22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

AÇÃO, FILOSOFIA DA AÇÃO, FILOSOFIA DA<br />

comandada, que é a or<strong>de</strong>nada pela vonta<strong>de</strong>, p.<br />

ex., caminhar ou falar, e a A. elícita da vonta<strong>de</strong>,<br />

que é o próprio querer. O fim último da A. não<br />

é o ato elícito da vonta<strong>de</strong>, mas o comandado: já<br />

que o primeiro apetecível é o fim a que ten<strong>de</strong> a<br />

vonta<strong>de</strong>, não a própria vonta<strong>de</strong> iibid., II, I, q. 1,<br />

a. 1 ad 2 a ). Esses conceitos permaneceram durante<br />

muito tempo inalterados e são pressupostos<br />

também pela chamada <strong>filosofia</strong> da A. (v.);<br />

esta, se ten<strong>de</strong> a exaltar a A. como um caminho<br />

para entrar em comunicação mais direta com a<br />

realida<strong>de</strong> ou o Absoluto, ou na posse mais segura<br />

<strong>de</strong>stes, não se preocupa muito em fornecer<br />

um esquema conceituai da A. que lhe <strong>de</strong>termine<br />

as constantes. Essa tentativa, porém, foi<br />

feita por ciências particulares, em vista das suas<br />

exigências, especialmente pela sociologia. Assim,<br />

p. ex., Talcott Parsons <strong>de</strong>terminou o esquema<br />

da ação. Esta implicaria: 1 Q um agente ou<br />

um ator; 2 Q um fim ou estado futuro <strong>de</strong> coisas<br />

em relação ao qual se orienta o processo da A.;<br />

3 U uma situação inicial que difira em um ou<br />

mais importantes aspectos do fim a que ten<strong>de</strong> a<br />

A.; 4 e certo complexo <strong>de</strong> relações recíprocas entre<br />

os elementos prece<strong>de</strong>ntes. "Dentro da área<br />

<strong>de</strong> controle do ator", diz Parsons, "os meios empregados<br />

não po<strong>de</strong>m, em geral, ser consi<strong>de</strong>rados<br />

como escolhidos ao acaso ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

exclusivamente das condições da A., mas <strong>de</strong>vem<br />

<strong>de</strong> algum modo estar sujeitos à influência<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado fator seletivo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,<br />

cujo conhecimento é necessário à compreensão<br />

do andamento concreto da A.". Esse fator é a<br />

orientação normativa que, embora possa ser<br />

diferentemente orientada, não falta em nenhum<br />

tipo <strong>de</strong> A. efetiva (The Structure of Social<br />

Action, 1949, pp. 44-45). Esse esquema analítico<br />

proposto por Parsons sem dúvida correspon<strong>de</strong><br />

muito bem às exigências da análise<br />

sociológica; mas po<strong>de</strong> ser assumido também<br />

em <strong>filosofia</strong> como base para a compreensão da<br />

A. nos vários campos <strong>de</strong> que a <strong>filosofia</strong> se ocupa,<br />

isto é, no campo moral, jurídico, político,<br />

etc.<br />

AÇÃO, FILOSOFIA DA (in. Philosophy of<br />

Action; fr. Phílosophie <strong>de</strong> Vaction, it. Filosofia<br />

<strong>de</strong>lVazioné). Com esse nome indicam-se algumas<br />

manifestações da <strong>filosofia</strong> contemporânea,<br />

caracterizadas pela crença <strong>de</strong> que a A. constitui<br />

o caminho mais direto para conhecer o Absoluto<br />

ou o modo mais seguro <strong>de</strong> possuí-lo. Tratase<br />

<strong>de</strong> uma <strong>filosofia</strong> <strong>de</strong> origem romântica: o<br />

moralismo <strong>de</strong> Fichte fundava-se na superiorida<strong>de</strong><br />

