22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ÉTICA 387 ETIOLOGIA<br />

imediatas sobre as quais, portanto, nada há a<br />

dizer; só em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um procedimento crítico<br />

e reflexivo é que po<strong>de</strong>m ser preferidos ou<br />

preteridos (Theory ofValuation, 1939, p 13).<br />

Mas eles são fugazes e precários, negativos e<br />

positivos, além <strong>de</strong> infinitamente diferentes em<br />

suas qualida<strong>de</strong>s. Daí a importância da <strong>filosofia</strong>,<br />

que, como "crítica das críticas", em primeiro lugar<br />

tem o objetivo <strong>de</strong> interpretar acontecimentos<br />

para <strong>de</strong>les fazer instrumentos e meios da<br />

realização dos valores, e em segundo lugar, o<br />

<strong>de</strong> renovar o significado dos valores (Experience<br />

andNature, pp. 394 ss.). Essa tarefa da <strong>filosofia</strong><br />

é condicionada pela renúncia à crença<br />

na realida<strong>de</strong> necessária e no valor absoluto.<br />

"Abandonar a busca da realida<strong>de</strong> e do valor<br />

absoluto e imutável po<strong>de</strong> parecer um sacrifício.<br />

Mas essa renúncia é a condição para o empenho<br />

numa vocação mais vital. Na busca dos valores<br />

que po<strong>de</strong>m ser garantidos e compartilhados<br />

por todos, porque vinculados aos fundamentos<br />

da vida social, a <strong>filosofia</strong> não encontrará rivais,<br />

mas coadjutores, nos homens <strong>de</strong> boa vonta<strong>de</strong>"<br />

(The Questfor Certainty, p. 295). Essas consi<strong>de</strong>rações<br />

<strong>de</strong> Dewey certamente circunscrevem o<br />

quadro em que a investigação ética contemporânea<br />

<strong>de</strong>ve mover-se, mas não lhe oferecem<br />

instrumentos eficazes. Ainda falta na É. contemporânea<br />

uma teoria geral da moral que<br />

corresponda à teoria geral do direito (v.), ou<br />

seja, uma teoria que consi<strong>de</strong>re a moral como<br />

técnica <strong>de</strong> conduta e se <strong>de</strong>dique a consi<strong>de</strong>rar<br />

as características <strong>de</strong>ssa técnica e as modalida<strong>de</strong>s<br />

com que ela se realiza em grupos sociais<br />

diferentes. Obviamente, uma teoria geral da<br />

moral não partiria <strong>de</strong> compromisso prévio com<br />

<strong>de</strong>terminada tábua <strong>de</strong> valores; seu compromisso<br />

seria simplesmente com a consi<strong>de</strong>ração da<br />

constituição das tábuas dos valores que se oferecem<br />

ao estudo histórico e sociológico da vida<br />

moral, com a <strong>de</strong>scoberta, se possível, das condições<br />

formais ou gerais <strong>de</strong> tal constituição.<br />

Mas po<strong>de</strong>ria (e <strong>de</strong>veria) utilizar amplamente a<br />

É. do séc. XVIII e, em geral, a É. da motivação,<br />

apresentando-se como a continuação <strong>de</strong>ssa<br />

concepção.<br />

A propósito das relações entre moral e direito,<br />

cabe aqui reafirmar o que se disse a propósito<br />

do direito, ou seja, que tais relações po<strong>de</strong>m<br />

configurar-se <strong>de</strong> varias maneiras, mas<br />

nunca se especificam como relações <strong>de</strong> heterogeneida<strong>de</strong><br />

ou in<strong>de</strong>pendência recíprocas. A É.<br />

como técnica <strong>de</strong> conduta à primeira vista parece<br />

mais ampla que o direito como técnica <strong>de</strong><br />

coexistência, mas se refletirmos que toda espécie<br />

ou forma <strong>de</strong> conduta é uma forma ou<br />

espécie <strong>de</strong> coexistência, ou vice-versa, logo veremos<br />

que a distinção dos dois campos é apenas<br />

circunstancial, com vistas a <strong>de</strong>limitar problemas<br />

particulares, grupos <strong>de</strong> problemas ou<br />

campos específicos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração e estudo.<br />

ÉTICAS, VIRTUDES (gr. ii0iKai; àperaí; lat.<br />

Virtutes morales; in. Ethical Virtues; fr. Vertus<br />

morales; ai. Ethísche Tugen<strong>de</strong>n-, ít. Virtú eticbé).<br />

Segundo Aristóteles, são as virtu<strong>de</strong>s que<br />

correspon<strong>de</strong>m à parte apetitiva da alma, na<br />

medida em que esta é mo<strong>de</strong>rada ou guiada<br />

pela razão (Et. nic., I, 13, 1102 b 16), e que<br />

consistem no justo meio (v. MEIO) entre dois<br />

extremos, dos quais um é vicioso por excesso,<br />

o outro por <strong>de</strong>ficiência (Ibid., II, 6, 1107 a<br />

1). As virtu<strong>de</strong>s É. são: coragem, temperança, liberalida<strong>de</strong>,<br />

magnanimida<strong>de</strong>, mansidão, franqueza<br />

e justiça; esta última é a maior <strong>de</strong> todas<br />

(Ibid., III-V); cf. os verbetes respectivos.<br />

ETICIDADE (ai. Sittlichkeit). Hegel fez uma<br />

distinção entre moralida<strong>de</strong>, que é a vonta<strong>de</strong><br />

subjetiva, individual ou pessoal, do bem, e a E.,<br />

que é a realização do bem em realida<strong>de</strong>s históricas<br />

ou institucionais, que são a família, a socieda<strong>de</strong><br />

civil e o Estado. "A E.", diz Hegel, "é o<br />

conceito <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, que se tornou mundo<br />

existente e natureza da autoconsciência" (EU.<br />

do dir., § 142). As instituições éticas têm uma<br />

realida<strong>de</strong> superior à da natureza, porque constituem<br />

uma realida<strong>de</strong> "necessária e interna"<br />

(Ibid., § 146). A mais elevada manifestação da<br />

E., o Estado, é Deus, que ingressou no mundo,<br />

um "Deus real" (Ibid., § 258, Zusatz). Essa distinção<br />

entre moralida<strong>de</strong> e E. só foi repetida<br />

entre os seguidores da escola hegeliana.<br />

ÊTICO-RELIGIOSAS, ANTINOMIAS (ai.<br />

Etisch-religiose Antinomien). Antíteses em<br />

que se expressa o conflito entre o ponto <strong>de</strong><br />

vista ético e o ponto <strong>de</strong> vista religioso. Foram<br />

enunciadas por Nicolai Hartmann do seguinte<br />

modo: l s a ética está radicada nesta existência,<br />

enquanto a religião ten<strong>de</strong> a uma existência radicada<br />

além <strong>de</strong>sta; 2 S a ética está voltada para o<br />

homem, a religião para Deus; 3 9 a ética afirma a<br />

autonomia dos valores, a religião os subordina<br />

à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus; 4 a a ética funda-se na liberda<strong>de</strong><br />

humana, a religião transfere toda iniciativa<br />

a Deus (Ethik, 1926, 3 a ed., 1949, pp.<br />

811-17).<br />

ETTOLOGIA (in. Etiology, fr. Étiologies; ai.<br />

Aetiologie, it. Etiologid). Pesquisa ou <strong>de</strong>terminação<br />

das causas <strong>de</strong> um fenômeno. Esse

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!