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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ACATALEPSIA 13 ACIDENTE<br />

e não é <strong>de</strong> natureza objetiva. Para que seja <strong>de</strong><br />

natureza objetiva, tal imprevisibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser<br />

realmente <strong>de</strong>vida a uma in<strong>de</strong>terminação efetiva<br />

inerente ao funcionamento da própria causalida<strong>de</strong>.<br />

3 Q Essa última alternativa constitui um terceiro<br />

conceito do A., conceito que se po<strong>de</strong> fazer<br />

remontar a Hume. Parece que Hume quer reduzir<br />

o acaso a um fenômeno puramente subjetivo,<br />

pois diz: "Embora não haja no mundo alguma<br />

coisa como o A., a nossa ignorância da<br />

causa real <strong>de</strong> cada acontecimento exerce a<br />

mesma influência sobre o intelecto e gera semelhante<br />

espécie <strong>de</strong> crença ou <strong>de</strong> opinião".<br />

Mas, na realida<strong>de</strong>, se não existe "A." como noção<br />

ou categoria em si, tampouco existe a "causa"<br />

no sentido necessário e absoluto do termo;<br />

existe somente a "probabilida<strong>de</strong>". E é na probabilida<strong>de</strong><br />

que está fundado o que chamamos A.:<br />

"Parece evi<strong>de</strong>nte que, quando a mente procura<br />

prever para <strong>de</strong>scobrir o acontecimento que<br />

po<strong>de</strong> resultar do lançamento do dado, consi<strong>de</strong>ra-se<br />

o aparecimento <strong>de</strong> cada lado como igualmente<br />

provável; e essa é a verda<strong>de</strong>ira natureza<br />

do A.: <strong>de</strong> igualar inteiramente todos os eventos<br />

individuais que compreen<strong>de</strong>" (Inq. Cone. Un<strong>de</strong>rst.,<br />

VI). Essa idéia <strong>de</strong> Hume <strong>de</strong>veria revelarse<br />

extremamente fecunda na <strong>filosofia</strong> contemporânea.<br />

O conceito <strong>de</strong> que o A. consiste na<br />

equivalência <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>s que não dão<br />

acesso a uma previsão positiva em um sentido<br />

ou em outro foi enfatizado por Peirce, que também<br />

viu sua implicação filosófica fundamental:<br />

a eliminação do "necessitarismo", isto é, da<br />

doutrina segundo a qual tudo no mundo acontece<br />

por necessida<strong>de</strong> (Chance, Love and Logic,<br />

II, 2; trad. it., p. 128 ss.). Desse ponto <strong>de</strong> vista,<br />

o A. torna-se um exemplo particular do juízo<br />

<strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>, mais precisamente, <strong>de</strong> que a<br />

própria probabilida<strong>de</strong> não tem relevância suficiente<br />

para permitir prever um evento. Nesse<br />

sentido, o A. foi consi<strong>de</strong>rado uma espécie <strong>de</strong><br />

entropia (v.) e o conceito relativo comumente<br />

é empregado no campo da informação e da cibernética<br />

(v.).<br />

ACATALEPSIA (gr. âKaxa^riv|/ía; in. Acatalepsy,<br />

fr. Acatalepsie, ai. Akatalepsie, it. Acatalessid).<br />

É a negação feita por Pirro e pelos outros<br />

céticos antigos da representação compreensiva<br />

((pavTocaíaKaTocÀT|7rTiKri), isto é, do<br />

conhecimento que permite compreen<strong>de</strong>r e<br />

apreen<strong>de</strong>r o objeto, que, segundo os Estóicos,<br />

era o verda<strong>de</strong>iro conhecimento. A acatalepsia é<br />

a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>clara não compreen<strong>de</strong>r e,<br />

portanto, suspen<strong>de</strong> o seu assentimento, isto é,<br />

não afirma nem nega (SEXTO EMPÍRTCO, Pirr. hyp.,<br />

I, 25).<br />

ACCEDENTIS FALLACIA. A falácia (v.) já<br />

é i<strong>de</strong>ntificada por Aristóteles (El. sof, 5, 166 b)<br />

como <strong>de</strong>rivada da i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> uma coisa<br />

com um seu aci<strong>de</strong>nte ou atributo aci<strong>de</strong>ntal ("Se<br />