metafísica da A. (V. MORALISMO). O prima-<br />

do da razão prática, <strong>de</strong> que Kant falara, não tinha<br />

significado fora do domínio moral; mas<br />

com Fichte esse primado significa que só na A.<br />

o homem se i<strong>de</strong>ntifica com o Eu infinito. O<br />

símbolo da <strong>filosofia</strong> da A. po<strong>de</strong> ser expresso<br />

na frase <strong>de</strong> Fausto, na obra <strong>de</strong> Goethe, que<br />

propunha traduzir In principio erat Verbum<br />

do IV Evangelho por "No princípio era a A.".<br />

Foi com esses pressupostos românticos que<br />

a <strong>filosofia</strong> da A. se vinculou; na França, através<br />

<strong>de</strong> OUé-Laprune (1830-99) e <strong>de</strong> Blon<strong>de</strong>l (1861-<br />

1949), assumiu forma religiosa: para ela a A. é<br />

o núcleo essencial do homem e só uma análise<br />

da A. po<strong>de</strong> mostrar as necessida<strong>de</strong>s e as <strong>de</strong>ficiências<br />

do homem, assim como sua aspiração<br />

ao infinito, que, por sua vez, só po<strong>de</strong> ser satisfeita<br />

pela A. gratuita e misericordiosa <strong>de</strong> Deus.<br />

A supremacia da A. era transferida por George<br />

Sorel (1847-1922) do domínio religioso para o<br />

social e político. Aqui a ação se <strong>de</strong>sembaraçava<br />

<strong>de</strong> toda limitação factual ou racional e era reconhecida<br />

como capaz <strong>de</strong> criar por si, com o<br />

mito, a sua própria justificação (Réflexions sur<br />

Ia violence, 1906). A crença <strong>de</strong> que a A. possa<br />

produzir por si só as condições cio seu êxito e<br />

por si só justificar-se <strong>de</strong> modo absoluto, constitui<br />

o ativismo (v.) próprio <strong>de</strong> algumas correntes<br />

filosóficas e políticas contemporâneas.<br />

Por uma das não raras ironias da história do<br />

pensamento, justamente uma das correntes que<br />

pertencem à <strong>filosofia</strong> da A. <strong>de</strong>veria levar a noção<br />

<strong>de</strong> A. até seus limites máximos e encaminhá-la<br />

para uma nova fase interpretativa. Essa<br />

corrente é o pragmatismo (v.). Se, num primeiro<br />

momento, William James <strong>de</strong>clara que a<br />

A. é a medida da verda<strong>de</strong> do conhecer e, portanto,<br />

consi<strong>de</strong>ra-a capaz <strong>de</strong> justificar proposições<br />

morais e religiosas teoricamente injustificáveis,<br />

as análises empiristas <strong>de</strong> James e,<br />

melhor ainda, as <strong>de</strong> Dewey <strong>de</strong>veriam evi<strong>de</strong>nciar<br />

o condicionamento da A. por parte das circunstâncias<br />

que a provocam, sua relação com a<br />

siaiação que constitui seu estímulo e, daí, os limites<br />

da sua eficiência e da sua liberda<strong>de</strong>. Mas,<br />

<strong>de</strong>sse ponto <strong>de</strong> vista, a A. <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> estar ligada<br />

unicamente ao sujeito e <strong>de</strong> encontrar unicamente<br />

nele ou na ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le (vonta<strong>de</strong>) o<br />

seu princípio. Per<strong>de</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumar-se<br />

e <strong>de</strong> exaurir-se no próprio sujeito; e torna-se<br />

um comportamento, cuja análise <strong>de</strong>ve<br />

prescindir da divisão das faculda<strong>de</strong>s ou dos<br />

po<strong>de</strong>res da alma, enquanto <strong>de</strong>ve ter presente a<br />

situação ou o estado <strong>de</strong> coisas a que <strong>de</strong>ve a<strong>de</strong>quar-se<br />

(V. AÇÃO; COMPORTAMENTO).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!