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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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PROBABILISMO 796 PROBLEMA<br />

consi<strong>de</strong>radas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa or<strong>de</strong>nação.<br />

Caracterizam a disposição ou propensão da<br />

or<strong>de</strong>nação experimental a dar origem a certas<br />

freqüências características, quando o experimento<br />

é repetido várias vezes" ("The Propensity<br />

Interpretation of the Calculus of Probability<br />

and the Quantum Theory", em Observation and<br />

Interpretation. A Symposium ofPbilosophers and<br />

Pbysicists, ed. por Kõrner, 1957, p. 67). A vantagem<br />

<strong>de</strong>ssa interpretação seria consi<strong>de</strong>rar fundamental<br />

"a P. do resultado <strong>de</strong> um experimento<br />

único em relação com suas condições, e<br />

não a freqüência dos resultados numa série <strong>de</strong><br />

experimentos" (Ibíd., p. 68). Popper faz analogia<br />

entre esse conceito e o <strong>de</strong> campo (v,),<br />

observando que nesse caso uma P. po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada um "vetor no espaço das possibilida<strong>de</strong>s"<br />

(Ibid). Essa interpretação ten<strong>de</strong>, obviamente,<br />

a diminuir a distância entre os dois<br />

conceitos fundamentais <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong>.<br />

PROBABILISMO (in. Probabilism, fr. Probabilisme,<br />

ai. Probabilísmus; it. Probabilismo).<br />

1. Ceticismo da Nova Aca<strong>de</strong>mia que, mesmo<br />

negando a existência <strong>de</strong> um critério <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>,<br />

consi<strong>de</strong>rava critério suficiente para dirigir a<br />

conduta da vida aquilo que Arcesilau chamava<br />

<strong>de</strong> plausível (Siixm E., Adi: malh.. Vil. 158) e<br />

Carnéa<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> provável (Ibid., VII, 166; Pirr.<br />

hyp.. 1, 33. 226).<br />

2. Doutrina á qual Ireqüentemente recorria<br />

a casuística dos jesuítas do séc. XVII, segundo<br />

o qual, para não pecar, nos casos <strong>de</strong><br />

regra da moral duvidosa, basta ater-se a uma<br />

opinião provável, consi<strong>de</strong>rando-se provável<br />

a opinião <strong>de</strong>fendida por algum teólogo.<br />

Leibniz observava a respeito: "O <strong>de</strong>feito dos<br />

moralistas laxistas foi, em gran<strong>de</strong> parte, terem<br />

uma noção <strong>de</strong>masiadamente limitada e<br />

insuficiente do provável, que eles i<strong>de</strong>ntificaram<br />

com o opinável <strong>de</strong> Aristóteles", enquanto<br />

o provável é, segundo Leibniz, um conceito<br />

muito mais amplo (Nouv. ess., IV, 2, 14). O P.<br />

teve, especialmente no séc. XVII. inúmeras variantes,<br />

entre as quais po<strong>de</strong>mos lembrar: o<br />

probabíliorísmo, segundo o qual, nos casos <strong>de</strong><br />

aplicação duvidosa <strong>de</strong> uma regra moral, não se<br />

<strong>de</strong>ve adotar uma opinião provável qualquer,<br />

mas a mais provável, e o lutiorismo, segundo<br />

o qual é preciso seguir a opinião que se conforma<br />

com a lei. Trata-se <strong>de</strong> doutrinas ou -disputas<br />

que não têm significado fora da casuística jesuíta<br />

do séc. XVII (cf. A. ScuMirr, Zur Geschichte<br />

<strong>de</strong>s Probabilismus, 1904).<br />

3. Corrente da ciência contemporânea, que<br />

atribui caráter <strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> a gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> conhecimentos ou a todos eles (v.<br />

CAUSALIDADE; CONDIÇÃO; DHTKKMINISMO).<br />

PROBLEMA (gr. npófSA.riua; lat. Problema,<br />

in. Problem, fr. Problème, ai. Problem, it. Problema).<br />

Em geral, qualquer situação que inclua<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma alternativa. O P. não<br />

tem necessariamente caráter subjetivo, nào é<br />

redutível à dúvida, embora, em certo sentido,<br />

a dúvida também seja um problema. Trata-se<br />

mais do caráter <strong>de</strong> uma situação que nào tem<br />

um significado único ou que inclui alternativas<br />

<strong>de</strong> qualquer espécie. P. é a <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> uma<br />

situação <strong>de</strong>sse gênero.<br />

A noção <strong>de</strong> P. foi elaborada pela matemática<br />

antiga, que a distinguiu cia noção <strong>de</strong> teorema<br />

(v.). Por problema enten<strong>de</strong>u-se uma proposição<br />

que parte <strong>de</strong> certas condições conhecidas<br />

para buscar alguma coisa <strong>de</strong>sconhecida. Alguns<br />

geômetras (provavelmente os da escola platônica)<br />

acreditavam que sua ciência era constituída<br />

essencialmente por problemas; outros,<br />

por teoremas (PROCI.O, Com. ao I <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s,<br />

77, 7-81, 22, Friedlein). Aristóteles <strong>de</strong>finia o P.<br />

como um procedimento, dialético que ten<strong>de</strong> à<br />

escolha ou â recusa, ou também à verda<strong>de</strong> e ao<br />

conhecimento" (7b/).. I. II, 104 b), no qual as<br />

palavras "escolha" ou "recusa" significam as<br />

alternativas que se apresentam aos problemas<br />

cie or<strong>de</strong>m prática, enquanto "verda<strong>de</strong>" e "conhecimento"<br />

<strong>de</strong>signam as alternativas teóricas.<br />

Aristóteles exemplifica sua <strong>de</strong>finição dizendo<br />

que pertence â primeira espécie o P. <strong>de</strong> saber<br />

se o prazer é um bem ou não; à segunda espécie,<br />

o P. <strong>de</strong> saber se o mundo é eterno {Ibid..<br />

1Ü4 b 8). Visto que, on<strong>de</strong> existem P. também<br />

existem silogismos contrários, os P., segundo<br />

Aristóteles, só po<strong>de</strong>m nascer quando nào há<br />

discurso conclu<strong>de</strong>nte: em outros termos, o P.<br />

pertence ao domínio da dialética, isto é, dos<br />

discursos prováveis, e nào ao da ciência. Seja<br />

como for, para Aristóteles o P. conserva o caráter<br />

<strong>de</strong> incieterminação que lhe é dado pela<br />

alternativa. No uso matemático do termo, porém,<br />

esse caráter foi-se atenuando. A lógica<br />

medieval <strong>de</strong>sprezara a análise e a <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong>ssa noção, e quando ela volta a atrair a atenção<br />

dos lógicos, no séc. XVII, o significado<br />

que eles lhe atribuem é extraído da matemática.<br />

Assim, Jungius diz que "o P. ou a proposição<br />

problemática é uma proposição principal<br />

enunciando que alguma coisa po<strong>de</strong> ser feita,<br />

mostrada ou achada" (lógica hamburgensis,

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