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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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BAROCO 105 BELO<br />

pelo temor à divinda<strong>de</strong>. Deu o nome <strong>de</strong> "retorno<br />

da B." à Ida<strong>de</strong> Média. (Scienza nuova, dignida<strong>de</strong>,<br />

56; Carta a De Angelis, Opere, ed. Utet,<br />

p. 159).<br />

BAROCO. Palavra mnemônica usada pelos<br />

escolásticos para indicar o quarto dos quatro<br />

modos do silogismo <strong>de</strong> segunda figura, mais<br />

precisamente o que consiste numa premissa<br />

universal afirmativa, numa premissa particular<br />

negativa e numa conclusão particular negativa,<br />

como no exemplo: "Todo homem é animal;<br />

algumas pedras não são animais; logo,<br />

algumas pedras não são homens" (PEDRO<br />

HISPANO, Summ. log., 4.11).<br />

Dessa palavra teve origem a palavra "barroco",<br />

usada para <strong>de</strong>signar a forma <strong>de</strong> arte ou, em<br />

geral, o espírito próprio do séc. XVII. "Parece<br />

indubitável", disse Croce, "que essa palavra está<br />

ligada a um daqueles vocábulos artificialmente<br />

compostos e mnemônicos, com que foram <strong>de</strong>signadas<br />

as figuras do silogismo na lógica medieval.<br />

Entre esses vocábulos (Barbara, Celarent,<br />

etc), dois (pelo menos na Itália) chamaram mais<br />

a atenção cio que os outros e tornaram-se quase<br />

proverbiais: o primeiro, Barbara, por ser o<br />

primeiro, e o outro, sabe-se lá por quê, Baroco,<br />

que <strong>de</strong>signava o quarto modo da segunda figura.<br />

Digo não sei por quê, por não ser ele mais<br />

estranho do que os outros, nem mais estranho<br />

o modo <strong>de</strong> silogismo que indicava: talvez para<br />

tanto haja contribuído a aliteração com Barbara"<br />

(Storia <strong>de</strong>lVetà barocca in Itália, 1925; 2 a ed.,<br />

1946, pp. 20-21). Embora essa etimologia tenha<br />

sido comumente aceita, na verda<strong>de</strong> é totalmente<br />

<strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> documentação e os únicos documentos<br />

disponíveis indicam que a palavra<br />

barroco <strong>de</strong>rivou <strong>de</strong> barocchio, que, em Florença,<br />

era uma forma <strong>de</strong> trapaça ou escroqueria.<br />

Tal <strong>de</strong>rivação é mencionada em uma carta <strong>de</strong><br />

Magliabechi, <strong>de</strong> 1688 (cf. FRANCO VENTURI, "La<br />

parola Barocco", em Rivista Storica Italiana,<br />

1959, pp . 128-130).<br />

BEATITUDE. V. BEM-AVENTURANÇA.<br />

BEHAVIORISMO (in. Behaviorism; fr. Comportamentisme,<br />

ai. Behaviorismus; it. Bebaviorismo,<br />

comportamentismo). Corrente da psicologia<br />

contemporânea que ten<strong>de</strong> a restringir a<br />

psicologia ao estudo do comportamento (v.),<br />

eliminando qualquer referência à "consciência",<br />

ao "espírito" e, em geral, ao que não po<strong>de</strong> ser<br />

observado e <strong>de</strong>scrito em termos objetivos. Pavlov<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado seu fundador, pois foi o<br />

autor da teoria dos reflexos condicionados e o<br />

primeiro a fazer pesquisas psicológicas que pres-<br />

cindiam <strong>de</strong> qualquer referência ao "estados<br />

subjetivos" ou "estados interiores". Em 1903,<br />

Pavlov perguntava: "para compreen<strong>de</strong>r os novos<br />

fenômenos, por acaso <strong>de</strong>veremos penetrar<br />

no ser interior do animal, imaginar ao nosso<br />

modo as sensações, os sentimentos e os <strong>de</strong>sejos<br />

<strong>de</strong>les? Para o experimentador científico, parece-me<br />

que a resposta a essa última pergunta<br />

só po<strong>de</strong> ser um não categórico" (Reflexos condicionados,<br />

1950, p. 17). No laboratório <strong>de</strong><br />

Pavlov (como ele mesmo conta [ibid., p. 1291),<br />

foi proibido, até sob pena <strong>de</strong> multa, o uso <strong>de</strong><br />

expressões psicológicas como "o cão adivinhava,<br />

queria, <strong>de</strong>sejava, etc"; e Pavlov não hesitava<br />

em <strong>de</strong>finir como "<strong>de</strong>sesperada", do ponto<br />

<strong>de</strong> vista científico, a situação da psicologia como<br />

ciência dos estados subjetivos (ibid., p. 97).<br />

Todavia, o primeiro a enunciar claramente o<br />

programa do B. foi J. B. Watson em um livro<br />

intitulado O comportamento — Introdução à<br />

psicologia comparada, publicado em 1914. Foi<br />

Watson quem <strong>de</strong>u o nome <strong>de</strong> B. a essa escola<br />

e sua pretensão fundamental era limitar a pesquisa<br />

psicológica às reações objetivamente<br />

observáveis. A força do B. consiste precisamente<br />

na exigência metodológica que impôs:<br />

não é possível falar cientificamente daquilo que<br />

escapa a qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observação<br />

objetiva e <strong>de</strong> controle. O B. foi muitas vezes<br />

interpretado, pelos que o questionam, como a<br />

negação da "consciência", do "espírito" ou dos<br />

"estados interiores", etc. Na realida<strong>de</strong> ele é simplesmente<br />

a negação da introspecção como<br />

instrumento legítimo <strong>de</strong> investigação: negação<br />

que já fora feita por Comte (v. INTROSPECÇÂO).<br />

Além disso, é o reconhecimento <strong>de</strong>liberado do<br />

comportamento como objeto próprio da indagação<br />

psicológica. Nas suas primeiras manifestações,<br />

o B. estava ligado à corrente mecanicista,<br />

para a qual o estímulo externo é a causa do<br />

comportamento, no sentido <strong>de</strong> torná-lo infalivelmente<br />

previsível; o próprio Pavlov ressaltava<br />

essa infalibilida<strong>de</strong> (ibid, p. 133). Mas esse<br />

pressuposto, <strong>de</strong> natureza i<strong>de</strong>ológica, hoje foi<br />

abandonado pelo B., que permeou profundamente<br />

a indagação antropológica mo<strong>de</strong>rna (psicologia,<br />

sociologia, etc.) (v. PSICOLOGIA).<br />

BELO (gr. xò KOCÁ,ÓV; lat. Pulchrum; in. Beautiful;<br />

fr. Beau; ai. Schõn; it. Bello). A noção <strong>de</strong><br />

B. coinci<strong>de</strong> com a noção <strong>de</strong> objeto estético só<br />

a partir do séc. XVIII (v. ESTÉTICA); antes da<br />

<strong>de</strong>scoberta da noção <strong>de</strong> gosto, o B. não era<br />

mencionado entre os objetos produzíveis e, por<br />

isso, a noção correspon<strong>de</strong>nte não se incluía

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