22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

REPETIÇÃO 853 REPRESENTAÇÃO<br />

Giordano Bruno) quanto na forma das primeiras<br />

conquistas da ciência mo<strong>de</strong>rna.<br />

Sobre o R. cf. a Bibliografia <strong>de</strong> H. BARON,<br />

"Renaissance in Italien", em Archivfür Kulturgeschichte,<br />

1927,1931. (Em especial E. CASSIRER,<br />

Indivíduo e cosmo na <strong>filosofia</strong> do R, e os textos<br />

<strong>de</strong> E. Garin; em particular: Ida<strong>de</strong> Média e<br />

R., 1954).<br />

REPETIÇÃO (in. Repetition; fr. Répétition;<br />

ai. Wie<strong>de</strong>rhohing; it. Ripetizione). 1. Termo introduzido<br />

na terminologia existencialista por<br />

Kierkegaard. Este, para esclarecer sua significação,<br />

aproxímou-o da expressão aristotélica<br />

quod quid erat esse (v. ESSÊNCIA; SUBSTÂNCIA),<br />

que, significando literalmente aquilo que o ser<br />

era, expressa a necessida<strong>de</strong> e a imutabilida<strong>de</strong><br />

do ser, a sua repetição. Kierkegaard va\e\i-se<br />

<strong>de</strong>sse coneeito sobretudo para <strong>de</strong>screver a natureza<br />

da vida ética: à diferença da vida estética,<br />

que procura evitar a R., buscando novida<strong>de</strong>s a<br />

todo instante (sendo por isso simbolizada por<br />

Don Juan), a vida ética baseia-se na continuida<strong>de</strong>,<br />

na escolha repetida que o indivíduo faz <strong>de</strong> si<br />

mesmo e <strong>de</strong> sua tarefa, sendo, pois, simbolizada<br />

pelo matrimônio (Die Wie<strong>de</strong>rhohing, 1843; cf.<br />

Diário, IV, A, 15 6). Hei<strong>de</strong>gger, por sua vez, utilizou<br />

esse conceito para caracterizar a existência<br />

autêntica, como ela se realiza na angústia. A angústia,<br />

por libertar o homem 'das possibilida<strong>de</strong>s<br />

nulas e liberá-lo para as autênticas", consiste em<br />

retomar, para o porvir, as possibilida<strong>de</strong>s que já<br />

foram no passado: isso é R. (Sein undZeit, § 68<br />

b). Desse ponto <strong>de</strong> vista, R. é <strong>de</strong>cisão autêntica:<br />

"A R. é a transmissão explícita, ou seja, o retorno<br />

às possibilida<strong>de</strong>s do ser-aí que é já tendo sido. A<br />

autêntica R. <strong>de</strong> uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existência<br />

que já foi, o fato <strong>de</strong> o ser-aí escolher seus heróis,<br />

baseia-se existencialmente na <strong>de</strong>cisão antecipadora,<br />

porque é nela que se escolhe a escolha<br />

que liberta para a sucedaneida<strong>de</strong> da luta e para<br />

a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> àquilo que <strong>de</strong>ve ser repetido" (Jbid.<br />

§ 74). Isso quer dizer que a <strong>de</strong>cisão autêntica,<br />

em que consiste a historicida<strong>de</strong> da existência<br />

humana, é uma R. ou, pelo menos (como Hei<strong>de</strong>gger<br />

diz no mesmo trecho), uma réplica <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s passadas.<br />

2. Na <strong>filosofia</strong> da ciência, o conceito <strong>de</strong> R. é<br />

empregado para expressar o fundamento das<br />

proposições indutivas, que (segundo Hume) seriam<br />

a expressão da R. <strong>de</strong> casos (cf. HUME, Inq.<br />

Cone. Un<strong>de</strong>rst., V, 1). Desse ponto <strong>de</strong> vista, a R.<br />

muitas vezes foi consi<strong>de</strong>rada a justificação das<br />

proposições universais. K. Popper criticou essa<br />

doutrina, que ele chama "doutrina do primado<br />

cki R." (The Logic ofScientific Discovery, 1959,<br />

pp. 420 ss.) (V. INDUÇÃO; TEORIA).<br />

REPRESENTAÇÃO (lat. Repraesentatio, in. Repyesentation;<br />

fr. Représentation; ai. Vorstellung;<br />

it. Rappresentazione). Vocábulo <strong>de</strong> origem medieval<br />

que indica imagem (v.) ou idéia ([v.] no<br />

2" sentido), ou ambas as coisas. O uso <strong>de</strong>sse<br />

termo foi sugerido aos escolásticos pelo conceito<br />

<strong>de</strong> conhecimento como "semelhança" cio<br />

objeto. "Representar algo" — dizia S. Tomás <strong>de</strong><br />

A(juino — "significa conter a semelhança da<br />

coisa" (De ver, q. 7, a. 5). Mas foi principalmente<br />

no fim da escolástica que esse termo<br />

passou a ser mais usado, às vezes para indicar<br />

o significado das palavras. (Cf., p. ex., GRA-<br />

ZIANO Dl ASCOI.I, Perihermenias, 2.) Ockham<br />

distinguia três significados fundamentais: "Representar<br />

tem vários sentidos. Em primeiro lugar,<br />

<strong>de</strong>signa-se com este termo aquilo por meio<br />

do qual se conhece algo; nesse sentido, o conlrecimento<br />

é representativo, e representar significa<br />

ser aquilo com que se conhece alguma<br />

coisa. Em segundo lugar, por representar enten<strong>de</strong>-se<br />

conhecer alguma coisa, após cujo<br />

conhecimento conhece-se outra coisa; nesse<br />

sentido, a imagem representa aquilo <strong>de</strong> que é<br />

imagem, no ato <strong>de</strong> lembrar. Em terceiro lugar,<br />

por representar enten<strong>de</strong>-se causar o conhecimento<br />

do mesmo modo como o objeto causa o<br />

conhecimento" (Qiiodl., IV, q. 3). No primeiro<br />

caso, a R. é a idéia no sentido mais geral; no<br />

segundo, é a imagem; no terceiro, é o próprio<br />

objeto. Esses são, na realida<strong>de</strong>, todos os<br />

possíveis significados do termo, que voltou<br />

a ter importância com a noção cartesiana <strong>de</strong><br />

idéia como "quadro" ou "imagem" da coisa<br />

(Aíéd., III) e foi difundido sobretudo por<br />

Leibniz, para quem a mônada era uma R. do<br />

uriiverso (Monad., § 60). Inspirado nessa<br />

doutrina, Wolff introduziu o termo Vorstellung,<br />

para indicar a idéia cartesiana, no uso<br />

filosófico da língua alemã (Vernünftige Gedanken<br />

von Gott, <strong>de</strong>r Welt und <strong>de</strong>r Seele <strong>de</strong>s<br />

Menschen, 1719, I, §§ 220, 232, etc). Deve-se<br />

a Wolff a difusão do uso <strong>de</strong>sse termo nas outras<br />

línguas européias. Kant estabeleceu seu<br />

significado generalíssimo, consi<strong>de</strong>rando-o gênero<br />

<strong>de</strong> todos os atos ou manifestações cognitivas,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> sua natureza<br />

<strong>de</strong> quadro ou semelhança (Crít. R. Pura,<br />

Dialética, livro I, seç. I), e foi <strong>de</strong>sse modo<br />

que o termo passou a ser usado em <strong>filosofia</strong>.<br />

Hamilton <strong>de</strong>fendia o uso <strong>de</strong>ssa palavra também<br />

em inglês (Lectures on Logic, 2- ed., 1966,<br />

I, p. 126).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!