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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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MAGNANIMIDADE 637 MAIS-VALIA<br />

Novalis diz: 'O uso ativo dos órgãos nada mais<br />

é que pensamento mágico, taumatúrgico, ou<br />

uso arbitrário do mundo dos corpos; <strong>de</strong> fato, a<br />

vonta<strong>de</strong> outra coisa não é senão magia, enérgica<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensamento" (Fragmente,<br />

§ 1731). E exprimia assim o princípio <strong>de</strong> seu<br />

i<strong>de</strong>alismo mágico: "O maior mago seria aquele<br />

que soubesse também encantar-se a tal ponto<br />

que suas próprias magias lhe parecessem fenômenos<br />

alheios e autônomos. E não po<strong>de</strong>ria ser<br />

esse o nosso caso?" (Ibid., § 1744).<br />

Alheia ao mundo da <strong>filosofia</strong> e da ciência, a<br />

M. permanece como uma das categorias interpretativas<br />

da sociologia e da psicologia. Sobre<br />

a função da M no homem primitivo, Malinowski<br />

assim se expressa: "A M. fornece ao homem<br />

primitivo um número <strong>de</strong> atos e <strong>de</strong> crenças<br />

rituais já feitos, uma técnica mental e<br />

prática <strong>de</strong>finida que serve para superar os<br />

obstáculos perigosos em cada empreendimento<br />

importante e em cada situação crítica. (...)<br />

Sua função é ritualizar o otimismo do homem,<br />

reforçar sua fé na vitória da esperança sobre<br />

o medo" (Magic Science and Religion. ed.<br />

Anchor Book, p. 90). Mas a atitu<strong>de</strong> primitiva<br />

não se encontra só no homem primitivo: o homem<br />

civilizado nela reinci<strong>de</strong> em <strong>de</strong>terminadas<br />

circunstâncias, que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a falta <strong>de</strong> técnicas<br />

aptas a enfrentar situações difíceis até a incapacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir como utilizar essas<br />

técnicas. Crenças mágicas são, portanto, freqüentes<br />

na vida diária, ainda que muitas vezes<br />

não confessadas. Não sem razão, Sartre chamou<br />

<strong>de</strong> comportamento mágico a reação emotiva<br />

patológica que às vezes é a base <strong>de</strong> distúrbios<br />

mentais (v. EMOÇÃO). Além disso, para<br />

Jung, a origem da M. é a idéia <strong>de</strong> uma energia<br />

universal, latente no inconsciente <strong>de</strong> todo o gênero<br />

humano e i<strong>de</strong>ntificada com a idéia <strong>de</strong><br />

Deus (Psicologia do inconsciente, 1942, cap. 5).<br />

Lévi-Strauss fez uma analogia entre a terapêutica<br />

mágica e a psicanálise (v.) porque, através<br />

da conscientização dos conflitos internos do<br />

paciente, ambas possibilitam uma experiência<br />

específica na qual os conflitos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver-se<br />

e manifestar-se livremente (Anthropologie<br />

stmcturale. 1958, pp. 217 ss.).<br />

MAGNANIMIDADE (gr. (ieyaÀo\(/-uxía; lat.<br />

Magrumimitas; in. Magnanimíty. fr. Magnanimité;<br />

ai. Grossmuth; it. Magnanimitã). Segundo<br />

Aristóteles, a virtu<strong>de</strong> que consiste em <strong>de</strong>sejar<br />

gran<strong>de</strong>s honras e em ser digno <strong>de</strong>las.<br />

Aristóteles dá muito relevo a essa virtu<strong>de</strong>, porquanto<br />

ela acompanha e "engran<strong>de</strong>ce" todas as<br />

outras: "Quem é digno <strong>de</strong> pequenas coisas e<br />

se consi<strong>de</strong>ra digno <strong>de</strong>las é mo<strong>de</strong>rado, mas não<br />

magnânimo; a M. é inseparável da gran<strong>de</strong>za,<br />

assim como a beleza é inseparável <strong>de</strong> um corpo<br />

gran<strong>de</strong>, já que os corpos pequenos serão<br />

graciosos e proporcionais, mas não belos"<br />

(Et. nic, IV, 3, 1123 b 71. A insistência nessa<br />

virtu<strong>de</strong> é o sinal da persistência em Aristóteles<br />

da ética aristocrática arcaica (cf. JAKGF.R, Paidéia,<br />

I; cap. 1; tracl. it., I, pp. 43 ss.). Para Descartes.<br />

VI. é o mesmo que generosida<strong>de</strong>; i<strong>de</strong>ntifica-se<br />

com a virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar-se <strong>de</strong> acordo<br />

com seu próprio valor e não sentir ciúme ou<br />

inveja (Pass. <strong>de</strong> lâme, arts. 156-61).<br />

MAIÊUTICA (gr. M.oaeimxti xé^vri; in.<br />

Maieutics-, fr. Maícutique; ai. Müeittik; it.<br />

Maieulica). Arte cia parteira; em Teeteto <strong>de</strong><br />

Platão, Sócrates compara seus ensinamentos a<br />

essa arte, porquanto consistem em dar à luz conhecimentos<br />

que se formam na mente <strong>de</strong> seus<br />

discípulos: "Tenho isso em comum com as<br />

parteiras: sou estéril <strong>de</strong> sabedoria; e aquilo que<br />

há anos muitos censuram em mim, que interrogo<br />

os outros, mas nunca respondo por mim<br />

porque não tenho pensamentos sábios a expor,<br />

é censura justa" Cleet., 15c).<br />

MAIORIA DAS VEZES, NA (gr. È7ti xò noXv;<br />

in. Mostly. ai. Zumeist; it. Perlopiü). Esta expressão<br />

é empregada por Aristóteles para indicar<br />

o que acontece <strong>de</strong> modo uniforme e constante,<br />

mas nem sempre nem necessariamente;<br />

aci<strong>de</strong>ntal é o que não acontece sempre nem na<br />

maioria das vezes {Mel., VI, 2, 1026 b 30). O<br />

que é sempre ou necessariamente constitui<br />

objeto das ciências teóricas; o que é na maioria<br />

das vezes constitui objeto das ciências praxipoiéticas;<br />

o aci<strong>de</strong>ntal não po<strong>de</strong> ser objeto <strong>de</strong><br />

ciência. Hei<strong>de</strong>gger empregou essa expressão<br />

para indicar o conjunto dos modos <strong>de</strong> ser que<br />

constituem a "medianida<strong>de</strong>" (Seín und Zeít,<br />

§ 9). V. MHniANIDAnií.<br />

MAIS-VALIA (in. Surplus value-, fr. Plus-va-<br />

Itie, ai. Mehnvert; it. Phisvalore). Um dos conceitos<br />

fundamentais da economia <strong>de</strong> Marx.<br />

Uma vez que o valor nasce do trabalho e outra<br />

coisa não é senão trabalho materializado, se o<br />

empresário retribuísse ao assalariado o valor<br />

total produzido pelo seu trabalho, não existiria<br />

o fenômeno puramente capitalista do dinheiro<br />

que gera dinheiro. Mas como o empresário não<br />

retribui ao assalariado aquilo que eorrespon<strong>de</strong><br />

ao valor por ele produzido, mas apenas o custo<br />

da sua força <strong>de</strong> trabalho (o suficiente para produzi-la,<br />

o mínimo vital), temos o fenômeno da

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