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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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MOVIMENTO 686 MULTIPLICIDADE<br />

MOVIMENTO (gr. KÍvr)OiÇ; lat. Motu.% in.<br />

Motíon; fr. Mouvement; ai. Bewegung; it. Movimento).<br />

1. Em geral, mudança ou processo <strong>de</strong><br />

qualquer espécie. Esse significado correspon<strong>de</strong><br />

ao do termo grego. Platão distinguia duas espécies<br />

<strong>de</strong> M.: alteração e translaçào ( Teet., 181 d);<br />

Aristóteles distinguia quatro: além dos dois acima,<br />

o M. substancial (geração e corrupção) e o<br />

M. quantitativo (aumento e diminuição) (Fís.,<br />

III, 1, 201 a 10). Para as espécies particulares do<br />

M, v. os verbetes relativos.<br />

O M em geral foi <strong>de</strong>finido por Aristóteles<br />

como "a enteléquia daquilo que está cm potência"<br />

(Fís., III, 1, 201 a 10): <strong>de</strong>finição que permaneceu<br />

célebre durante séculos. Significa que M.<br />

é a realização do que está em potência: p. ex.,<br />

a construção, a aprendizagem, a cura, o crescimento,<br />

o envelhecimento são realizações <strong>de</strong><br />

potencialida<strong>de</strong>s (Ibid., 201 a 16). No M. assim<br />

entendido a parte fundamental é a do motor,<br />

com cujo contato é gerado o M. "Qualquer que<br />

seja o motor" — diz Aristóteles — "ele sempre<br />

trará uma forma (substância particular, qualida<strong>de</strong><br />

ou quantida<strong>de</strong>) que será princípio e causa<br />

do M., quando o motor mover, do mesmo modo<br />

como, no homem, a enteléquia faz o homem<br />

do homem em potência" (Ibid., III, 2, 202 a 8).<br />

A física aristotélica é, do princípio ao fim, uma<br />

teoria do M. nesse sentido (v. FÍSICA). Seu teorerra<br />

fundamental, "tudo o que se move é movido<br />

por alguma coisa" (Ibid., VII, 1, 256 a 14),<br />

leva à teoria do Primeiro Motor imóvel do universo<br />

(v. DEUS, PROVAS DE).<br />

2. Em sentido específico, M. local ou translação.<br />

Aristóteles afirma a priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse M.<br />

sobre os outros três, que po<strong>de</strong>m ser reduzidos<br />

a este último, único que po<strong>de</strong> pertencer às coisas<br />

eternas, aos astros (Fís., VIII, 7, 260 b). Segundo<br />

Aristóteles, as espécies do M. local caracterizam<br />

os elementos do universo, inclusive<br />

o que constitui as substâncias celestes, ou seja,<br />

o éter que se move em M. circular (v. FÍSICA).<br />

Essa doutrina do M. permaneceu inalterada<br />

muito tempo porque toda a <strong>filosofia</strong> antiga e<br />

medieval repetiu-a sem modificações substanciais,<br />

Uma teoria do M. que teve êxito no último<br />

período da Escolástica foi a da forma fluenle,<br />

elaborada por Duns Scot. Segundo Duns<br />

Scot, um corpo que se move adquire alguma<br />

coisa: a todo instante não o lugar, que não c<br />

um atributo seu, residindo nos corpos que o<br />

circundam, mas uma espécie cie <strong>de</strong>terminação<br />

qualitativa, análoga ao calor adquirido pelo<br />

corpo que se aquece. Essa <strong>de</strong>terminação é o<br />

on<strong>de</strong> (ubi). O M., portanto, é a perda ou a<br />

aquisição contínua do on<strong>de</strong> e nesse sentido é<br />

uma "forma fluente" (Qnodl., q. 11, a. 1). Essa<br />

doutrina foi criticada pela Escolástica dos fins<br />

dos sécs. XIII e XIV. Ockham submeteu-a a crítica<br />

radical, consi<strong>de</strong>rando o M. como a mudança<br />

<strong>de</strong> relação <strong>de</strong> um corpo com os corpos que<br />

o circundam (Quodl, VII, q. 6). Este era o conceito<br />

que a ciência <strong>de</strong>veria fazer prevalecer na<br />

Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna. Descartes expressou-o do seguinte<br />

modo: "M. é o transporte <strong>de</strong> uma parte<br />

da matéria ou <strong>de</strong> um corpo da proximida<strong>de</strong><br />

dos corpos que o tocam imediatamente, e que<br />

consi<strong>de</strong>ramos em repouso, para a proximida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> outros corpos" (Princ. phil, II, 25). Sobre<br />

o conceito do M. na ciência contemporânea, v.<br />

RELATIVIDADE.<br />

MUDANÇA (in. Change; fr. ChangemenP,<br />

ai. Verán<strong>de</strong>ning; it. Mutamento). 1. O mesmo<br />

que movimento, 1 (v.).<br />

2. O mesmo que alteração (v.).<br />

MULTIPLICAÇÃO LÓGICA (in Logical<br />

miiltíplicatíon: fr. Multiplicaiion logigue-, ai.<br />

Logische Multiplikation; it. Molteplicazhme<br />

lógica). Na Álgebra da lógica (v.) chama-se<br />

assim a operação "ei . b", -que apresenta proprieda<strong>de</strong>s<br />

formais análogas às da M. aritmética<br />

(é importantíssima a exceção "a. a = a"). Interpretada<br />

como operação entre classes, "« . //<br />

passa a formar a classe que contém todos os<br />

elementos comuns às classes a e /; e apenas<br />

eles. Interpretada como operação entre proposições,<br />

"a . b'' indica sua afirmação conjuntiva.<br />

simultânea ("a e b"). G. P.<br />

MULTIPLICIDADE (gr. xà noXXá: in. Multiplicity,<br />

fr. Mnltiplicité, ai. Mannigfaltigkeit; it.<br />

MohepHcitã). O que é múltiplo e variado: "muitos"<br />

em contraposição a "um", sobre os quais<br />

versavam <strong>de</strong> preferência as discussões dialéticas<br />

do séc. IV a.C, segundo relato <strong>de</strong> Platão<br />

(f/7., 14 d). O próprio Platão estabeleceu<br />

o conceito autêntico <strong>de</strong> múltiplo, que não é <strong>de</strong><br />

dispersão ilimitada, mas <strong>de</strong> número; este,<br />

como dizia Platão, é ao mesmo tempo um e<br />

muitos porque é a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma M. <strong>de</strong>terminada<br />

( Fil, 18 a-b) (v. NUMERO). O sentido <strong>de</strong>ssa<br />

palavra voltou a ser <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada<br />

em alguns filósoíos mo<strong>de</strong>rnos, como p. ex. no<br />

uso que Kant faz <strong>de</strong>la como "matéria" do conhecimento,<br />

ou seja, do conteúdo sensível em<br />

seu estado <strong>de</strong>sorganizado ou bruto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

da or<strong>de</strong>m e da unida<strong>de</strong> que ele<br />

receba das formas a priori da sensibilida<strong>de</strong> c<br />

do intelecto (Crít. R. Fura, § 1).

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