Corisco é diferente <strong>de</strong> Sócrates, e Sócrates é homem,<br />

Corisco é diferente <strong>de</strong> um homem"). Cf.<br />

PEDRO HISPANO, Summ. log., 7, 40 ss. G. P.<br />

ACENTO (gr. rcpoouôía; lat. Accentus; in.<br />

Accent; fr. Accent; ai. Prosodie, it. Accento).<br />

Segundo Aristóteles (Sof. ei, 4, 166 b), seguido<br />

pelos lógicos medievais (cf. PEDRO HISPANO,<br />

Summ. log., 7, 31), da acentuação diferente das<br />

palavras po<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivar, em enunciados escritos,<br />

uma equivocida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> causar paralogismos.<br />

G. P.<br />

ACIDENTE (gr. cruu.pefkiKÓÇ; lat. Acci<strong>de</strong>ns;<br />

in. Acci<strong>de</strong>nt; fr. Acci<strong>de</strong>nt; ai. Acci<strong>de</strong>nz; it. Acci<strong>de</strong>ntè).<br />

Po<strong>de</strong>m-se distinguir três significados<br />

fundamentais <strong>de</strong>sse termo, quais sejam:<br />

I a uma <strong>de</strong>terminação ou qualida<strong>de</strong> casual<br />

ou fortuita que po<strong>de</strong> pertencer ou não a <strong>de</strong>terminado<br />

sujeito, sendo completamente estranha<br />

à essência necessária (ou substância) <strong>de</strong>ste;<br />

2 B uma <strong>de</strong>terminação ou qualida<strong>de</strong> que, embora<br />

não pertencendo à essência necessária<br />

(ou substância) <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado sujeito e estando,<br />

portanto, fora <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>finição, está vinculada<br />

à sua essência e <strong>de</strong>riva necessariamente<br />

da sua <strong>de</strong>finição;<br />

3 S uma <strong>de</strong>terminação ou qualida<strong>de</strong> qualquer<br />

<strong>de</strong> um sujeito, que pertença ou não à sua essência<br />

necessária.<br />

Os dois primeiros significados do termo foram<br />

elaborados por Aristóteles. "Aci<strong>de</strong>nte", diz<br />

ele (Top., I, 5, 102 b 3), "não é nem a <strong>de</strong>finição<br />

nem o caráter nem o gênero, mas, apesar disso,<br />

pertence ao objeto; ou também, é o que<br />

po<strong>de</strong> pertencer e não pertencer a um só e mesmo<br />

objeto, qualquer que seja ele." Como essa<br />

<strong>de</strong>finição exprime a essência necessária <strong>de</strong><br />

uma realida<strong>de</strong>, isto é, a substância (v. DEFINI-<br />

ÇÃO), o aci<strong>de</strong>nte está fora da essência necessária<br />

e, portanto, po<strong>de</strong> pertencer ou não ao objeto<br />

a que se refere. Todavia, o aci<strong>de</strong>nte po<strong>de</strong><br />

ter uma relação mais ou menos estreita com o<br />

objeto a que se refere, conforme a causa <strong>de</strong>ssa<br />

relação; por isso, Aristóteles distingue dois significados,<br />

ambos empregados no Organon e<br />

A metafísica: 1- o aci<strong>de</strong>nte po<strong>de</strong> ser casual na<br />

medida em que a sua causa é in<strong>de</strong>terminada:<br />

p. ex., um músico po<strong>de</strong> ser branco, mas como

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