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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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APOCATASTASE 73 APOFÁTICO<br />

portanto, está <strong>de</strong>stinado a cumprir" (Et., III, 9,<br />

escól.). Leibniz viu no A. a ação do princípio<br />

interno da mônada que opera a mudança ou a<br />

passagem <strong>de</strong> uma percepção a outra (Monad.,<br />

§ 15). Kant <strong>de</strong>finiu o A. como "a <strong>de</strong>terminação<br />

espontânea da força própria <strong>de</strong> um sujeito, que<br />

acontece por meio da representação <strong>de</strong> uma<br />

coisa futura consi<strong>de</strong>rada como efeito da força<br />

mesma" (Antr., § 73). O A. constitui, por isso, o<br />

que, na Crítica da Razão Prática, se chama<br />

"faculda<strong>de</strong> inferior <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar", que pressupõe<br />

sempre, como motivo <strong>de</strong>terminante, um objeto<br />

empírico: diferentemente da faculda<strong>de</strong> "superior"<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar, que é <strong>de</strong>terminada pela simples<br />

representação da lei (Crít. R. Prática, livro<br />

I, cap. I, § 3, escól. I).<br />

Na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna e contemporânea, esse<br />

termo caiu em <strong>de</strong>suso e foi substituído por<br />

outros como "tendência" ou "vonta<strong>de</strong>", aos quais<br />

se referem às vezes as <strong>de</strong>terminações que a<br />

<strong>filosofia</strong> antiga atribuíra ao apetite.<br />

APOCATASTASE (gr. ànoKaxáoTamç; lat.<br />

Restituticr, in. Apocatastasis; fr. Apocatastasis, ai.<br />

Apokatastasis; it. Apocatastasí). É a teoria própria<br />

dos Padres orientais: prevê a restituição<br />

final do mundo e <strong>de</strong> todos os seres nele contidos<br />

à condição perfeita e feliz que tinham na<br />

origem. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> uma noção diferente<br />

da <strong>de</strong> movimento cíclico, própria dos<br />

antigos (pitagóricos, Anaximandro, estóicos,<br />

etc), que interpreta a vida do mundo como a<br />

recorrência <strong>de</strong> um ciclo sempre idêntico, que<br />

se repete infinitas vezes (v. CICLO DO MUNDO).<br />

Segundo Orígenes, o mundo sensível formouse<br />

com a queda das substâncias intelectuais que<br />

habitavam no mundo inteligível, queda <strong>de</strong>vida<br />

a um ato livre <strong>de</strong> rebelião a Deus, do qual<br />

participaram todos os seres supra-sensíveis, com a<br />

única exceção do Filho <strong>de</strong> Deus. Dessa queda<br />

e da <strong>de</strong>generação que se lhe seguiu, os seres se<br />

reerguerão expiando, com uma série <strong>de</strong> vidas<br />

sucessivas, em vários mundos, seu pecado inicial<br />

e serão, por fim, restituídos à sua condição<br />

primitiva (Injohann., I, 16, 20). Orígenes admite,<br />

assim, pluralida<strong>de</strong> sucessiva <strong>de</strong> mundos, mas<br />

corrige o Estoicismo no sentido <strong>de</strong> que esses<br />

mundos não são repetição uns dos outros. A<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os homens são dotados impe<strong>de</strong><br />

essa repetição (Contra Cels., IV, 67-68). Conceito<br />

análogo é expresso por Gregório <strong>de</strong> Nissa,<br />

que interpreta a sucessão dos mundos como o<br />

teatro da reeducação progresiva dos seres à<br />

condição <strong>de</strong> bem-aventurança original. Gregório<br />

afirma <strong>de</strong>cididamente o caráter universal da A.:<br />

"Até mesmo o inventor do mal (isto é, o <strong>de</strong>mônio)<br />

unirá sua voz ao hino <strong>de</strong> gratidão ao Salvador"<br />

(De hom. opif., 26). Na ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna,<br />

doutrina análoga foi sustentada por Renouvier<br />

em Nova monadologia (1899): retoma-se aqui<br />

a tese <strong>de</strong> Orígenes da pluralida<strong>de</strong> dos mundos<br />

sucessivos e da passagem <strong>de</strong> um mundo ao<br />

outro, <strong>de</strong>terminada pelo uso que o homem faz<br />

da liberda<strong>de</strong> em cada um <strong>de</strong>les; é corrigida só<br />

no sentido <strong>de</strong> que "o fim alcançado torna a<br />

reunir-se com o princípio, não na indistinção<br />

das almas, mas na humanida<strong>de</strong> perfeita, que é<br />

a socieda<strong>de</strong> humana perfeita". A doutrina da A.<br />

distingue-se da concepção clássica dos ciclos<br />

do mundo em dois pontos principais: l s os<br />

mundos que se suce<strong>de</strong>m não são a repetição<br />

idêntica um do outro, porque através <strong>de</strong>les se<br />

realiza progressivamente a recuperação do estado<br />

perfeito original; 2- a sucessão dos mundos<br />

não é sem princípio nem fim, já que começa<br />

com a queda das inteligências celestes e<br />

termina com a A.<br />

APODÍTICA (lat. Apodictica; ai. Apodiktik,<br />

it. Apoditticd). Parte da lógica que tem por objeto<br />

a <strong>de</strong>monstração. Esse nome foi usado por alguns<br />

lógicos do séc. XVII, como p. ex. Jungius.<br />

"Entre as partes especiais da lógica", dizia ele,<br />

"prece<strong>de</strong> por dignida<strong>de</strong> a que tem por objeto a<br />

verda<strong>de</strong> necessária, isto é, a verda<strong>de</strong> propriamente<br />

dita, e que nos conduz através da<br />

apodixe, isto é, a <strong>de</strong>monstração à ciência, <strong>de</strong><br />

modo que é justamente chamada <strong>de</strong> apodítica<br />

ou epistemônica" (Lógica hamburgensis, 1638,<br />

IV, cap. I, § 1). Esse nome <strong>de</strong>pois foi raramente<br />

usado (cf., p. ex., BOUTERWKK, I<strong>de</strong>en zu einer<br />

Apodiktik, 1799).<br />

APODIXE. V. DEMONSTRAÇÃO.<br />

APOFANSE. V. ENUNCIADO.<br />

APOFÂNTICA (in. Apophantic). Termo empregado<br />

por Hamilton para indicar a doutrina<br />

do juízo (Lectures on Logic, I, 1866, p. 225).<br />

APOFÂNTICO (gr. ànoípavTiKÓÇ; in. Apophantic,<br />

fr. Apophantique, ai. Apophantisch; it.<br />

Apofanticó). Declarativo ou revelativo. Aristóteles<br />

chamou <strong>de</strong> A. o enunciado que po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rado verda<strong>de</strong>iro ou falso e consi<strong>de</strong>rou<br />

que esse tipo <strong>de</strong> enunciado é o único objeto da<br />

lógica: da qual, portanto, são excluídas as orações,<br />

as or<strong>de</strong>ns, etc, cujo estudo pertence à retórica<br />

ou à poética (De interpr., 4, 17 a 2). Esse<br />

significado permaneceu fixo no uso filosófico.<br />

APOFÁTICA, TEOLOGIA. V. TEOLOGIA NE-<br />

GATIVA.<br />

APOFÁTICO (gr. à7ro

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