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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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NATUREZA, FILOSOFIA DA 703 NECESSÁRIO<br />

investigação experimental nunca é realmente<br />

ciência. De fato, a N. é a priori, no sentido<br />

<strong>de</strong> que suas manifestações individuais são <strong>de</strong>terminadas<br />

<strong>de</strong> antemão por sua totalida<strong>de</strong>, ou<br />

seja, pela idéia <strong>de</strong> uma N. em geral (Werke, I.<br />

III, p. 279). Substancialmente, a tarefa da <strong>filosofia</strong><br />

da N. é mostrar que a N. se resolve no espírito<br />

(System <strong>de</strong>r transzen<strong>de</strong>ntalen l<strong>de</strong>alismus,<br />

§ 1), e esse objetivo permaneceu inalterado em<br />

todas as suas manifestações no séc. XIX; nesse<br />

sentido, foi gran<strong>de</strong> a influência <strong>de</strong> Hegel, que<br />

consi<strong>de</strong>rou a <strong>filosofia</strong> da N. como uma das três<br />

gran<strong>de</strong>s divisões da <strong>filosofia</strong>, sendo as outras<br />

duas a lógica e a <strong>filosofia</strong> do espírito. A lógica<br />

seria o sistema das <strong>de</strong>terminações puras do<br />

pensamento. A <strong>filosofia</strong> da N. e a <strong>filosofia</strong> do<br />

espírito seriam ambas uma lógica aplicada; à <strong>filosofia</strong><br />

da N. caberia a tarefa "<strong>de</strong> levar para a<br />

consciência as verda<strong>de</strong>iras formas do conceito,<br />

imanentes nas coisas naturais" (System <strong>de</strong>r<br />

PhiL, ed. Glockner, I, pp. 87-88). A <strong>filosofia</strong> da<br />

N., assim entendida, nada mais é que a manipulação<br />

arbitrária <strong>de</strong> conceitos científicos,<br />

extraídos <strong>de</strong> seus contextos, com o fim <strong>de</strong> reduzi-los<br />

a <strong>de</strong>terminações racionais ou pseudoracionais;<br />

continuou assim inclusive quando<br />

quis escapar à formulação i<strong>de</strong>alista e foi tratada<br />

do ponto <strong>de</strong> vista realista, como fez Nicolai<br />

Hartmann. A Filosofia da natureza(l9*>0), <strong>de</strong>ste<br />

último, conserva a pretensão <strong>de</strong> entrever ou<br />

reconhecer o valor "metafísico" ou ''ontológico"<br />

dos resultados da ciência. Deveria ser tarefa da<br />

<strong>filosofia</strong> da N. a análise categoria! dos conceitos<br />

científicos. Hartmann afirma que ''o pensamento<br />

matemático não po<strong>de</strong> dizer o que são<br />

extensão, duração, força e massa. Neste ponto,<br />

insere-se a análise categorial: é com os portadores<br />

ou substratos da quantida<strong>de</strong> que se ligam<br />

os problemas metafísicos <strong>de</strong> fundo da <strong>filosofia</strong><br />

da N." (Pbilosophie <strong>de</strong>r Natur, p. 22).<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que o último e mais restrito<br />

conceito <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> da N. foi apresentado pelos<br />

componentes do Círculo <strong>de</strong> Viena, nos<br />

primórdios do empirismo lógico. M. Schlick<br />

consi<strong>de</strong>rava a <strong>filosofia</strong> da N. como a análise do<br />

significado das proposições próprias das ciências<br />

naturais. "Desse ponto <strong>de</strong> vista" — dizia<br />

ele — "a <strong>filosofia</strong> da N. não é uma ciência,<br />

mas uma ativida<strong>de</strong> dirigida ã consi<strong>de</strong>ração do<br />

significado das leis <strong>de</strong> X." (Philosopby of Nature,<br />

trad. in., 1949, p. 3). Neste conceito há<br />

ainda alguns vestígios da <strong>filosofia</strong> como "visão<br />

do mundo" ou síntese dos resultados mais gerais<br />

das ciências particulares. A metodologia<br />

contemporânea, ao contrário, tem acentuado<br />

cada vez mais a ilegitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extrair as proposições<br />

científicas <strong>de</strong> seus contextos e <strong>de</strong><br />

encontrar nelas significados que vão muito<br />

além do que o próprio contexto autoriza. Com<br />

essa limitação metodológica, a tarefa da <strong>filosofia</strong><br />

da N. é cortada pela raiz. E tudo aquilo que<br />

ela legitimamente compreendia, que eram os<br />

problemas concernentes à linguagem científica<br />

em geral e às linguagens das ciências individuais,<br />

as relações entre as ciências, o estudo<br />

comparativo <strong>de</strong> seus métodos, etc, hoje encontra<br />

lugar no seio da metodologia das<br />

ciências.<br />

NATURISMO (in. Naturism, fr. Naturisme,<br />

ai. Natiirismus; it. Naturismo). 1. Doutrina ou<br />

crença <strong>de</strong> que a natureza é o guia infalível para<br />

a saú<strong>de</strong> física e mental do homem, e <strong>de</strong> que o<br />

homem <strong>de</strong>ve "retornar" a ela em seus comportamentos<br />

e costumes, afastando-se das criações<br />

artificiais e da socieda<strong>de</strong>. Essa doutrina fundamenta<br />

muitas práticas e crenças populares<br />

do mundo contemporâneo, após ter sido<br />

doutrina filosófica no séc. XVIII (v. NATURE-<br />

ZA, ESTADO DH).<br />

2. Menos propriamente: culto religioso da<br />

natureza.<br />

NÁUSEA (in. Náusea; fr. Nausée, ai. Ekel; it.<br />

Náusea).Experiência emocional <strong>de</strong> gratuida<strong>de</strong><br />

da existência, ou seja. da perfeita equivalência<br />

das possibilida<strong>de</strong>s existenciais. Essa noção foi<br />

introduzida na <strong>filosofia</strong> por Sartre e por ele<br />

ilustrada principalmente no romance intitulado<br />

La nausée.<br />

NAVALHA DE OCKHAM. V. ECONOMIA.<br />

NECESSÁRIO (gr. àvaymíoç; kit. Necessárias;<br />

in. Necessary, fr. Nécessaire, ai. Notwendig,<br />

it. Necessário). O que não po<strong>de</strong> não ser; ou o<br />

que não po<strong>de</strong> ser. Esta é a <strong>de</strong>finição nominal<br />

tradicional que constitui uma das noções mais<br />

uniforme e firmemente estabelecidas na tradição<br />

filosófica. Segundo essa <strong>de</strong>finição, "o que<br />

não po<strong>de</strong> ser" é o impossível, que é o contrário<br />

oposto <strong>de</strong> N., sendo também N.. assim como o<br />

preto, que é a cor oposta do branco, também é<br />

cor. O contraditório do N., o não-N., é a outra<br />

modalida<strong>de</strong> fundamental, opossweKv.). As discussões<br />

lógicas contemporâneas sobre o N.,<br />

quando não eqüivalem à negação expressa ou<br />

implícita <strong>de</strong>ssa noção, nada mais são que a<br />

reapresentação <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>finição em termos <strong>de</strong><br />

convencionalismo mo<strong>de</strong>rno.<br />

O primeiro a fazer uma análise exaustiva <strong>de</strong><br />

"N." foi Aristóteles. Ele distinguiu: a) o N. como

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