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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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EXPLICAÇÃO 2<br />

do ponto <strong>de</strong> vista operacional, <strong>de</strong>scobrir correlações<br />

familiares entre os fenômenos <strong>de</strong> que a<br />

situação se compõe" (The Logic of Mo<strong>de</strong>m<br />

Pbysics, 1927, cap. II; trad. it., p. 50). Em sentido<br />

análogo, R. B. Braithwaite disse: "Quando<br />

se pergunta a causa <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado evento, o<br />

que se quer é a especificação do evento prece<strong>de</strong>nte<br />

ou simultâneo que, conjugado a alguns<br />

fatores causais que têm natureza <strong>de</strong> condições<br />

permanentes, seja suficiente para <strong>de</strong>terminar a<br />

ocorrência do evento a ser explicado, <strong>de</strong> acordo<br />

com uma lei causai, num dos significados<br />

habituais <strong>de</strong> lei causai" (Scíentific Explanation,<br />

1953, P- 320). Como, por leis causais, Braithwaite<br />

enten<strong>de</strong> as generalizações empíricas que<br />

afirmam concomitâncias <strong>de</strong> sucessão ou simultaneida<strong>de</strong><br />

(Jbid,, cap. IX), uma E. que "esteja<br />

<strong>de</strong> acordo com uma lei causai" é uma E. que<br />

faz referência a uma uniformida<strong>de</strong> empiricamente<br />

constatada. Esse ponto <strong>de</strong> vista é repetido<br />

<strong>de</strong> várias formas na <strong>filosofia</strong> contemporânea,<br />

ainda que nem sempre nitidamente<br />

separado do prece<strong>de</strong>nte.<br />

B) As técnicas explicativas causais, tanto a<br />

fundada na <strong>de</strong>dução quanto a fundada na conexão<br />

uniforme, preten<strong>de</strong>m conferir à E. causai<br />

um caráter infalível e global que correspon<strong>de</strong><br />

ao caráter <strong>de</strong> previsão certa atribuído ao nexo<br />

causai. A técnica explicativa que po<strong>de</strong> ser chamada<br />

<strong>de</strong> condicional elimina do esquema<br />

explicativo justamente essas características. Os<br />

primórdios <strong>de</strong>sse conceito po<strong>de</strong>m ser encontrados<br />

na doutrina <strong>de</strong> Kant, que também empregou<br />

em sentido próprio o conceito <strong>de</strong> condição<br />

(v.). Kant contrapõe a E. científica dos<br />

fenômenos à "hipótese transcen<strong>de</strong>ntal" da metafísica.<br />

Diz: "Para a E. dos fenômenos dados,<br />

não po<strong>de</strong>m aduzir coisas e princípios que não<br />

se relacionem com os fenômenos dados, segundo<br />

as já conhecidas leis dos fenômenos.<br />

Uma hipótese transcen<strong>de</strong>ntal em que, para a E.<br />

das coisas naturais, se empregasse uma simples<br />

idéia da razão não seria absolutamente uma E.,<br />

porque aquilo que não é suficientemente entendido<br />

com princípios empíricos seria explicado<br />

com algo <strong>de</strong> que não se enten<strong>de</strong> coisa alguma"<br />

(Crít. R. Pura, Doutr. do método, cap. I,<br />

seç. 3). Mas foi sobretudo no campo da metodologia<br />

histórica que esse tipo <strong>de</strong> E. foi<br />

elaborado; quem o introduziu <strong>de</strong> modo explícito<br />

foi Max Weber: "A consi<strong>de</strong>ração do significado<br />

causai <strong>de</strong> um fato histórico começará, antes<br />

<strong>de</strong> mais nada, com a seguinte questão: excluindo<br />

esse fato do conjunto <strong>de</strong> fatores assumidos<br />

417 EXPLICAÇÃO 2<br />

como condicionantes, ou mudando-o em <strong>de</strong>terminado<br />

sentido, o curso dos acontecimentos,<br />

tomando como base as regras gerais da experiência,<br />

po<strong>de</strong>ria ter tomado uma direção <strong>de</strong> algum<br />

modo diferente, nos pontos <strong>de</strong>cisivos para<br />

o nosso interesse?" Se pu<strong>de</strong>rmos respon<strong>de</strong>r afirmativamente,<br />

o fato em questão <strong>de</strong>verá ser consi<strong>de</strong>rado<br />

um dos fatores condicionantes do processo<br />

histórico; se a resposta for negativa, <strong>de</strong>verá<br />

ser excluído <strong>de</strong> tais fatores (Kritische Studien<br />

auf <strong>de</strong>m Gebiet <strong>de</strong>r kulturwissenschaftlichen<br />

Logik, 1906, II; trad. it., em //método<strong>de</strong>llescienze<br />

storico-sociali, p. 223). A mo<strong>de</strong>rna metodologia<br />

da história é unânime em abandonar os esquemas<br />

<strong>de</strong> E. causai e em aceitar um esquema<br />

condicional que se configura <strong>de</strong> maneiras diferentes,<br />

segundo o metodologista. Quando, na<br />

doutrina <strong>de</strong> S. Mill sobre a natureza da E., K.<br />

Popper observa que "Mill e seus companheiros<br />

historicistas não consi<strong>de</strong>ram que as tendências<br />

gerais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das condições iniciais<br />

e tratam tais tendências como se fossem<br />

leis absolutas", ao passo que a explicação <strong>de</strong>ve<br />

dar conta, se possível, das "condições nas quais<br />

elas persistem" (ThePoverty ofHistoricism, 1944,<br />

§ 28), está procurando transformar o esquema<br />

causai em um esquema condicional. Mas talvez<br />

a melhor formulação do esquema condicional,<br />

no que se refere ao seu possível uso nas<br />

disciplinas históricas, seja a <strong>de</strong> W. Dray. "Em<br />

alguns contextos, a exigência <strong>de</strong> E. estará suficientemente<br />

satisfeita se mostrarmos que o<br />

ocorrido foi possível, não havendo necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> mostrar, além disso, que era necessário.<br />

Embora explicar uma coisa, como diz o professor<br />

Toulmin, significa muitas vezes 'mostrar<br />

que ela podia ser esperada' [The Place ofReason<br />

in Ethics, 1950, p. 96], o critério apropriado<br />

para um importante domínio <strong>de</strong> casos é mais<br />

amplo do que este; para explicar uma coisa às<br />

vezes basta mostrar que ela não <strong>de</strong>via causar<br />

surpresa" (Laws and Explanation in History,<br />

1957, p. 157). Dray contrapõe esse esquema<br />

explicativo, que ele chama <strong>de</strong> como-possivelmente<br />

(hotv-possibly) ao causai, do por quenecessariamente<br />

(why-necessarily), porquanto<br />

os dois esquemas são logicamente diferentes<br />

e respon<strong>de</strong>m a duas espécies diferentes <strong>de</strong> perguntas,<br />

<strong>de</strong> sorte que, "no caso da explicação<br />

como-possivelmente, exigir um conjunto <strong>de</strong><br />

condições suficientes seria mudar a questão"<br />

(Ibid., p. 169). Esse ponto <strong>de</strong> vista, apesar <strong>de</strong><br />

elaborado para as disciplinas históricas, está<br />

igualmente apto a enten<strong>de</strong>r a natureza da E.

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