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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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VERDADE 996 VERDADE<br />

como "reflexão do ser sobre si mesmo" (Metaphysik<br />

<strong>de</strong>r Erkenntnis, 1921, cap. 27, b).<br />

Os lógicos contemporâneos também recorrem<br />

à doutrina da correspondência, procurando<br />

formulá-la <strong>de</strong> tal modo que ela seja in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> qualquer hipótese metafísica. Deste<br />

ponto <strong>de</strong> vista, quem melhor formulou essa<br />

teoria foi Alfred Tarski, que retomou explicitamente,<br />

além da <strong>de</strong>finição aristotélica acima,<br />

também algumas <strong>de</strong>finições análogas ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong>las, como aquela segundo a qual<br />

"um enunciado é verda<strong>de</strong>iro quando <strong>de</strong>signa um<br />

estado <strong>de</strong> coisa existente" (B. RUSSELL, An Inquiry<br />

ínto Meaning and Truth, 1940, pp. 362 ss.).<br />

Tarski partiu <strong>de</strong> uma equivalência do seguinte<br />

gênero: "O enunciado 'a neve é branca' é verda<strong>de</strong>iro<br />

se, e somente se, a neve for branca",<br />

para generalizá-la na fórmula: "X é verda<strong>de</strong>iro<br />

se, e somente se, p". Utilizando a noção semântica<br />

<strong>de</strong> satisfação entendida como a relação<br />

entre objetos arbitrários e <strong>de</strong>terminadas expressões<br />

chamadas <strong>de</strong> "funções enunciativas"<br />

do tipo "xé branco", "xé maior que y", etc,<br />

Tarski chegou à seguinte <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> V.: " Um<br />

enunciado será verda<strong>de</strong>iro se for satisfeito por<br />

todos os objetos; caso contrário, será falso".<br />

Tarski salientou o fato <strong>de</strong> que a noção semântica<br />

<strong>de</strong> V. (como ele a chamou e como habitualmente<br />

se chama) nada implica quanto às<br />

condições nas quais um enunciado como "a<br />

neve é branca" po<strong>de</strong> ser asseverado. Indica só<br />

que, sempre que afirmamos ou rejeitamos esse<br />

enunciado, <strong>de</strong>veremos estar prontos a afirmar<br />

ou rejeitar o enunciado correlativo "O enunciado<br />

'a neve é branca' é verda<strong>de</strong>iro". Desse modo,<br />

ele consi<strong>de</strong>ra que o conceito semântico <strong>de</strong> V.<br />

po<strong>de</strong> conciliar-se com qualquer atitu<strong>de</strong> epistemológica,<br />

sendo neutro em relação a qualquer<br />

concepção realista ou i<strong>de</strong>alista, empirista<br />

ou metafísica do conhecimento (The Semantic<br />

Conception of Truth", 1944, em Readings in<br />

Phüosophical Analysís, 1949, pp. 52-84; a concepção<br />

<strong>de</strong> Tarski foi exposta pela primeira vez<br />

num texto polonês <strong>de</strong> 1933. traduzido para o<br />

alemão em Studia philosopbica, <strong>de</strong> 1935. pp.<br />

261-405). Carnap aceitava essa concepção-da<br />

verda<strong>de</strong>, mas ressaltava que ela diferia fundamentalmente<br />

dos conceitos <strong>de</strong> crença, verificação,<br />

confirmação, etc. (Intmductiori to Semantics,<br />

§ 7). M Black enfatizou a insignificância filosófica<br />

<strong>de</strong>la (Language and Philosophy, IV, § 8).<br />

2" A segunda concepção fundamental <strong>de</strong> V.<br />

consi<strong>de</strong>ra-a como revelação ou manifestação.<br />

Tem duas formas fundamentais: uma empirista<br />

e outra metafísica ou teológica. A forma empirista<br />

consiste em admitir que a V. é o que se revela<br />

imediatamente ao homem, sendo, portanto,<br />

sensação, intuição ou fenômeno. A forma metafísica<br />

ou teológica afirma que a V. se revela em<br />

modos <strong>de</strong> conhecimento excepcionais ou privilegiados,<br />

por meio dos quais se torna evi<strong>de</strong>nte<br />

a essência das coisas, seu ser ou o seu princípio<br />

(Deus). A característica fundamental <strong>de</strong>ssa<br />

concepção é a ênfase dada à evidência, assumida<br />

ao mesmo tempo como <strong>de</strong>finição e critério<br />

da verda<strong>de</strong>. Mas a evidência, obviamente,<br />

nada mais é que revelação ou manifestação.<br />

No sentido empirista, a V. era consi<strong>de</strong>rada<br />

como revelação pelos cirenaicos, que viam nas<br />

sensações a própria evidência das coisas (SEX-<br />

TO EMPÍRICO, Adv. math., VII, 199-200), pelos<br />

epicuristas, que consi<strong>de</strong>ravam a sensação como<br />

o critério da V. (DIÓG. L, X, 31-32), e pelos<br />

estóicos, para os quais esse critério estaria na<br />

representação cataféptica (v.) (DiÓG. L, VII,<br />

54). Em Ockham, a noção <strong>de</strong> conhecimento<br />

intuitivo é a noção <strong>de</strong> manifestação imediata<br />

das coisas para o homem (das coisas em seus<br />

caracteres e nas suas relações) (In Sent., Prol.,<br />

q. I, Z). No mesmo espírito, Telésio dizia que as<br />

coisas "retamente observadas manifestam por<br />

si mesmas a gran<strong>de</strong>za que cada uma tem, bem<br />

como sua capacida<strong>de</strong>, suas forças, sua natureza";<br />

para ele, a sensação era essa revelação imediata<br />

das coisas (Derer. nat., I, Proem.). Em geral<br />

todas as doutrinas que confiam à sensibilida<strong>de</strong><br />

o conhecimento das coisas ten<strong>de</strong>m a discernir<br />

na sensibilida<strong>de</strong> a revelação da natureza das<br />

coisas e i<strong>de</strong>ntificam com tal revelação a própria<br />

verda<strong>de</strong> ou o critério <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>.<br />

Por outro lado, da própria interpretação metafísica<br />

ou teológica da V. como correspondência<br />

nasce o conceito <strong>de</strong> V. como manifestação do<br />

ser ou do princípio supremo. Plotino dizia: "A<br />

verda<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>ira não está <strong>de</strong> acordo com<br />

outra coisa, mas <strong>de</strong> acordo consigo mesma: ela<br />

não enuncia nada fora <strong>de</strong> si, mas enuncia o que<br />

ela mesma é" (Enn., V, 5, 2). Nesse sentido,<br />

a V. é hipostasiacla: não é o caráter formal <strong>de</strong><br />

certos procedimentos cognoscitivos, mas princípio<br />

metafísico ou teológico que tem a mesma<br />

substancialida<strong>de</strong> e a mesma dignida<strong>de</strong> do princípio<br />

que nela se manifesta, ou seja. Deus. Esse<br />

conceito é tema <strong>de</strong> numerosas especulações na<br />

<strong>filosofia</strong> patrística e escolástica. S. Agostinho afirma<br />

<strong>de</strong>ver existir uma natureza que esteja tão

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