22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

INDIVÍDUO 556 INDUÇÃO<br />

nado ente. Desse ponto <strong>de</strong> vista, o I. não é caracterizado<br />

pela indivisibilida<strong>de</strong>, mas pela infinida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> suas <strong>de</strong>terminações. Esse conceito<br />

foi expresso claramente por Leibniz: "Embora<br />

possa parecer paradoxal, é impossível ter conhecimento<br />

dos I. e encontrar o meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar<br />

exatamente a individualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

coisa, a menos que não se a consi<strong>de</strong>re em si<br />

mesma. De fato, todas as circunstâncias po<strong>de</strong>m<br />

repetir-se; as diferenças mínimas são imperceptíveis;<br />

o lugar e o tempo, em vez <strong>de</strong> serem<br />

<strong>de</strong>terminantes, precisam eles mesmos ser <strong>de</strong>terminados<br />

pelas coisas que contêm. O que<br />

existe <strong>de</strong> mais consi<strong>de</strong>rável nisto é que a individualida<strong>de</strong><br />

envolve o infinito e que só quem é<br />

capaz <strong>de</strong> compreendê-lo po<strong>de</strong> ter conhecimento<br />

do princípio <strong>de</strong> individuação <strong>de</strong>sta ou daquela<br />

coisa; se enten<strong>de</strong>rmos isso corretamente,<br />

veremos que se <strong>de</strong>ve à influência que todas as<br />

coisas do universo exercem umas sobre as<br />

outras. É verda<strong>de</strong> que não seria assim, se existissem<br />

os átomos <strong>de</strong> Demócrito, mas nesse<br />

caso não existiria sequer diferença entre dois I.<br />

diferentes <strong>de</strong> mesmo aspecto e mesmas dimensões"<br />

{Nouv. ess., III, 3, § 6). O pressuposto<br />

<strong>de</strong>sta doutrina é que, na natureza, só existem<br />

I., ou seja, coisas singulares: pressuposto que,<br />

juntamente com os outros pontos principais,<br />

foi expresso com toda a clareza por Wolff. Este<br />

começa por afirmar que o I. é "aquilo que percebemos<br />

com o sentido interno ou com o sentido<br />

externo ou o que po<strong>de</strong>mos imaginar<br />

enquanto coisa única" (Log., § 43), e continua<br />

<strong>de</strong>finindo o I. como "o ente que é <strong>de</strong>terminado<br />

sob todos os aspectos {ens omnimo<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminatuni),<br />

no qual são <strong>de</strong>terminadas todas as<br />

coisas que lhe são inerentes" (Jbid., § 74). Essa<br />

noção do I. como o que é absoluta ou infinitamente<br />

<strong>de</strong>terminado foi utilizada com freqüência<br />

pela metafísica mo<strong>de</strong>rna. Foi essa noção<br />

que permitiu a Hegel (e a muitos que seguiram<br />

seu exemplo) falar <strong>de</strong> "I. universal" sem incidir<br />

numa contradição <strong>de</strong> termos: "A tarefa <strong>de</strong><br />

acompanhar o I. <strong>de</strong>sse seu estado inculto até o<br />

saber <strong>de</strong>via ser entendida em seu sentido geral<br />

e consistia em consi<strong>de</strong>rar o I. universal, o Espírito<br />

autoconsciente, em seu processo <strong>de</strong> formação.<br />

No que concerne à relação <strong>de</strong>sses dois<br />

modos <strong>de</strong> individualida<strong>de</strong>, no I. universal cada<br />

momento se mostra no ato em que ganha a<br />

forma concreta e seu aspecto próprio. OI. particular<br />

é o espírito não acabado: uma figura concreta<br />

em tudo, cujo ser <strong>de</strong>terminado domina<br />

uma só <strong>de</strong>terminação, estando as <strong>de</strong>mais pre-<br />

sentes apenas em escorço" {Phãnomen. <strong>de</strong>s<br />

Geistes, Pref., II, § 3; trad. it., p. 24). Do ponto<br />

<strong>de</strong> vista do conceito <strong>de</strong> I. como infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminações, Hegel certamente podia falar<br />

<strong>de</strong> I. universal, pois uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações<br />

só po<strong>de</strong> ser atribuída a um I. absoluto<br />

ou infinito. Diante disso, como diz Hegel, o I.<br />

finito caracteriza-se por uma única <strong>de</strong>terminação,<br />

estando as <strong>de</strong>mais presentes apenas acessoriamente.<br />

Bergson faz referência ao mesmo<br />

conceito <strong>de</strong> I. quando afirma que "a individualida<strong>de</strong><br />

comporta uma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> graus e em<br />

parte alguma, nem mesmo no homem, ela se<br />

realiza plenamente" (Évol. créatr., cap. I, ed.<br />

1911, p. 13). Obviamente, esse conceito <strong>de</strong><br />

indivíduo leva ou a hipostasiar a individualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um I. absoluto, como fez Hegel, ou a<br />

<strong>de</strong>clará-la inatingível, como fez Bergson. Mas<br />

exatamente isso <strong>de</strong>monstra que se trata <strong>de</strong> um<br />

conceito inútil.<br />

Na <strong>filosofia</strong> contemporânea, o I. (assim como<br />

a noção análoga <strong>de</strong> elemento [v.]) é <strong>de</strong>finido<br />

em relação com as exigências predominantes<br />

nos vários campos <strong>de</strong> indagação, ou<br />

melhor, em relação com as várias exigências<br />

analíticas. No campo moral ou político o I. é a<br />

pessoa. No campo biológico, o I. po<strong>de</strong> ser,<br />

para certos fins, o organismo; para outros, a<br />

célula. Mas foi sobretudo no campo das ciências<br />

históricas que a <strong>filosofia</strong> e a metodologia<br />

contemporâneas utilizaram a noção <strong>de</strong> I.<br />

Win<strong>de</strong>lband (Práludien, II, p. 145) e Rickert<br />

( Grenzen <strong>de</strong>r naturwissenschaftlichen Begriffsbildung,<br />

p. 420) evi<strong>de</strong>nciaram o caráter individualizante<br />

das ciências do espírito, diante<br />

do caráter generalizante das ciências naturais.<br />

O conhecimento histórico visa a representar<br />

o I. em seu caráter singular e irrepetível,<br />

ou seja, não como o caso particular <strong>de</strong> uma lei,<br />

mas como irredutível aos outros I. com os<br />

quais está em conexão causai. O I., neste caso<br />

o evento histórico (fato, pessoa, instituição<br />

etc), tem duas características: a singularida<strong>de</strong> e<br />

a não-repetibilida<strong>de</strong> (v. HISTÓRIA).<br />

INDUÇÃO (gr. ÈTiaYCoyn; lat. Inductio-, in.<br />

Induction; fr. Induction; ai. Induktion; it. Induzíone).<br />

"A I. é o procedimento que leva do particular<br />

ao universal": com esta <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

Aristóteles {Top., I, 12, 105 a 11) concordaram<br />

todos os filósofos. O próprio Aristóteles vê<br />

na I. um dos dois caminhos pelos quais conseguimos<br />

formar nossas crenças; a outra é a <strong>de</strong>dução<br />

{silogismo) {An. pr., II, 23, 68 b 30).<br />

Além disso, atribuiu a Sócrates o mérito <strong>de</strong> ha-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!