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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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COMUNIDADE 162 COMUNISMO<br />

outras substâncias. Era essa a teoria das causas<br />

ocasionais, sustentada, entre outros, por Malebranche<br />

(Recherche <strong>de</strong> Ia vérité, III, II, 3).<br />

Leibniz consi<strong>de</strong>rou a primeira teoria impossível<br />

e a segunda, miraculosa; enten<strong>de</strong>u a C. como<br />

harmonia preestabelecida (v.), esten<strong>de</strong>ndo-a<br />

até enten<strong>de</strong>r a relação entre todas as partes do<br />

universo, isto é, entre todas as mônadas que o<br />

compõem: a harmonia é preestabelecida por<br />

Deus <strong>de</strong> tal modo que a cada estado <strong>de</strong> uma<br />

mônada correspon<strong>de</strong> um estado das outras mônadas<br />

(Op., ed. Gerhardt, IV, pp. 500-501).<br />

Obviamente, a teoria <strong>de</strong> Leibniz nào é a solução<br />

do problema da C; tem, <strong>de</strong> resto, o objetivo <strong>de</strong><br />

tornar inútil a própria C, assegurando a relação<br />

preor<strong>de</strong>nada das mônadas entre si. O próprio<br />

Leibniz nota que sua doutrina faz da alma uma<br />

espécie <strong>de</strong> máquina imaterial (Ihid., p. 548).<br />

Esse traço revela quanto essa doutrina está distante<br />

da noção contemporânea <strong>de</strong> C, que,<br />

como dissemos, nunca é automática e não po<strong>de</strong><br />

subsistir entre os autômatos ou entre as peças<br />

<strong>de</strong> um autômato.<br />

COMUNIDADE (in. Community, fr. Communauté,<br />

ai. Gemeinschaft; it. Comunitã). 1.<br />

Kant <strong>de</strong>u esse nome à terceira categoria da relação,<br />

a da ação recíproca, e também à terceira<br />

analogia da experiência (ou princípio da C.) assim<br />

expressa: "Todas as substâncias, na medida<br />

em que po<strong>de</strong>m ser percebidas no espaço como<br />

simultâneas, estão entre si em ação recíproca<br />

universal." Observava a respeito: "A palavra<br />

Gemeinschaft tem duplo significado, po<strong>de</strong>ndo<br />

indicar tanto communio quanto commercium.<br />

Aqui utilizamos o segundo sentido, como comunhão<br />

dinâmica sem a qual nem a comunhão<br />

espacial (communio spatii) po<strong>de</strong>ria ser conhecida<br />

empiricamente" (Crít. R. Pura, Analítica dos<br />

Princípios, 3 a analogia). Nessa aplicação, esse<br />

termo não teve êxito.<br />

2. Contudo, a partir do Romantismo (esp.<br />

Schleiermacher), esse termo foi usado para indicar<br />

a forma da vida social caracterizada por<br />

um vínculo orgânico, intrínseco e perfeito entre<br />

os seus membros. Nesse sentido, C. foi contraposta<br />

a socieda<strong>de</strong> numa obra <strong>de</strong> FERDINANDO<br />

TÕNNIES, C. e Socieda<strong>de</strong>, publicada em 1887.<br />

"Tudo o que é confiança, intimida<strong>de</strong> e vida exclusivamente<br />

em conjunto", dizia Tõnnies,<br />

"compreen<strong>de</strong>-se como vida em comunida<strong>de</strong>. A<br />

socieda<strong>de</strong> é o que é público, é o mundo; ao<br />

contrário, encontramo-nos em comunida<strong>de</strong><br />

com as pessoas que nos são caras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

nascimento, ligados a elas no bem e no mal. Na<br />

socieda<strong>de</strong>, entra-se como em terra estranha.<br />

Costuma-se prevenir o adolescente contra a má<br />

socieda<strong>de</strong>, mas a expressão 'má C soa como<br />

contradição" (Gemeinschaft und Gesellschaft, I,<br />

1). Assim expresso, esse conceito inclui óbvias<br />

conotações <strong>de</strong> valor, pelas quais se presta pouco<br />

ao uso objetivo, pois parece claro que não<br />

existe nenhuma C, pura e nenhuma socieda<strong>de</strong><br />

pura, e que a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer uma distinção<br />

nesse sentido não é sugerida pela observação,<br />

mas pela aspiração a um i<strong>de</strong>al. Portanto,<br />

ao ser utilizado pelos sociólogos posteriores<br />

(entre os quais Simmel, Cooley, Weber, Durkheim,<br />

e outros), esse significado foi sofrendo<br />

transformações, até assumir o uso corrente na<br />

sociologia contemporânea, <strong>de</strong> distinção entre<br />

relações sociais <strong>de</strong> tipo local e relações <strong>de</strong> tipo<br />

cosmopolita, distinção esta puramente <strong>de</strong>scritiva<br />

entre comportamentos vinculados à C. restrita<br />

em que se vive e comportamentos orientados<br />

ou abertos para uma socieda<strong>de</strong> mais<br />

ampla (R. K. MERTON, Social Theory and Social<br />

Structure, 1957, pp. 393 ss.).<br />

COMUNISMO (in. Communism- fr. Communisme,<br />

ai. Kommunismus; it. Comunismo).<br />

I<strong>de</strong>ologia política que tem como programa o<br />

Manifesto Comunista publicado por Marx e<br />

Engels em 1847, <strong>de</strong>senvolvido nas obras <strong>de</strong><br />

Marx e Engels, bem como <strong>de</strong> Lênin e Stálin. Tal<br />

i<strong>de</strong>ologia po<strong>de</strong> ser resumida nos seguintes<br />

pontos fundamentais: I a a personalida<strong>de</strong> humana<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> historicamente <strong>de</strong>terminada<br />

a que pertence, e nada é fora e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da própria socieda<strong>de</strong>; 2 Q a<br />

estrutura <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> historicamente <strong>de</strong>terminada<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das relações <strong>de</strong> produção e<br />

<strong>de</strong> trabalho próprias <strong>de</strong>ssa socieda<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>terminam<br />

todas as suas manifestações: moralida<strong>de</strong>,<br />

religião, <strong>filosofia</strong>, etc, além das formas<br />

<strong>de</strong> sua organização política. Esses dois<br />

pontos constituem a doutrina do materialismo<br />

histórico (v.); 3 a a luta <strong>de</strong> classes tem caráter<br />

permanente e necessário em toda e qualquer<br />

socieda<strong>de</strong> capitalista, isto é, em qualquer socieda<strong>de</strong><br />

cujos meios <strong>de</strong> produção sejam proprieda<strong>de</strong><br />

privada; 4 S <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alcançar o ponto<br />

máximo <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> riqueza em poucas<br />

mãos e <strong>de</strong> empobrecimento e nivelamento<br />

<strong>de</strong> todos os trabalhadores, a socieda<strong>de</strong> capitalista<br />

passa, necessária e inevitavelmente, para a<br />

socieda<strong>de</strong> socialista, que possui e exerce diretamente<br />

os meios <strong>de</strong> produção e é, por isso,<br />

sem classes; 5 S existe um período <strong>de</strong> transição<br />

entre a socieda<strong>de</strong> capitalista e a socieda<strong>de</strong> co-

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