22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ESCOTISMO 347 ESCRAVIDÃO<br />

0 postulado <strong>de</strong> Zermelo, se aplicado aos conjuntos<br />

infinitos, significa simplesmente que se<br />

po<strong>de</strong> falar da existência <strong>de</strong> um membro do<br />

conjunto, mesmo não apresentando uma regra<br />

precisa que permita construir ou reconhecer<br />

esse membro (cf. K. GÕDEL, The Consistency of<br />

tbe Axiom of Choice and of the Generalized<br />

Continuum Hypothesis with the Axíoms ofSet<br />

Theoty, 1940; L. GEYMONAT, Storia e <strong>filosofia</strong><br />

<strong>de</strong>Wanalisi infinitesimale, 1948).<br />

ESCOTISMO (in. Scotism- fr. Scotisme, ai.<br />

Scotísmus; it. Scotismó) Doutrina <strong>de</strong> John Duns<br />

Scot (1266-1308) e <strong>de</strong> seus discípulos, que tem<br />

as características abaixo enumeradas.<br />

V Doutrina do caráter prático da ciência<br />

teológica: esta não conteria verda<strong>de</strong>s teóricas,<br />

mas só regras para a conduta humana em vista<br />

da salvação eterna.<br />

2 a Afirmação da in<strong>de</strong>monstrabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

número relevante <strong>de</strong> proposições filosóficas e<br />

teológicas. Duns Scot acreditava ser impossível<br />

<strong>de</strong>monstrar, p. ex., todos os atributos <strong>de</strong> Deus<br />

ou a imortalida<strong>de</strong> da alma. Na obra a ele atribuída<br />

(cuja autenticida<strong>de</strong> é duvidosa), Theoremata,<br />

numerosas outras proposições teológicas<br />

são <strong>de</strong>claradas in<strong>de</strong>monstráveis.<br />

3- Doutrina da univocida<strong>de</strong>do ser, em oposição<br />

ao tomismo: a metafísica é a ciência suprema,<br />

que tem por objeto o ser em geral,<br />

tanto o das criaturas quanto o <strong>de</strong> Deus.<br />

4 a Doutrina da individuação: a individuaçâo<br />

é a última <strong>de</strong>terminação da forma, da matéria<br />

e do seu composto, ou seja, é a haecceitas (v.<br />

INDIVIDUAÇÂO). Essa doutrina foi interpretada<br />

pela escola <strong>de</strong> Scot em oposição à tomista, segundo<br />

a qual a individuação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da matéria<br />

signata, no sentido <strong>de</strong> que a individuação<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das formas, mais precisamente da<br />

superposição <strong>de</strong> um número in<strong>de</strong>finido <strong>de</strong> formas<br />

no mesmo composto.<br />

5- Voluntarismo: doutrina do primado da<br />

vonta<strong>de</strong>, que Duns Scot compartilha com Henrique<br />

<strong>de</strong> Gand (v. VOLUNTARISMO).<br />

ESCRAVIDÃO (gr. õouXeía; lat. Servitus; in.<br />

Slavert; fr. Esdavage, ai. Sklaverei; it. Schiavitü).<br />

Entre os filósofos, a justificação da E. sempre<br />

teve a mesma forma: a E. é útil não só ao<br />

senhor como também ao escravo. Por esse motivo,<br />

Aristóteles consi<strong>de</strong>ra a E. uma das divisões<br />

naturais da socieda<strong>de</strong>, semelhante à divisão entre<br />

homem e mulher: como há "quem é naturalmente<br />

disposto ao comando" e "quem é naturalmente<br />

disposto a ser mandado", é graças<br />

à união que "ambos po<strong>de</strong>m sobreviver". Portan-<br />

to, A E. é "vantajosa tanto para o senhor quanto<br />

para o escravo" (Pol., I, 2, 1552 a). Citando<br />

Aristóteles, S. Tomás dizia: "Que um homem<br />

seja escravo e não outro é coisa que, <strong>de</strong> um<br />

ponto <strong>de</strong> vista absoluto, não tem razão natural,<br />

mas só razão <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>, porquanto é útil ao<br />

escravo ser governado por um homem mais<br />

pru<strong>de</strong>nte, e é útil a este último ser ajudado<br />

pelo escravo" (S. Th., II, 2, q. 57, a. 3, ad 2 Q ). O<br />

modo como Hegel comenta a figura servosenhor<br />

em Fenomenología do espírito obe<strong>de</strong>ce<br />

ao mesmo espírito <strong>de</strong> justificação. O senhor é a<br />

autoconsciência do escravo e o escravo é o instrumento<br />

que elabora os objetos, a fim <strong>de</strong> que<br />

o senhor os usufrua e, <strong>de</strong>sse modo, ele próprio<br />

participe, por mediação, da fruição do objeto,<br />

assim como, por mediação, o senhor participa<br />

da produção <strong>de</strong>le (Phãnomen. <strong>de</strong>s Geistes, I. IV,<br />

A; trad. it., pp. 168 ss.).<br />

Por outro lado, o cristianismo tornara insignificante<br />

a E. e, em um certo sentido, a sua<br />

con<strong>de</strong>nação. Uma vez que tanto o ju<strong>de</strong>u quanto<br />

o grego, tanto o servo quanto o homem<br />

livre, tanto o homem quanto a mulher "fazem<br />

uma só coisa em Jesus Cristo" (GaL, III, 28),<br />

não é importante ser escravo ou livre, mas ser<br />

"liberto do Senhor" (/ Cor., VII, 21-22). No<br />

mundo antigo, só os estóicos con<strong>de</strong>naram sem<br />

reservas a E.: "Só o sábio é livre, os maus são<br />

escravos: já que a liberda<strong>de</strong> não é senão auto<strong>de</strong>terminação<br />

e a E. é a ausência <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>terminação.<br />

Há, então, outra E., que consiste na<br />

sujeição ou na compra e na sujeição, à qual se<br />

contrapõe a senhoria, que é também maléfica"<br />

(DIOG. L, VII, 121). Ao lado da negação da E.<br />

como instituição social, os estóicos fizeram prevalecer<br />

o conceito da E. como estado ou situação<br />

moral. Dizia Sêneca: '"São escravos'. Sim,<br />

mas também homens. 'São escravos'. Sim, mas<br />

também companheiros <strong>de</strong> habitação. 'São<br />

escravos'. Sim, mas também amigos humil<strong>de</strong>s.<br />

'São escravos'. Sim, mas também companheiros<br />

<strong>de</strong> escravidão, se refletires que uns e outros estão<br />

sujeitos aos caprichos da sorte" (Ep., 47):<br />

conceitos que se repetiram <strong>de</strong> várias formas na<br />

literatura romana, embora nada tivessem <strong>de</strong><br />

correspon<strong>de</strong>nte no direito romano codificado,<br />

para o qual o escravo era a "coisa" do patrão.<br />

No mundo mo<strong>de</strong>rno, foi a <strong>filosofia</strong> iluminista<br />

que mostrou a noção <strong>de</strong> E. como absurda e<br />

repugnante: sua <strong>de</strong>fesa da noção <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong><br />

significa a con<strong>de</strong>nação da E. em todas as<br />

suas formas e graus (cf., p. ex., VOLTAIRE,<br />

Dictionnaíre Philosophique, 1764, artigo "Égalité").

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!