<br />

no fundo, é o indivíduo (Ibid., § 16). Nessa concepção<br />

husserliana <strong>de</strong> C, prevalecem os traços<br />

realistas, embora o objeto ou as regiões ontológicas<br />

<strong>de</strong> que Husserl fala ainda sejam objetos<br />

da intencionalida<strong>de</strong> da consciência. 3 Q Em<br />

algumas outras correntes da <strong>filosofia</strong> contemporânea,<br />

como p. ex. no empirismo lógico, as<br />

C. são consi<strong>de</strong>radas regras convencionais que<br />

regem o uso dos conceitos. Assim, p. ex., Ryle<br />

chama <strong>de</strong> "tipo ou categoria lógica <strong>de</strong> um conceito<br />

o conjunto <strong>de</strong> modos nos quais, por<br />

convenção, é lícito utilizar o termo respectivo"<br />

(Concept ofMind, Intr., trad. it., p. 4). Essa é,<br />

certamente, a noção menos dogmática e mais<br />

geral <strong>de</strong> C. que a <strong>filosofia</strong> propôs até hoje, mas<br />

ainda contém certo dogmatismo, pois limita as

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!