22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ÁRABE, FILOSOFIA 78 ARBÍTRIO<br />

res gregos, já traduzidas para o siríaco. Entre<br />

as obras que exerceram maior influência no<br />

pensamento árabe, além dos textos <strong>de</strong> Aristóteles,<br />

houve uma Teologia atribuída a Aristóteles,<br />

que é uma miscelânea <strong>de</strong> trechos extraídos<br />

das Ennea<strong>de</strong>sáe Plotino, e o Liber<strong>de</strong>causis,<br />

que é a tradução dos Elementos <strong>de</strong> teologia <strong>de</strong><br />

Proclo. Foram também traduzidas para o árabe<br />

as obras <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s, Ptolomeu e Galeno, os<br />

comentários aristotélicos <strong>de</strong> Alexandre <strong>de</strong><br />

Afrodisia e alguns Diálogos <strong>de</strong> Platão. Os fundamentos<br />

filosóficos que os árabes elaboraram<br />

e que, <strong>de</strong> certo modo, representam as características<br />

da sua <strong>filosofia</strong>, são os seguintes:<br />

I a A noção <strong>de</strong> Deus como o "Ser necessário",<br />

isto é, tal que não po<strong>de</strong> não existir, e do<br />

mundo como algo cuja necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>riva <strong>de</strong><br />

Deus. Uma vez produzidos por uma Causa primeira<br />

necessária, todos os eventos do mundo<br />

são, por sua vez, necessários. Os árabes admitem<br />

uma ca<strong>de</strong>ia causai ininterrupta que vai <strong>de</strong><br />

Deus, como Primeiro Motor, às Inteligências<br />

celestes e aos céus e, enfim, aos acontecimentos<br />

terrestres e ao homem. Justificam, por isso,<br />

a astrologia, explicando suas <strong>de</strong>ficiências pelo<br />

imperfeito grau <strong>de</strong> observação.<br />

2- Doutrina do intelecto agente ou ativo<br />

como substância <strong>de</strong> natureza divina, separada<br />

da alma humana; doutrina que Averróis modificou<br />

no sentido <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar separado do<br />

homem e divino também o intelecto passivo<br />

ou potencial que Al Kindi e Alfarabi consi<strong>de</strong>ravam<br />

próprio do homem. Ao homem pertence,<br />

segundo Averróis, só uma espécie <strong>de</strong> reprodução<br />

ou <strong>de</strong> imagem do verda<strong>de</strong>iro intelecto. O<br />

único intelecto divino multiplica-se nas várias<br />

almas humanas como a luz do sol se multiplica<br />

distribuindo-se nos vários objetos que ilumina.<br />

Essa doutrina, que punha em dúvida a imortalida<strong>de</strong><br />

da alma humana, na medida em que<br />

separava <strong>de</strong>la e atribuía a Deus a sua parte<br />

mais elevada e imaterial, foi chamada <strong>de</strong> doutrina<br />

da unida<strong>de</strong> do intelecto.<br />

3 e Tendência própria do aristotelismo e, em<br />

particular, <strong>de</strong> Averróis a pôr a <strong>filosofia</strong> acima<br />

da religião, atribuindo-lhe o fim da contemplação<br />

e reservando à religião o domínio da ação.<br />

Essa tendência foi interpretada pelos escolásticos<br />

latinos como a "doutrina das duas verda<strong>de</strong>s",<br />

isto é, da in<strong>de</strong>pendência entre verda<strong>de</strong> filosófica<br />

e verda<strong>de</strong> religiosa, que po<strong>de</strong>riam ser até<br />

mesmo contrastantes. Obviamente, esse ponto<br />

<strong>de</strong> vista era a negação da própria Escolástica<br />

oci<strong>de</strong>ntal, que visava justificar filosoficamente<br />

as verda<strong>de</strong>s religiosas.<br />

4 Q Com Al Gazali (séc. XI), a <strong>filosofia</strong> A.<br />

apresenta a reação do espírito religioso contra<br />

a <strong>filosofia</strong>: Al Gazali afirma, contra Alfarabi e<br />

Avicena, a liberda<strong>de</strong> da natureza divina e o<br />

caráter arbitrário da criação. À sua obra Destruição<br />

dos filósofos, Averróis respon<strong>de</strong>u com<br />

Destruição das <strong>de</strong>struições <strong>de</strong> Al Gazali.<br />

A <strong>filosofia</strong> A., além <strong>de</strong> ter importância por si<br />

mesma, ao acompanhar o auge do florescimento<br />

do império árabe no Mediterrâneo, exerceu<br />

notável influência sobre a Escolástica latina. Em<br />

primeiro lugar, forneceu a essa Escolástica boa<br />

parte <strong>de</strong> seu material, que lhe chegou através<br />

das traduções latinas das traduções árabes das<br />

traduções siríacas das obras <strong>de</strong> autores gregos.<br />

Em segundo lugar, ofereceu-lhe um constante<br />

ponto <strong>de</strong> referência polêmico, levando-a a organizar-se<br />

como <strong>filosofia</strong> da liberda<strong>de</strong> em face<br />

da <strong>filosofia</strong> da necessida<strong>de</strong> do mundo muçulmano.<br />

O próprio aristotelismo, na sua primeira<br />

manifestação ao mundo oci<strong>de</strong>ntal, foi i<strong>de</strong>ntificado<br />

com a sua interpretação Á.; e só por obra<br />

<strong>de</strong> Alberto Magno e <strong>de</strong> S. Tomás foi <strong>de</strong>pois<br />

adotado às exigências da Escolástica cristã (v.<br />

ESCOLÁSTICA).<br />

A-RACIONAL (gr. aÀ,dyoç; lat. Alogus; in.<br />

Arational; fr. Alogique-, ai. Alogisch; it. Arazionalé).<br />

O que é <strong>de</strong>sprovido <strong>de</strong> razão ou não<br />

se po<strong>de</strong> exprimir ou explicar racionalmente: o<br />

mesmo que irracional. Esse é o uso clássico do<br />

termo (PLATÃO, Górg., 501 a; O Banq., 202 a;<br />

Teet., 205 e; Sof., 238 c, etc; ARISTÓTELES., Et.<br />

nic, X, 2, 1.172 b 10). O termo grego (assim<br />

como o latino) serve também para <strong>de</strong>signar as<br />

gran<strong>de</strong>zas incomensuráveis que chamamos irracionais<br />

(ARISTÓTELES, An.post., I, 10, 76 b 9;<br />

EUCLIDES, EL, X, <strong>de</strong>f. 10; etc). O uso mo<strong>de</strong>rno<br />

tentou, raramente e sem êxito, distinguir A. <strong>de</strong><br />

irracional.<br />

ARBÍTRIO (lat. Arbitriuni; in. Free will; fr.<br />

Arbitre, ai. Willkur, it. Arbítrio). O princípio da<br />

ação nos animais e no homem. A. é, por isso,<br />

termo mais geral do que vonta<strong>de</strong> (v.), que só<br />

po<strong>de</strong> ser atribuída ao homem. Diz Kant "É A.<br />

simplesmente animal {arbitriuni bruturrí) o que<br />

só po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminado por estímulos sensíveis,<br />

ou seja, patologicamente. Mas o que é<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> estímulos sensíveis e, portanto,<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminado por motivos que não<br />

são representados a não ser pela razão, chamase<br />

livre A. (arbitriuni liberum) e tudo o que a<br />

ele se liga como princípio ou como conseqüência<br />

é chamado prático" (Crít. R. Pura, Doutrina<br />

transcen<strong>de</strong>ntal do método; O cânone da r. pura,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!