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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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ÁTOMO 93 ATO MONOTETICO e POLITETICO<br />

Gassendi. Este, porém, admitindo que os Á. são<br />

criados por Deus, por Ele dotados <strong>de</strong> movimento<br />

e por Ele guiados e or<strong>de</strong>nados mediante<br />

uma espécie <strong>de</strong> alma do mundo, retira da física<br />

epicurista seu caráter materialista e mecânico,<br />

transformando-a em física espiritualista e finalista<br />

(Syntagma Philosophiae Epicuri, 1658). Entrementes,<br />

Descartes <strong>de</strong>ra ensejo ao mecanicismo<br />

não-atomístico e consi<strong>de</strong>rara impossível a própria<br />

noção <strong>de</strong> Á. "Se os átomos existissem, <strong>de</strong>veriam<br />

necessariamente ser estendidos e, nesse<br />

caso, por menores que os imaginássemos,<br />

sempre po<strong>de</strong>ríamos dividi-los com o pensamento<br />

em duas ou mais partes menores e, assim, consi<strong>de</strong>rá-los<br />

divisíveis" (Princ. pbil, II, 20). Foi<br />

provavelmente baseado nessa consi<strong>de</strong>ração que<br />

Leibniz aceitou a noção <strong>de</strong> um Á. não mais<br />

físico, mas psíquico, isto é, da mônada (v.).<br />

A ciência mo<strong>de</strong>rna, embora mecanicista, não<br />

se vale, em princípio, do átomo. É verda<strong>de</strong> que,<br />

no final <strong>de</strong> Óptica (1704), Newton aduzia um<br />

complexo <strong>de</strong> razões, isto é, <strong>de</strong> experiências,<br />

para admitir que "todos os corpos são compostos<br />

<strong>de</strong> partículas duras"; e formulava a hipótese<br />

<strong>de</strong> que "Deus, no princípio, tenha dado à matéria<br />

a forma <strong>de</strong> partículas sólidas, dotadas <strong>de</strong><br />

massa, duras, impenetráveis e móveis, com dimensões,<br />

configurações, proprieda<strong>de</strong>s e proporções<br />

com o espaço a<strong>de</strong>quadas a cada fim<br />

para o qual as formou" (Optics, III, 1, q. 31); mas<br />

é também verda<strong>de</strong> que essas e semelhantes<br />

especulações não pertenciam à ciência, mas à<br />

esfera das opiniões particulares do cientista.<br />

Na realida<strong>de</strong>, a hipótese atômica ingressa na<br />

ciência só no início do séc. XIX, por meio da<br />

química. A lei das proporções múltiplas, formulada<br />

por John Dalton, exprimia o fato <strong>de</strong><br />

que, quando uma substância se combina com<br />

quantida<strong>de</strong>s diferentes <strong>de</strong> outra substância, estas<br />

quantida<strong>de</strong>s estão entre si como números<br />

simples, isto é, comportam-se como se fossem<br />

partes indivisíveis. Mas as partes indivisíveis outra<br />

coisa não são senão átomos. Portanto, a hipótese<br />

da composição atômica da matéria como<br />

explicação da lei das proporções múltiplas era<br />

proposta pela primeira vez por Dalton em 1808.<br />

Embora suscitasse, imediatamente, uma oposição<br />

acirrada por aparecer como o retorno <strong>de</strong><br />

uma antiga doutrina metafísica, portanto, como<br />

uma invasão do campo da metafísica por parte<br />

da ciência, na realida<strong>de</strong> essa era uma hipótese<br />

aventada para explicar um fato bem verificado.<br />

E mais do que hipótese, essa noção mostrou-se<br />

realida<strong>de</strong> quando, em 1811, a teoria <strong>de</strong> Avogadro<br />

(sobre a uniformida<strong>de</strong> do número das partículas<br />

contidas em dado volume <strong>de</strong> gás) permitia<br />

estabelecer o peso dos A. relativamente ao A.<br />

do hidrogênio, assumido como unida<strong>de</strong>: o que<br />

conferia aos A. realida<strong>de</strong> física (mensurável). A<br />

noção <strong>de</strong> Á. <strong>de</strong>via sofrer transformação radical<br />

a partir da segunda meta<strong>de</strong> do séc. XIX, com o<br />

estudo dos fenômenos dos gases rarefeitos e<br />

das emanações radioativas. OÁ., indivisível para<br />

a química, não era mais indivisível para a física.<br />

Por volta <strong>de</strong> 1904, Thompson concebia o primeiro<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Á., imaginando-o constituído<br />

por uma pequena bola com carga elétrica positiva,<br />

em cujo interior houvesse certo número<br />

<strong>de</strong> elétrons. Mas algumas experiências <strong>de</strong><br />

Rutherford <strong>de</strong>monstravam que a matéria é bem<br />

menos compacta do que levaria a supor o mo<strong>de</strong>lo<br />

atômico <strong>de</strong> Thompson. Por isso, Rutherford,<br />

por volta <strong>de</strong> 1911, imaginava a estrutura do Á.<br />

como um sistema solar em miniatura, constituído<br />

por um núcleo central com carga elétrica<br />

positiva (comparável ao Sol) e por vários elétrons<br />

que giram em torno <strong>de</strong>le (comparáveis<br />

aos planetas). Uma inovação ulterior do mo<strong>de</strong>lo<br />

do Á. foi feita por Bohr, que, tendo em mente<br />

a <strong>de</strong>scoberta do quantum <strong>de</strong> ação, imaginou<br />

que o elétron percorre, em torno do núcleo,<br />

<strong>de</strong>terminado número <strong>de</strong> elipses e po<strong>de</strong> saltar<br />

<strong>de</strong> uma elipse para outra, libertando nesse salto<br />

um quantum <strong>de</strong> energia. A <strong>de</strong>scoberta do<br />

princípio <strong>de</strong> in<strong>de</strong>terminação (v.) <strong>de</strong>monstrava,<br />

porém, que não é possível observar por<br />

inteiro a trajetória <strong>de</strong> um elétron e que, por<br />

isso, a própria noção <strong>de</strong> trajetória não tem significado<br />

físico (nada que não seja observável<br />

ou mensurável tem significado físico). Mas, então,<br />

o próprio mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Á. <strong>de</strong> Bohr perdia significado<br />

físico e <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> ter a pretensão <strong>de</strong> ser<br />

a imagem exata do Á. A partir <strong>de</strong> 1927, isto é,<br />

da data em que Heisenberg <strong>de</strong>scobriu o princípio<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>terminação, a ciência praticamente<br />

abandonou qualquer tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver<br />

o Á. ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>fini-lo <strong>de</strong> um modo qualquer. No<br />

estado atual das coisas, o adjetivo "atômico"<br />

permanece somente para <strong>de</strong>signar a escala em<br />

que certos fenômenos po<strong>de</strong>m ser observados<br />

e medidos.<br />

ATO MONOTETICO e POLITETICO (ai<br />

Monothetischer, Polythetischer Akt; it. Atto monotetico,<br />

politeticó). Foram esses os nomes dados<br />

por Husserl, respectivamente, à consciência<br />

que se constitui na sua singularida<strong>de</strong>,<br />

transformando os elementos múltiplos em unida<strong>de</strong><br />

objetiva, e aos mesmos elementos múlti-

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