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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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EMPIRIOCRITICISMO 326 EMPIRISMO<br />

3 S E. é o atributo do conhecimento válido,<br />

do conhecimento que po<strong>de</strong> ser posto à prova<br />

ou verificado, e opõe-se a metafísico, enquanto<br />

atributo <strong>de</strong> uma pretensão cognitiva infundada,<br />

não verificável. Nesse sentido, esse adjetivo<br />

correspon<strong>de</strong> ao significado 2 B , b) da palavra<br />

"experiência".<br />

4 e E. contrapõe-se a experimental quando<br />

indica a experiência bruta ou a observação não<br />

controlada, confrontada ao experimento, que<br />

é a observação controlada e provocada.<br />

5 S E. significa factual, e "enunciado E." é<br />

um enunciado que diz respeito a estados <strong>de</strong><br />

fato. Nesse sentido, esse adjetivo contrapõe-se<br />

a analítico, que qualifica os enunciados que<br />

exprimem simples relações conceituais ou lingüísticas.<br />

EMPIRIOCRITICISMO (ai. Empiriokriticismus).<br />

Foi assim que R. Avenarius chamou sua<br />

"<strong>filosofia</strong> da experiência pura", que ele concebeu<br />

como ciência rigorosa, análoga às ciências<br />

naturais positivas, portanto exclu<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> qualquer<br />

metafísica. A tese fundamental do E. é que<br />

a experiência pura prece<strong>de</strong> a distinção entre físico<br />

e psíquico e, portanto, não po<strong>de</strong> ser interpretada<br />

em bases materialistas nem i<strong>de</strong>alistas. Os<br />

elementos da experiência pura são as sensações,<br />

que são acompanhadas pelos caracteres, qualificações<br />

várias que as sensações recebem em<br />

suas diversas relações: p. ex., prazer e dor, aparência<br />

e realida<strong>de</strong>, certo e incerto, conhecido<br />

e <strong>de</strong>sconhecido, etc. O que chamamos <strong>de</strong><br />

"coisa" e <strong>de</strong> "pensamento" não passam <strong>de</strong> diversas<br />

formas <strong>de</strong> posição dos mesmos conjuntos<br />

<strong>de</strong> elementos, no sentido <strong>de</strong> que a sua diferença<br />

só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> "caracteres"<br />

e que essa diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da relação<br />

biológica com o ambiente circundante<br />

(Kritik <strong>de</strong>r reinen Erfahrung, 1888-1890, 2<br />

vols.). Algumas <strong>de</strong>ssas teses, e especialmente<br />

a <strong>de</strong> que todas as coisas ou pensamentos se<br />

compõem <strong>de</strong> um complexo <strong>de</strong> sensações que<br />

não são entida<strong>de</strong>s físicas nem entida<strong>de</strong>s psíquicas,<br />

são aceitas e <strong>de</strong>fendidas por Mach<br />

(Analyse <strong>de</strong>r Empfindungen, 1900).<br />

EMPIRISMO (in. Empiricism; fr. Empirisme,<br />

ai. Empirismus; it. Empirismo). Corrente filosófica<br />

para a qual a experiência é critério ou<br />

norma da verda<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rando-se a palavra<br />

"experiência" no significado 2 B . Em geral, essa<br />

corrente caracteriza-se pelo seguinte: I a negação<br />

do caráter absoluto da verda<strong>de</strong> ou, ao menos,<br />

da verda<strong>de</strong> acessível ao homem; 2 S reconhecimento<br />

<strong>de</strong> que toda verda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve<br />

ser posta à prova, logo eventualmente modificada,<br />

corrigida ou abandonada. Portanto, o E.<br />

não se opõe à razão ou não a nega, a não ser<br />

quando a razão preten<strong>de</strong> estabelecer verda<strong>de</strong>s<br />

necessárias, que valham em absoluto, <strong>de</strong> tal forma<br />

que seria inútil ou contraditório submetêlas<br />

a controle. Foi <strong>de</strong>sse modo que Sexto Empírico<br />

caracterizou o E., e, com base nessas<br />

características, reconhecia o seu parentesco com<br />

o ceticismo; essas características continuaram<br />

sendo fundamentais em todas as doutrinas posteriormente<br />

<strong>de</strong>nominadas empíricas, quaisquer<br />

que fossem suas <strong>de</strong>terminações peculiares.<br />

Sexto Empírico diz que o médico empírico,<br />

ou melhor, metódico, "nada afirma temerariamente<br />

acerca dos fatos obscuros, mas, sem preten<strong>de</strong>r<br />

dizer se são compreensíveis ou não,<br />

acompanha os fenômenos e <strong>de</strong>stes toma aquele<br />

que lhe parece útil, assim como fazem os céticos".<br />

E acrescenta: o que a medicina metódica<br />

e o ceticismo têm em comum é a falta <strong>de</strong><br />

dogmas e a indiferença no uso das palavras,<br />

sendo comum também a regra <strong>de</strong> seguir as<br />

indicações da natureza e as fornecidas pelas<br />

necessida<strong>de</strong>s do corpo (Pirr. hyp., I, 236-41).<br />

Depois <strong>de</strong> vários séculos, Leibniz dava o mesmo<br />

conceito <strong>de</strong> E., mas contrapondo nitidamente<br />

o procedimento empírico ao racional:<br />

"Os homens agem como os animais na medida<br />

em que o concatenamento <strong>de</strong> suas percepções<br />

só é realizado pela memória, assemelhando-se<br />

assim aos médicos empíricos, que só têm prática<br />

e nenhuma teoria. Em três quartos <strong>de</strong> nossas<br />

ações nós somos apenas empíricos: p. ex.,<br />

quando prevemos que vai amanhecer, estamos<br />

agindo empiricamente, pois estamos esperando<br />

que aconteça o que sempre aconteceu. Só<br />

o astrônomo julga esse fenômeno com a razão.<br />

Mas é o conhecimento das verda<strong>de</strong>s necessárias<br />

e eternas que nos distingue dos simples<br />

animais e nos faz ter razão e ciência,<br />

elevando-nos ao conhecimento <strong>de</strong> nós mesmos<br />

e <strong>de</strong> Deus" (Monad., §§ 28-29). A razão,<br />

nesse sentido, é infalível. Se como faculda<strong>de</strong><br />

humana pocie enganar-se, como "concatenação<br />

das verda<strong>de</strong>s e das objeções em boa forma, é<br />

impossível que a razão nos engane" (Théod.,<br />

Disc, § 65). É muito provável que <strong>de</strong>ssas observações<br />

<strong>de</strong> Leibniz nos tenha chegado o conceito<br />

<strong>de</strong> E., <strong>de</strong> racionalismo e da oposição entre<br />

ambos. O racionalismo (v.) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a tese<br />

da necessida<strong>de</strong> da razão como "concatenação<br />

das verda<strong>de</strong>s", e não como faculda<strong>de</strong>, no sentido<br />

<strong>de</strong> que ela não po<strong>de</strong> ser diferente do que

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