22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

HUMANISMO 519 HUMILDADE<br />

mundo, que é o da natureza e da história. Nesse<br />

sentido, costuma-se dizer que o H. se inicia com<br />

a obra <strong>de</strong> Francesco Petrarca (1304-74). Os principais<br />

humanistas italianos são: Coluccio Salutati<br />

(1331-1406), Leonardo Bruni (1374-1444), Lorenzo<br />

Valia (1407-57), Giannozzo Manetti (1396-<br />

1459), Leonbattista Alberti (1404-72), Mario<br />

Nizolio (1498-1576). Entre os humanistas franceses:<br />

Charles <strong>de</strong> Bouelles (1470 ou 75-1553),<br />

Petrus Ramus (1515-72), Michel E. <strong>de</strong> Montaigne<br />

(1533-92), Pierre Charron (1541-1603), Francisco<br />

Sanchez (1562-1632), Justo Lipsio (1547-<br />

1606). Entre os espanhóis, lembramos Ludovico<br />

Vives (1492-1540) e, entre os alemães, Rodolfo<br />

Agrícola (1442-85).<br />

As bases fundamentais do H. po<strong>de</strong>m ser<br />

assim expostas:<br />

I a Reconhecimento da totalida<strong>de</strong> do homem<br />

como ser formado <strong>de</strong> alma e corpo e<br />

<strong>de</strong>stinado a viver no mundo e a dominá-lo. O<br />

curriculum <strong>de</strong> estudos medieval era elaborado<br />

para um anjo ou uma alma <strong>de</strong>sencarnada. O<br />

H. reivindica para o homem o valor do prazer<br />

(Raimondi, Filelfo, Valia); afirma a importância<br />

do estudo das leis, da medicina e da ética contra<br />

a metafísica (Salutati, Bruní, Valia); nega a<br />

superiorida<strong>de</strong> da vida contemplativa sobre a<br />

vida ativa (Valia); exalta a dignida<strong>de</strong> e a liberda<strong>de</strong><br />

do homem, reconhece seu lugar central<br />

na natureza e o seu <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> dominador <strong>de</strong>sta<br />

(Manetti, Pico <strong>de</strong>lia Mirandola, Ficino).<br />

2 a Reconhecimento da historicida<strong>de</strong> do homem,<br />

dos vínculos do homem com o seu passado,<br />

que, por um lado, servem para uni-lo a<br />

esse passado e, por outro, para distingui-lo<br />

<strong>de</strong>le. Desse ponto <strong>de</strong> vista, é parte fundamental<br />

do H. a exigência filológica, que não é<br />

apenas a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir os textos<br />

antigos e restituir-lhes a forma autêntica, estudando<br />

e colecionando os códices, mas também<br />

é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontrar neles o autêntico<br />

significado <strong>de</strong> poesia ou <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> filosófica<br />

ou religiosa que contenham. A admiração pela<br />

Antigüida<strong>de</strong> e seu estudo nunca faltaram na<br />

Ida<strong>de</strong> Média; o que caracteriza o H. é a exigência<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir a verda<strong>de</strong>ira cara da antigüida<strong>de</strong>,<br />

libertando-a dos sedimentos acumulados durante<br />

a Ida<strong>de</strong> Média.<br />

3 a Reconhecimento do valor humano das letras<br />

clássicas. É por esse aspecto que o H. tem<br />

esse nome. Já na época <strong>de</strong> Cícero e Varrão, a palavra<br />

humanítas significava a educação do homem<br />

como tal, que os gregos chamavam <strong>de</strong><br />

paídéia; eram chamadas <strong>de</strong> "boas artes" as disci-<br />

plinas que formam o homem, por serem próprias<br />

do homem e o diferenciarem dos outros<br />

animais (AULO GÉLIO, Noct. Att., XIII, 17). As<br />

boas artes, que ainda hoje são <strong>de</strong>nominadas disciplinas<br />

humanísticas, não tinham para o H. valor<br />

<strong>de</strong> fim, mas <strong>de</strong> meio, para a "formação <strong>de</strong><br />

uma consciência realmente humana, aberta<br />

em todas as direções, por meio da consciência<br />

histórico-crítica da tradição cultural" (GARIN,<br />

/ 'educazione umanistica in Itália, p. 7) (v. CUL-<br />

TURA).<br />

4- Reconhecimento da naturalida<strong>de</strong> do homem,<br />

do fato <strong>de</strong> o homem ser um ser natural,<br />

para o qual o conhecimento da natureza não<br />

é uma distração imperdoável ou um pecado,<br />

mas um elemento indispensável <strong>de</strong> vida<br />

e <strong>de</strong> sucesso. O reflorescimento do aristotelísmo,<br />

da magia e das especulações naturalistas<br />

(graças a Telésio, G. Bruno e Campanella)<br />

constituem o prelúdio da ciência mo<strong>de</strong>rna.<br />

II) O segundo significado <strong>de</strong>ssa palavra nem<br />

sempre tem estreitas conexões com o primeiro.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que, com esse sentido, o H. é<br />

toda <strong>filosofia</strong> que tome o homem como "medida<br />

das coisas", segundo antigas palavras <strong>de</strong><br />

Protágoras. Exatamente nesse sentido, e com<br />

referência à frase <strong>de</strong> Protãgoras, F. C. S. Schiller<br />

<strong>de</strong>u o nome <strong>de</strong> H. ao seu pragmatismo (Studies<br />

in Humanism, 1902). Foi com o mesmo sentido<br />

que Hei<strong>de</strong>gger enten<strong>de</strong>u o H., mas para<br />

rejeitá-lo; viu nele a tendência filosófica a tomar<br />

o homem como medida do ser, e a subordinar<br />

o ser ao homem, em vez <strong>de</strong> subordinar,<br />

como <strong>de</strong>veria, o homem ao ser, e a ver no homem<br />

apenas "o pastor do ser" (Holzivege, 1950,<br />

pp. 101-02). Referindo-se a um sentido análogo,<br />

Sartre aceitou a qualificação <strong>de</strong> H. para o seu<br />

existencialismo (Lexistencíalisme est un humanísme,<br />

1949).<br />

Em sentido mais geral, po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r<br />

por H. qualquer tendência filosófica que leve<br />

em consi<strong>de</strong>ração as possibilida<strong>de</strong>s e, portanto,<br />

as limitações do homem, e que, com base nisso,<br />

redimensione os problemas filosóficos.<br />

HUMANITARISMO (in. Humanitarianism;<br />

fr. Humanítarisme, ai. Humanitát; it. Umanitarismo).<br />

V. FILANTROPIA.<br />

HUMILDADE (gr. Tcurewcxppoaúvr]; lat. Humilitas-,<br />

in. Humility, fr. Humilité, ai. Demut; it.<br />

Umiltã). Atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> abjeção voluntária, típica da<br />

religiosida<strong>de</strong> medieval, sugerida pela crença na<br />

natureza miserável e pecaminosa do homem.<br />

Neste sentido, a H. é ilustrada e exaltada por<br />

Bernard <strong>de</strong> Clairvaux: "A H. é a virtu<strong>de</strong> graças à

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!