22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

SER 880 SER<br />

ma como ocorre essa relação entre substância<br />

e essência. Estas características são mantidas<br />

pela doutrina em exame ao longo <strong>de</strong> toda a sua<br />

história, que é longuissima. A tradição lógica<br />

medieval até o séc. XIII (quando do ressurgimento<br />

das doutrinas dos estóicos através cia<br />

ria mo<strong>de</strong>rna) não conhece alternativa. As doutrinas<br />

mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> caráter racionalista geralmente<br />

as compartilham. Leibniz diz: "Todo predicado<br />

verda<strong>de</strong>iro tem algum fundamento na<br />

natureza das coisas, e quando uma proposição<br />

não é idêntica, vale dizer, quando o predicado<br />

não está compreendido expressamente<br />

no sujeito, é preciso que esteja compreendido<br />

virtualmente: é isso que os filósofos chamam<br />

<strong>de</strong> i)i-esse, ao afirmarem que. o predicado está<br />

no sujeito" (Disc. <strong>de</strong> mét., 8). Do mesmo modo,<br />

para Hegel, o significado predicativo <strong>de</strong> S. é<br />

a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre individual e universal, ou<br />

seja, aquela mesma relação entre substância<br />

e essência que para Aristóteles era o caso privilegiado<br />

<strong>de</strong> relação predicativa. Hegel diz: "A<br />

cópula é vem da natureza do conceito, que é<br />

<strong>de</strong> ser idêntico a si mesmo ao se tornar extrínseco:<br />

como momentos seus, o individual e o<br />

universal são <strong>de</strong>terminações que não po<strong>de</strong>m<br />

ser isoladas" (tine, § 166). Segundo Hegel, o<br />

juízo ten<strong>de</strong> a expressar <strong>de</strong> modo mediato ou<br />

reflexo a unida<strong>de</strong> entre predicado e sujeito,<br />

vale dizer, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um conceito único<br />

que, através do próprio juízo e, mais completamente,<br />

através do silogismo, articula-se em<br />

suas <strong>de</strong>terminações necessárias (Wissenscbaft<br />

<strong>de</strong>r I.ogik, III, I, cap. 2; trad. it., pp. 77 ss.). A<br />

doutrina exposta por alguns hegelianos ingleses<br />

(BRADLKV, Principies of Logic. 1883; BOSA.V<br />

yrr.T, Logic, 1888), <strong>de</strong> que S. predicativo significa<br />

referência <strong>de</strong> um conceito ao sistema total<br />

da realida<strong>de</strong> (<strong>de</strong> sorte que, no juízo, o conceito<br />

é uma qualificação essencial da Realida<strong>de</strong> Lniversal),<br />

representa a forma assumida pela<br />

doutrina hegeliana da cópula na <strong>filosofia</strong> contemporânea.<br />

Também nessa forma, po<strong>de</strong>-se reconhecer<br />

a teoria da inerência: a substância ou<br />

realida<strong>de</strong> â qual o predicado inere é a totalida<strong>de</strong><br />

do real, em vez <strong>de</strong> ser (como na doutrina <strong>de</strong><br />

Aristóteles) uma única substância.<br />

B) A segunda interpretação fundamental <strong>de</strong><br />

S. predicativo é <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> (v.) ou suposição<br />

(v.): segundo ela, a cópula significa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

do objeto ao qual o sujeito e o predicado<br />

da proposição se referem ou no lugar do qual<br />

estào (supponunt pro). Assim, p. ex., na expressão<br />

"Sócrates é branco", a cópula indicaria<br />

simplesmente que o sujeito "Sócrates" e o<br />

predicado "branco" referem-se ao mesmo objeto<br />

existente, que. portanto, po<strong>de</strong> ser qualificado<br />

com um ou com o outro dos dois termos.<br />

A origem <strong>de</strong>sta doutrina está provavelmente<br />

na lógica estóica, na qual é fundamental a referência<br />

cie qualquer enunciado a uma situação<br />

<strong>de</strong> fato imediatamente presente (v. ESSKN-<br />

CIA). Mas é expressa claramente só na lógica do<br />

séc. XIII, em polêmica com a teoria da inerência.<br />

Ockham diz: "Proposições como 'Sócrates<br />

é um homem' ou 'Sócrates é um animal' não<br />

significam que Sócrates tem humanida<strong>de</strong> ou<br />

animalida<strong>de</strong>. Tampouco significam que a humanida<strong>de</strong><br />

ou a animalida<strong>de</strong> está em Sócrates,<br />

nem que o homem ou o animal é uma parte da<br />

substância ou da essência <strong>de</strong> Sócrates, ou uma<br />

parte do conceito ou cia substância <strong>de</strong> Sócrates.<br />

Significam que Sócrates é na realida<strong>de</strong> um homem<br />

e é na realida<strong>de</strong> um animal: não no sentido<br />

<strong>de</strong> Sócrates ser esse predicado 'homem' ou<br />

esse predicado 'animal', mas no sentido <strong>de</strong> que<br />

existe alguma coisa em lugar da qual esses dois<br />

predicados estão; como quando acontece que<br />

esses predicados estão no lugar cie Sócrates"<br />

(Summa log., II, 2; Qnocll., III, 5). Essa doutrina<br />

é expressa quase nos mesmos termos por<br />

Hobbes: "A proposição é um discurso que<br />

consta <strong>de</strong> dois nomes conjuntos: quem fala<br />

preten<strong>de</strong> dizer que, para ele, o segundo nome<br />

é um nome da mesma coisa cujo nome é o primeiro,<br />

ou — o que dá no mesmo — o primeiro<br />

nome está contido no segundo. Por ex., o discurso<br />

'O homem é animal', em que os dois nomes<br />

estão reunidos pelo verbo é, é uma proposição<br />

porque quem a enuncia preten<strong>de</strong> dizer<br />

que, para ele, o segundo nome 'animal' é<br />

nome da mesma coisa cujo nome é 'homem'"<br />

(Decuip., 1, 3, § 2). Essa doutrina foi substancialmente<br />

reproduzida por Stuart Mill, que distinguia<br />

as afirmações "essenciais", ou seja,<br />

gerais, que só explicam a essência nominal<br />

<strong>de</strong> uma coisa (v. ESSÊNCIA), das proposições<br />

"reais", que sempre implicam a existência do<br />

sujeito a que se referem "porque, no caso <strong>de</strong><br />

um sujeito inexistente, a proposição nada teria<br />

para asseverar" (Logic, I, VI, 2).<br />

A referência á realida<strong>de</strong> imediatamente<br />

dada ou intuída é a primeira característica fundamental<br />

da doutrina em exame. Os lógicos do<br />

séc. XIV chegavam a consi<strong>de</strong>rar falsa até mesmo<br />

proposições tautológicas como "A quimera<br />

é quimera", quando nelas o sujeito representa<br />

um objeto inexistente (OCKHAM, Summa log..

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!