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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ESSÊNCIA 361 ESSÊNCIA<br />

como constituição ou forma que <strong>de</strong>veria explicariodas<br />

as qualida<strong>de</strong>s ou caracteres <strong>de</strong> uma<br />

realida<strong>de</strong> e mostrá-los em suas interconexões<br />

necessárias (Ibid., 4, 9), mas, segundo Locke,<br />

tal E. real é inacessível ao homem. A doutrina<br />

da E. nominal foi a base da lógica mo<strong>de</strong>rna.<br />

Stuart Mill repete-a dizendo: "Proposição essencial<br />

é a proposição puramente verbal que afirma<br />

<strong>de</strong> uma coisa, sob um nome particular, só o<br />

que é afirmado sobre ela pelo próprio fato <strong>de</strong><br />

chamá-lo por esse nome, e que, por isso, não<br />

dá nenhuma informação ou só a dá em relação<br />

ao nome, não à coisa" ÍLog., I, VI, § 4). Com<br />

poucas variantes, essa doutrina é repetida na<br />

lógica contemporânea. C. I. Lewis diz: "Tradicionalmente,<br />

diz-se que todo atributo exigido<br />

para a aplicação <strong>de</strong> um termo pertence à E. da<br />

coisa nomeada. Sem dúvida, não tem significado<br />

falar da E. <strong>de</strong> uma coisa, a não ser relativamente<br />

ao fato <strong>de</strong> ela ser <strong>de</strong>nominada por um<br />

termo particular" (Anafysis of Knowledge and<br />

Valuation, p. 41). E Quine, sublinhando a diferença<br />

entre a doutrina aristotélica da E. como<br />

substância e a "doutrina do significado", observa:<br />

"Deste último ponto <strong>de</strong> vista, po<strong>de</strong>-se concordar<br />

(ainda que só para discutir) que no significado<br />

da palavra 'homem' está implícita a racionalida<strong>de</strong>,<br />

mas não o fato <strong>de</strong> ter duas pernas;<br />

contudo, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que ter duas pernas<br />

está implícito no significado <strong>de</strong> 'bípe<strong>de</strong>',<br />

ao passo que a racionalida<strong>de</strong> não. Do ponto <strong>de</strong><br />

vista da doutrina do significado, não faz sentido<br />

dizer <strong>de</strong> um indivíduo real, que é ao mesmo<br />

tempo homem e bípe<strong>de</strong>, que sua racionalida<strong>de</strong><br />

é essencial e que o fato <strong>de</strong> ter duas pernas é<br />

aci<strong>de</strong>ntal ou vice-versa. Para Aristóteles, as coisas<br />

têm E., mas só as formas lingüísticas têm<br />

significado. Significado é aquilo que a E. se torna<br />

quando se divorcia do objeto <strong>de</strong> referência<br />

e se casa com a palavra" (From a Logical Point<br />

ofVietv, II, 1). Por outro lado, mesmo utilizando<br />

amplamente a noção <strong>de</strong> essência em sua<br />

obra A visão lógica do mundo (on<strong>de</strong>, aliás, fala<br />

em "E. constitutivas"), Carnap reduz o significado<br />

<strong>de</strong> E. <strong>de</strong> um objeto ao critério <strong>de</strong> verda<strong>de</strong><br />

das proposições das quais os signos <strong>de</strong>sse<br />

objeto possam fazer parte (Aufbau, § 161).<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer, portanto, que a teoria da E. se<br />

resolve inteiramente na teoria do significado<br />

(v.). Por E. hoje não se enten<strong>de</strong> nada mais do<br />

que a regra do uso correto <strong>de</strong> um termo.<br />

Embora não tenha em mira uma teoria do<br />

significado, o uso que Santayana fez <strong>de</strong>sse termo<br />

E. vincula-se a este seu significado. As E.<br />

são os objetos da ativida<strong>de</strong> cognoscitiva: constituem<br />

um reino infinito <strong>de</strong> que faz parte tudo o<br />

que po<strong>de</strong> ser percebido, imaginado, pensado<br />

ou, <strong>de</strong> algum modo, experimentado; não<br />

existem em nenhum espaço ou tempo, não<br />

têm substância nem lados ocultos, mas seu<br />

ser resolve-se em seu aparecer (The Realm<br />

of Essences, 1927). As E. constituem um dos<br />

termos do dualismo metafísico <strong>de</strong> Santayana:<br />

o outro é a existência, que ele i<strong>de</strong>ntifica<br />

com a matéria. Mas justamente por se distinguirem<br />

da existência, e portanto <strong>de</strong> qualquer<br />

forma <strong>de</strong> ação ou <strong>de</strong> energia, as E. não se<br />

concatenam entre si e não implicam nenhuma<br />

necessida<strong>de</strong> nem nenhuma forma <strong>de</strong> ser, mas<br />

permanecem puros objetos <strong>de</strong> intuição. Esta<br />

doutrina das E. <strong>de</strong> Santayana po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada<br />

a última utilização metafísica da teoria da<br />

essência.<br />

2- A teoria da E. como substância po<strong>de</strong> ser<br />

caracterizada como a que restringe o uso da<br />

palavra E. para indicar a E. necessária ou substancial.<br />

Aristóteles, como se viu, não i<strong>de</strong>ntificara<br />

as duas coisas, embora se possa dizer que<br />

para ele a "verda<strong>de</strong>ira" E. <strong>de</strong> uma coisa, que a<br />

<strong>de</strong>fine em seu modo <strong>de</strong> ser, é a E. necessária.<br />

A i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> E. com substância encontrase<br />

já em Plotino, que a relaciona com o estado<br />

das coisas no mundo inteligível, ou seja, no<br />

Nous divino, mas não só com esse estado. Diz:<br />

"Aqui, tudo está na unida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> tal modo que<br />

são idênticos a coisa e o porquê da coisa... Na<br />

verda<strong>de</strong>, o que po<strong>de</strong>ria impedir esta i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

e impedir que ela constitua a substância <strong>de</strong><br />

cada ser? Assim é necessariamente, como vê<br />

quem procura compreen<strong>de</strong>r a E. necessária"<br />

(Enn., VI, 7, 2). No séc. XIII, ao procurar esclarecer<br />

a confusa terminologia com que a <strong>filosofia</strong><br />

medieval até aquele momento traduzira os<br />

termos aristotélicos, S. Tomás fixava os significados<br />

seguintes, que implicam a redução da<br />

doutrina da E. à da substância: "E. significa algo<br />

que é comum a todas as naturezas em virtu<strong>de</strong><br />

das quais entes diferentes são colocados em diferentes<br />

gêneros e espécies, assim como a humanida<strong>de</strong><br />

é a E. do homem, e assim por diante.<br />

Mas, como aquilo em virtu<strong>de</strong> do que a coisa se<br />

constitui no gênero e na espécie é o que se<br />

enten<strong>de</strong> como a <strong>de</strong>finição que indica o que a<br />

coisa é, os filósofos substituíram a palavra E.<br />

por qüidida<strong>de</strong>, esse é o motivo pelo qual o Filósofo,<br />

no VII da Metafísica, freqüentemente fala<br />

do quod quid erat esse, vale dizer, aquilo em<br />

virtu<strong>de</strong> do que alguma coisa é o que é." A

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