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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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DEUS, PROVAS DE 262 DEUS, PROVAS DE<br />

Religion, 1875, com o título Theism, 1957, p.<br />

27). C. S. Peirce <strong>de</strong>u-lhe uma forma não muito<br />

diferente da tradicional, ao consi<strong>de</strong>rar D. como<br />

Ens necessarium, criador dos três universos <strong>de</strong><br />

experiência (das idéias puras, das coisas reais<br />

e dos signos), cuja existência po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrada<br />

pela or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sses três mundos e por sua<br />

concordância (Coll. Pap., 6, 452 ss.; o texto é <strong>de</strong><br />

1908). Contudo, não se <strong>de</strong>ve esquecer que o<br />

conceito <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m (v.) é relativo; como<br />

observava Peirce, "um mundo aleatório é simplesmente<br />

o nosso mundo real do ponto <strong>de</strong><br />

vista <strong>de</strong> um animal com o mínimo absoluto <strong>de</strong><br />

inteligência"; portanto, a noção <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m dificilmente<br />

se presta a remontar a noção <strong>de</strong> Espírito<br />

Or<strong>de</strong>nador (Chance, Love and Logic, I, 5,<br />

2; trad. it., p. 83).<br />

3 a Uma variante ou <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>sse<br />

argumento é a prova causai que po<strong>de</strong> ser<br />

encontrada em Aristóteles (Mel., II, 2) e <strong>de</strong>pois<br />

é retomada pelos autores árabes (Avicena) e<br />

por S. Tomás. Funda-se no princípio <strong>de</strong> que é<br />

impossível remontar ao infinito na série das<br />

causas materiais e das causas eficientes, ou<br />

das causas finais ou das conseqüências, e que,<br />

portanto, <strong>de</strong>ve haver, em cada série um primeiro<br />

princípio do qual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a série toda.<br />

Como a argumentação também vale para as<br />

causas finais, leva a ver em D. o fim último, o<br />

bem supremo segundo o qual se or<strong>de</strong>nam todas<br />

as coisas do mundo (Jbid., XII, 7, 1072 b 2).<br />

Essa prova po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma transição<br />

entre a prova teológica e a do movimento;<br />

na verda<strong>de</strong>, às vezes é interpretada como uma,<br />

às vezes como outra.<br />

4 a A prova consi<strong>de</strong>rada mais sólida no mundo<br />

clássico e medieval é a do movimento.<br />

Foi exposta pela primeira vez por Platão ( Leis,<br />

X, 894-95) e reexposta por Aristóteles (Fís.,<br />

VIII, 1; Mel, XII, 7). Na Escolástica latina foi<br />

introduzida por A<strong>de</strong>lardo <strong>de</strong> Bath no séc. XI<br />

(Quaest. nat., 60). Po<strong>de</strong>mos encontrá-la na exposição<br />

<strong>de</strong> S. Tomás, que é a mais clara e sucinta.<br />

Parte do princípio <strong>de</strong> que "tudo o que se<br />

move é movido por outra coisa". Ora, "se aquilo<br />

pelo qual é movido por sua vez se move é<br />

preciso que também ele seja movido por outra<br />

coisa e esta por outra. Mas não é possível continuar<br />

ao infinito; senão, não haveria um primeiro<br />

motor e nem mesmo os outros motores moveriam<br />

assim como, p. ex., o bastão não move<br />

se não for movido pela mão. Portanto, é preciso<br />

chegar a um primeiro motor que não seja<br />

movido por nenhum outro, e por ele todos en-<br />

ten<strong>de</strong>m D." (5". Th., I, q. 2, a. 3). Esse argumento<br />

foi criticado já no fim da Escolástica:<br />

Ockham nega a valida<strong>de</strong> dos dois princípios<br />

em que ele se funda. Na verda<strong>de</strong>, observa ele,<br />

po<strong>de</strong>-se racionalmente afirmar que alguma coisa<br />

se move por si, como a alma, o anjo ou o<br />

peso que ten<strong>de</strong> para baixo; e que o processo<br />

ao infinito se dá freqüentemente na experiência,<br />

p. ex. quando bate numa das extremi-'<br />

da<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um comprimento contínuo: a parte<br />

atingida movimentará a parte mais próxima,<br />

esta movimentará outra, e assim por diante infinitamente<br />

(Cent. theol., Concl. I, D). Essa prova<br />

também conclui apenas pela existência <strong>de</strong> um<br />

primeiro motor, e não <strong>de</strong> uma causa criadora,<br />

sendo utilizada com esse fim por Platão e por<br />

Aristóteles. Kant consi<strong>de</strong>rou essa prova idêntica<br />

às duas prece<strong>de</strong>ntes e observou que é difícil<br />

estabelecer uma proporção precisa entre movimento<br />

e motor, ou seja, induzir da or<strong>de</strong>m e do<br />

movimento a existência e os caracteres <strong>de</strong> uma<br />

causa infinita. "Espera", disse ele, "que ninguém<br />

jamais tenha a presunção <strong>de</strong> conhecer a<br />

relação entre a gran<strong>de</strong>za do mundo por ele<br />

observada (por extensão e conteúdo) e a onipotência,<br />

entre a or<strong>de</strong>m cósmica e a suma sapiência,<br />

entre a unida<strong>de</strong> cósmica e a unida<strong>de</strong><br />

absoluta do criador, etc." (Crít. R. Pura, Dialética,<br />

c. III, seç. 6).<br />

5 e O chamado argumento do graus fora exposto<br />

por Aristóteles em seu maior diálogo juvenil,<br />

Sobre a <strong>filosofia</strong>-. "Em geral, nas coisas<br />

em que há o melhor, há também o ótimo; e<br />

como há o ótimo nas coisas que existem <strong>de</strong> um<br />

modo ou <strong>de</strong> outro, haverá nelas também o<br />

ótimo, que po<strong>de</strong>ria ser divino" (Fr. 16, Rose). Era<br />

reproduzido por Cícero da seguinte forma:<br />

"Não se po<strong>de</strong> afirmar que em cada or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

coisas não haja algum termo extremo, uma perfeição<br />

absoluta, pois vemos que para uma<br />

planta, para um animal, a natureza se não se<br />

lhe opõe força alguma, segue seu caminho e<br />

chega ao termo último, e que a pintura, a<br />

arquitetura e as outras artes alcançam também<br />

resultado perfeito em suas obras. O mesmo<br />

<strong>de</strong>ve ser dito para toda natureza e com muito<br />

maior razão: <strong>de</strong>ve-se necessariamente produzir<br />

e realizar uma forma absolutamente perfeita"<br />

(De nat. <strong>de</strong>or, II, 13, 35). Essa prova foi reexposta<br />

por S. Agostinho (De civ. Dei, VIII, 6) e<br />

encontrou forma clássica em Monologion <strong>de</strong><br />

Anselmo. Diz este: "Se não po<strong>de</strong> negar que<br />

algumas naturezas são melhores do que outras,<br />

a razão nos convence <strong>de</strong> que há uma tão ex-

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