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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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POLITEISMO 773 POLÍTICA<br />

indicar um silogismo multiplice ou composto,<br />

ou seja, uma ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> silogismos. Essa ca<strong>de</strong>ia<br />

po<strong>de</strong> estar or<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> tal modo que todo<br />

silogismo sirva <strong>de</strong> fundamento para o que o<br />

segue e <strong>de</strong> conseqüência para o que o prece<strong>de</strong>.<br />

O silogismo da série que contém a razão<br />

da premissa <strong>de</strong> um outro silogismo é<br />

chamado prossílogismo; o que contém a conseqüência<br />

<strong>de</strong> outro silogismo é chamado<br />

epissilogismo (v.). Toda concatenação cie raciocínios,<br />

portanto, é constituída por prossilogismos<br />

e epissilogismos (WOLFI-, L.og., §§ 492-<br />

94; KANT, Logik, § 86; HAMILTON. Lectures 011<br />

Logic, § 68; B. ERDMAIW, Logik, § 85).<br />

POLITEÍSMO (in. Polytheism; fr. Polythéisrai*<br />

ai. Polytheism lis; it. Politeismo). (Sobre a<br />

noção <strong>de</strong> P., v. DKUS, 3, a). O P. está liem longe<br />

<strong>de</strong> ser uma crença primitiva e grosseira, inconciliável<br />

com a reflexão filosófica. Visto que já<br />

está presente na distinção entre divinda<strong>de</strong> e<br />

Deus, na realida<strong>de</strong> são politeístas muitas <strong>filosofia</strong>s<br />

às vezes consi<strong>de</strong>radas tipicamente monoteístas,<br />

como p. ex. a <strong>de</strong> Aristóteles. O P. foi às<br />

vezes explicitamente <strong>de</strong>fendido por filósofos<br />

mo<strong>de</strong>rnos. Hume já observava, em História<br />

natural da religião (1757), que a passagem do<br />

P. para o monoteísmo não <strong>de</strong>riva da reflexão<br />

filosófica, mas da necessida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> adular<br />

a divinda<strong>de</strong> para obter sua benevolência, e que<br />

o monoteísmo é acompanhado muitas vezes<br />

pela intolerância e pela perseguição, visto que<br />

o reconhecimento <strong>de</strong> um único objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>voção<br />

leva a consi<strong>de</strong>rar absurdo e ímpio o culto<br />

<strong>de</strong> outras divinda<strong>de</strong>s (lissay, II. pp. 335 ss.).<br />

Na era mo<strong>de</strong>rna, a superiorida<strong>de</strong> do P. foi ressaltada<br />

por Kenouvier (Psycbologíe ratíonelle,<br />

1859, cap. 25) e James (A Pluralistic Universe,<br />

1909), mas muitas outras doutrinas são politeístas,<br />

inclusive a <strong>de</strong> Bergson. Max Weber consi<strong>de</strong>rou<br />

o P. como a luta entre os diversos valores<br />

ou as diversas esferas cie valores, entre os<br />

quais o homem <strong>de</strong>ve tomar posição, luta que<br />

nunca termina com a vitória <strong>de</strong> um só valor.<br />

Neste sentido, o mundo da experiência nunca<br />

chega ao monoteísmo, mas se <strong>de</strong>tém no P.<br />

(Zwischen zwei Gesetze, 1916. em Gesammelte<br />

Politische Schriften, pp. 60 ss.).<br />

POLÍTICA (gr. 7IOÀ.ITIKIÍ; lat. Política; in.<br />

Politics; fr. Politique, ai. Politik, it. Política).<br />

Com esse nome toram <strong>de</strong>signadas várias coisas,<br />

mais precisamente: I a a doutrina do direito<br />

e da moral; 2 a a teoria do Estado: 3 a a arte ou<br />

a ciência do governo; 4 a o estudo dos comportamentos<br />

intersubjetivos.<br />

I a O primeiro conceito foi exposto em Ética,<br />

<strong>de</strong> Aristóteles. A investigação em torno do<br />

que <strong>de</strong>ve ser o bem e o bem supremo, segundo<br />

Aristóteles, parece pertencer à ciência mais<br />

importante e mais arquitetônica: "Essa ciência<br />

parece ser a política. Com efeito, ela <strong>de</strong>termina<br />

quais são as ciências necessárias nas cida<strong>de</strong>s,<br />

quais as que cada cidadão <strong>de</strong>ve apren<strong>de</strong>r, e até<br />

que ponto" (Et. nic. I, 2. 1094 a 26). Este conceito<br />

da P. teve vida longa na tradição filosófica.<br />

Hobbes, p. ex., dizia: "A P. e a ética, ou seja.<br />

a ciência do justou do injusto, do equânimee<br />

do iníquo, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>monstradas a priori,<br />

visto que nós mesmos fizemos os princípios<br />

pelos quais se po<strong>de</strong> julgar o que é justo e equânime,<br />

ou seus contrários, vale dizer, as causas<br />

da justiça, que são as leis ou as convenções"<br />

(Dehom.. X. § 5). Neste sentido. Althusius dava<br />

a seu tratado sobre o direito natural o título <strong>de</strong><br />

Política methodice digesta (1603), e todas as<br />

obras sobre direito natural foram consi<strong>de</strong>radas<br />

tratados <strong>de</strong> P. (v. DIRKITO).<br />

2 a O segundo significado do termo foi exposto<br />

em Política <strong>de</strong> Aristóteles: "Está claro<br />

que existe uma ciência à qual cabe indagar<br />

qual <strong>de</strong>ve ser a melhor constituição: qual a<br />

mais apta a satisfazer nossos i<strong>de</strong>ais sempre que<br />

não haja impedimentos externos; e qual a que<br />

se adapta às diversas condições em que possa<br />

ser posta em prática. Como é quase impossível<br />

que muitas pessoas possam realizar a melhor<br />

forma <strong>de</strong> governo, o bom legislador e o bom<br />

político <strong>de</strong>vem saber qual é a melhor forma <strong>de</strong><br />

governo em sentido absoluto e qual é a melhor<br />

forma cie governo em <strong>de</strong>terminadas condições"<br />

(Pol., IV, 1, 1288 b 21). Neste sentido, segundo<br />

Aristóteles, a P. tem duas funções: l íl <strong>de</strong>screver<br />

a forma <strong>de</strong> Estado i<strong>de</strong>al; 2 a <strong>de</strong>terminar a forma<br />

do melhor Estado possível em relação a <strong>de</strong>terminadas<br />

circunstâncias. Efetivamente, a P.<br />

como teoria do Estado seguiu o caminho utópico<br />

da <strong>de</strong>scrição do Estado perfeito (segundo o<br />

exemplo da Republicada Platão) ou o caminho<br />

mais realista dos modos e dos instrumentos<br />

para melhorar a forma cio Estado, o que foi feito<br />

pelo próprio Aristóteles numa parte <strong>de</strong> seu<br />

tratado. As duas partes, todavia, nem sempre<br />

são facilmente distinguíveis e nem sempre foram<br />

distintas. Quando, a partir <strong>de</strong> Hegel, o<br />

Estado começou a ser consi<strong>de</strong>rado "o Deus<br />

real" (v. ESTADO) e o caráter da divinda<strong>de</strong> do<br />

Estado foi aceito pela historiografia, a P., enquanto<br />

teoria do Estado, preten<strong>de</strong>u ter caráter<br />

<strong>de</strong>scritivo e normativo ao mesmo tempo.

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