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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ALTERNAÇÃO 35 ALTRUÍSMO<br />

a distinção <strong>de</strong> um gênero em várias espécies<br />

e a diferença <strong>de</strong>ssas espécies na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um gênero implica uma A. inerente ao próprio<br />

gênero: isto é, uma A. que diferencia o gênero<br />

e o torna intrinsecamente diverso (Met., X, 8,<br />

1.058 a 4 ss.). Do conceito <strong>de</strong> A. valeu-se Plotino<br />

para assinalar a diferença entre a unida<strong>de</strong> absoluta<br />

do primeiro Princípio e o intelecto, que<br />

é a sua primeira emanação.- sendo o intelecto<br />

ao mesmo tempo pensante e pensado, intelecto<br />

enquanto pensa, ente enquanto é pensado,<br />

é marcado pela A., além <strong>de</strong> sê-lo pela i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

(Enn., V, I, 4). De modo análogo, Hegel<br />

utiliza o mesmo conceito para <strong>de</strong>finir a natureza<br />

com relação à Idéia, que é a totalida<strong>de</strong> racional<br />

da realida<strong>de</strong>. A natureza é "a idéia na forma<br />

<strong>de</strong> ser outro (An<strong>de</strong>rssein)". Desse modo, é a<br />

negação <strong>de</strong> si mesma e é exterior a si mesma:<br />

<strong>de</strong> modo que a exteriorida<strong>de</strong> constitui a <strong>de</strong>terminação<br />

fundamental da natureza (Ene, § 247).<br />

Mas, <strong>de</strong> modo mais geral, po<strong>de</strong>-se dizer que,<br />

segundo Hegel, a A. acompanha todo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

dialético da Idéia, porque é inerente<br />

ao momento negativo, intrínseco a esse <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

De fato, tão logo estejam fora<br />

do ser in<strong>de</strong>terminado, que tem como negação<br />

o nada puro, as <strong>de</strong>terminações negativas da<br />

Idéia tornam-se, por sua vez, alguma coisa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminado, isto é, um "ser outro" que não<br />

aquilo mesmo que negam. "A negação — não<br />

mais como o nada abstrato, mas como um ser<br />

<strong>de</strong>terminado e um algo — é somente forma<br />

para esse algo, é um ser outro" (Ene, § 91)-<br />

ALTERNAÇÃO. V. ALTERNATIVA.<br />

ALTERNATIVA, PROPOSIÇÃO (in. Alternative<br />

proposition; fr. Proposition alternative,<br />

ai. Alternative Proposition; it. Proposizione alternativa).<br />

Com esse nome costuma-se indicar,<br />

propriamente, a proposição molecular disjuntiva<br />

"p ou q" ("ao menos p é verda<strong>de</strong>iro,<br />

portanto se p não é verda<strong>de</strong>iro, q é verda<strong>de</strong>iro").<br />

Mas não raro, em uso não rigoroso, as<br />

componentes da disjuntiva molecular são chamadas<br />

<strong>de</strong> "alternativas", uma em relação à outra.<br />

Parece que a palavra alternatio, introduzida<br />

pelos escritores latinos para indicar a<br />

proposição disjuntiva, <strong>de</strong>riva da linguagem jurídica.<br />

G. P.<br />

ALTRUÍSMO (in. Altruism; fr. Altruisme, ai.<br />

Altruismus-, it. Altruísmo). Esse termo foi criado<br />

por Comte, em oposição a egoísmo (v.), para<br />

<strong>de</strong>signar a doutrina moral do positivismo. No<br />

Catecismopositivsta (1852), Comte enunciou a<br />

máxima fundamental do A.: viver para os ou-<br />

tros. Essa máxima, acreditava ele, não contraria<br />

indistintamente todos os instintos do homem já<br />

que o homem possui, ao lado dos instintos<br />

egoístas, instintos simpáticos que a educação<br />

positivista po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver gradualmente, até<br />

torná-los predominantes sobre os outros. Com<br />

efeito, as relações domésticas e civis ten<strong>de</strong>m a<br />

conter os instintos pessoais, quando eles suscitam<br />

conflitos entre os vários indivíduos, e a<br />

promover as inclinações benévolas que se <strong>de</strong>senvolvem<br />

espontaneamente em todos os indivíduos.<br />

Esse termo logo foi aceito por Spencer<br />

(Princípios <strong>de</strong> psicologia, 1870-72), segundo o<br />

qual a antítese entre egoísmo e A. estaria <strong>de</strong>stinada<br />

a <strong>de</strong>saparecer com a evolução moral e<br />

que haveria cada vez mais coincidência entre a<br />

satisfação do indivíduo e o bem-estar e a felicida<strong>de</strong><br />

do outro (Data ofEthics, % 46). Como se<br />

vê, o fundamento da ética altruísta é naturalista,<br />

porque apela para os instintos naturais que<br />

levam o indivíduo em direção aos outros e preten<strong>de</strong><br />

promover o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tais instintos.<br />

O seu termo polêmico é a ética individualista<br />

do séc. XVIII, que reivindica os valores<br />

e os direitos do indivíduo contra os da socieda<strong>de</strong>,<br />

em especial do Estado. Comte, como todo<br />

o Romantismo (v.), obe<strong>de</strong>ce à exigência oposta,<br />

que insiste no valor preeminente da autorida<strong>de</strong><br />

estatal; por isso, sua ética prescreve pura<br />

e simplesmente o sacrifício do indivíduo. Não<br />

é, portanto, <strong>de</strong> se estranhar que as doutrinas<br />

interessadas na <strong>de</strong>fesa do indivíduo tenham<br />

consi<strong>de</strong>rado com hostilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sprezo a moral<br />

do altruísmo. Assim, em Nietzsche, ao i<strong>de</strong>ntificar-se<br />

amor ao próximo com A., este é con<strong>de</strong>nado<br />

por Zaratustra. "Vós i<strong>de</strong>s ao próximo fugindo<br />

<strong>de</strong> vós mesmos e quereríeis fazer disso<br />

uma virtu<strong>de</strong>; mas eu leio através do vosso A...<br />

Não sabeis suportar-vos a vós mesmos e não<br />

vos amais o bastante; e eis que quereis seduzir<br />

o vosso próximo induzindo-o ao amor e<br />

embelezar-vos com o seu amor" (Also sprach<br />

Zarathustra, cap. sobre o Amor ao próximo).<br />

Em terreno mais objetivo e científico, Scheler<br />

(Sympathie, II, cap. I) negou a i<strong>de</strong>ntificação<br />

(pressuposta também por Nietzsche) do A. com<br />

o amor. Observou que os atos que se dirigem<br />

para os outros enquanto outros nem sempre<br />

são, necessariamente, "amor". A inveja, a malda<strong>de</strong>,<br />

a alegria maligna, referem-se igualmente<br />

aos outros enquanto outros. Um amor que faz<br />

abstração total <strong>de</strong> si mesmo apóia-se num ódio<br />

ainda mais primitivo, isto é, o ódio <strong>de</strong> si mesmo.<br />

"Fazer abstração <strong>de</strong> si, não po<strong>de</strong>r suportar

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