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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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GENÉTICA 480 GÊNIO<br />

da espiral dupla original. O DNA é composto<br />

por quatro bases nucleotídicas que costumam<br />

ser indicadas com as letras C, T, G e A, consi<strong>de</strong>radas<br />

um alfabeto genético. Assim como as<br />

formas, poucas das quais constituem palavras e<br />

frases significantes (capazes <strong>de</strong> comunicar<br />

informações), os elementos do alfabeto genético<br />

po<strong>de</strong>m combinar-se em numerosas formas,<br />

algumas das quais transmitem a mensagem genética,<br />

ou seja, <strong>de</strong>terminam com certa probabilida<strong>de</strong><br />

a transmissão <strong>de</strong> caráter hereditário. Portanto,<br />

o material genético é semelhante a uma<br />

mensagem escrita que, uma vez recebida pelo<br />

organismo, dirige e controla seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Viu-se também que cada palavra do<br />

código genético é constituída por uma série <strong>de</strong><br />

três <strong>de</strong> suas bases {tripletó); o gene é então<br />

concebido como uma seqüência <strong>de</strong> tripletos no<br />

DNA, e a mutação consiste na substituição <strong>de</strong><br />

uma das letras do tripletó por outra. Essas substituições<br />

ocorrem aleatoriamente e constituem<br />

a única origem possível das modificações do<br />

texto genético e, portanto, das estruturas hereditárias<br />

do organismo. Quando tais modificações<br />

são nocivas à adaptação do organismo ao<br />

ambiente, produzem em escala macroscópica<br />

a senescência ou a morte do organismo.<br />

Contra a disseminação da G. mo<strong>de</strong>rna, um<br />

grupo <strong>de</strong> cientistas russos sustentou durante<br />

certo tempo a doutrina <strong>de</strong> Michurin, que, graças<br />

ao apoio <strong>de</strong> Lysenko, teve aprovação oficial<br />

da ciência soviética durante os anos <strong>de</strong><br />

estalinismo. A doutrina <strong>de</strong> Michurin é uma forma<br />

<strong>de</strong> lamarckismo, pois parte da crença no<br />

po<strong>de</strong>r criativo do ambiente biológico. "A herança",<br />

diz Lysenko, "é efeito da concentração<br />

das condições externas, assimiladas pelo organismo<br />

durante uma série <strong>de</strong> gerações anteriores."<br />

Isso nada mais é que o postulado da rigorosa<br />

causalida<strong>de</strong> do ambiente. A doutrina <strong>de</strong><br />

Michurin nega, portanto, todos os instrumentos<br />

conceptuais do probabilismo men<strong>de</strong>liano: a<br />

não-hereditarieda<strong>de</strong> dos caracteres adquiridos<br />

e até a existência do gene. Contra a tese fundamental<br />

<strong>de</strong> Michurin, J. Huxley observou: "Os<br />

lamarckianos e os partidários <strong>de</strong> Michurin têm<br />

razão quando sustentam que há uma relação<br />

entre o ambiente e os caracteres da adaptação<br />

do organismo. Enganam-se, porém, quando supõem<br />

que essa relação é simples e direta. Ela é<br />

complexa e indireta: as mutações ocorrem<br />

aleatoriamente e a seleção conserva as poucas<br />

mutações que favorecem os indivíduos naquele<br />

ambiente específico. Este é um dado <strong>de</strong> fato<br />

científico, que nenhuma consi<strong>de</strong>ração apriori<br />

po<strong>de</strong> alterar" (Soviet Genetics and World Science,<br />

trad. it., p. 151). Os conceitos <strong>de</strong> mutação<br />

aleatória e <strong>de</strong> seleção continuam sendo fundamentais<br />

na G. mo<strong>de</strong>rna. Monod escreveu: "As<br />

alterações genéticas são aci<strong>de</strong>ntais, ocorrem<br />

aleatoriamente. E como constituem a únicaongem<br />

possível das modificações do texto genético,<br />

que, por sua vez, é o único <strong>de</strong>positário das<br />

estruturas hereditárias do organismo, segue-se<br />

necessariamente que o acaso é a única origem<br />

<strong>de</strong> qualquer novida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> qualquer criação<br />

na biosfera" (Le hasard et Ia necessite, 1970,<br />

p. 127).<br />

GENÉTICO (in. Genetic, fr. Génétique- ai.<br />

Genetisch; it. Genético). Aquilo que pertence à<br />

geração ou efetua-se através da geração. Neste<br />

último sentido, Hobbes falou <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição genética<br />

ou por generationem. "A razão pela qual<br />

as coisas que têm causa e geração <strong>de</strong>vem ser<br />

<strong>de</strong>finidas através da causa e da geração é esta:<br />

o fim da <strong>de</strong>monstração é a ciência das causas e<br />

da geração das coisas, e, se não se tiver essa<br />

ciência na <strong>de</strong>finição, não se po<strong>de</strong>rá tê-la tampouco<br />

na conclusão do silogismo que <strong>de</strong>la parte"<br />

{Decorp., VI, § 13). Essa noção passou mais<br />

tar<strong>de</strong> para a lógica <strong>de</strong> Wolff, que enten<strong>de</strong>u por<br />

<strong>de</strong>finição genética "a <strong>de</strong>finição que expõe a gênese<br />

<strong>de</strong> uma coisa, ou seja, a maneira como ela<br />

po<strong>de</strong> realizar-se" (Log., § 195). O conceito <strong>de</strong>sta<br />

<strong>de</strong>finição está ligado ao princípio exposto por<br />

Hobbes em De homineÇK, § 5), qual seja: só se<br />

po<strong>de</strong> ter ciência <strong>de</strong>monstrativa das coisas que<br />

po<strong>de</strong>m ser produzidas (como os entes matemáticos<br />

e os entes morais ou jurídicos), porque<br />

<strong>de</strong>las se conhece seguramente a causa. A partir<br />

da segunda meta<strong>de</strong> do séc. XIX esse adjetivo,<br />

particularmente quando se referia a ciências<br />

ou a partes <strong>de</strong> ciências, passou a ter significado<br />

ligado ao <strong>de</strong> evolução (v.); uma teoria<br />

genética geralmente é a consi<strong>de</strong>ração do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

evolutivo da coisa à qual a teoria<br />

se refere (p. ex., "psicologia genética" = estudo<br />

da evolução psíquica).<br />

GÊNIO (in. Genius-, fr. Génie; ai. Genie; it.<br />

Gênio). A partir da segunda meta<strong>de</strong> do séc.<br />

XVII passou-se a indicar com esse termo (que,<br />

segundo Varrão, na origem indicava "a divinda<strong>de</strong><br />

que é preposta a cada uma das coisas geradas<br />

e que tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerá-las", S.<br />

AGOSTINHO, De civ. Dei, VII, 13) o talento<br />

inventivo ou criativo nas suas manifestações<br />

superiores. Pascal já usa essa palavra com esse<br />

sentido: "Os gran<strong>de</strong>s gênios têm seu império,

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