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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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POST HOC ERGO PROPTER HOC POTÊNCIA<br />

instrumento <strong>de</strong> análise (v. EXISTKNCIAI.ISMO). Está<br />

claro que, <strong>de</strong> acordo com esta terceira interpretação,<br />

o oposto <strong>de</strong> P. não é impossível, mas<br />

nào-possível.<br />

POST HOC ERGO PROPTER HOC. Célebre<br />

falácia (v.) que constitui um caso particular da<br />

falácia mm cansapro causaicf. ARISTÓTELES, El.<br />

,s'q/.', 5, 167 b); esta consiste em estabelecer uma<br />

conexão causai, portanto necessária, com base<br />

numa conexão meramente aci<strong>de</strong>ntal ou secundária.<br />

No caso <strong>de</strong> post hoc ergo propter hoc. o<br />

sofisma consiste em estabelecer uma conexão<br />

<strong>de</strong> causa e efeito entre A e R pelo simples fato<br />

<strong>de</strong> B vir <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> A. G. P.<br />

POSTULADO (gr. Oüxr|ua; lat. Postulaliim;<br />

in. Postulate-, fr. Postulai; ai. Postulai; it. Postulato).<br />

Em geral, uma proposição que se admite<br />

ou cuja admissão se <strong>de</strong>seja, com o fim <strong>de</strong> possibilitar<br />

uma <strong>de</strong>monstração ou um procedimento<br />

qualquer. Esse termo nasceu na matemática e<br />

é elucidado por Aristóteles em correlação com<br />

axioma (\.). Enquanto os axiomas são evi<strong>de</strong>ntes<br />

por si e têm <strong>de</strong> ser admitidos necessariamente,<br />

mesmo não sendo <strong>de</strong>monstráveis, o P., apesar<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrável, é assumido e utilizado sem<br />

<strong>de</strong>monstração. Além disso, o P. é uma proposição<br />

ainda não admitida ou aceita por aquele<br />

a quem é en<strong>de</strong>reçada (senão seria inútil pedirlhe<br />

que a admitisse); nisso difere da hipótese<br />

(v.), que também é uma proposição <strong>de</strong>monstrável,<br />

não <strong>de</strong>monstrada, mas consi<strong>de</strong>rada<br />

verda<strong>de</strong>ira por aquele a quem é dirigido<br />

o discurso (An. post., 10, 76 b 24 ss.). A distinção<br />

entre axioma e P. foi adotada por Eucli<strong>de</strong>s<br />

em seus Elementos-, enquanto os axiomas expressam<br />

verda<strong>de</strong>s evi<strong>de</strong>ntes e são chamados por<br />

Eucli<strong>de</strong>s <strong>de</strong> noções comuns, os P. expressam o<br />

que se propõe ser admitido e concernem á<br />

existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados elementos geométricos.<br />

A distinção entre P. e axioma <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong><br />

ser usada na lógica e na matemática mo<strong>de</strong>rna<br />

(v. AXIOMÁTICA).<br />

Kant chamou cie "P. do pensamento empírico"<br />

os princípios correspon<strong>de</strong>ntes a priori ás<br />

categorias da modalida<strong>de</strong>, segundo os quais é<br />

possível tudo o que está <strong>de</strong> acordo com as<br />

condições formais cia experiência (intuiçòes<br />

puras e categorias); o que está <strong>de</strong> acordo com<br />

as condições materiais da experiência (com as<br />

sensações) é real; e aquilo cuja conexão com a<br />

realida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>terminada segundo as condições<br />

universais da experiência é ou existe necessariamente<br />

(Crít. R. Pura, Anal. dos princ, cap. II,<br />

seç. III, 4) Depois, chamou <strong>de</strong> "P. da razão prá-<br />

tica" as condições que tornam possível a<br />

moralida<strong>de</strong>, isto é, a liberda<strong>de</strong>, a imortalida<strong>de</strong><br />

e a existência <strong>de</strong> Deus (Crít. R. Prática, Dialética,<br />

seç. II).<br />

POTÊNCIA (gr. SÓVOCLUÇ; lat. Potentia; in.<br />

Power. fr. Puissance-, ai. Vermãgen; it. Potenzti).<br />

1. Em geral o princípio ou a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma mudança qualquer. Esta foi a <strong>de</strong>finição<br />

cio termo dada por Aristóteles, que distinguiu<br />

este significado fundamental em vários significados<br />

específicos, mais precisamente: ei) capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> realizar mudança em outra coisa ou<br />

em si mesmo, que é a P. atira; b) capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sofrer mudança, causada por outra coisa<br />

ou por si mesmo, que é a P. passiva; c) capacida<strong>de</strong><br />

cie mudar ou ser mudado para melhor e<br />

não para pior; d) capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistir a qualquer<br />

mudança (Mel.. V, 12, 1019 a 15; IX, 1,<br />

1046 a 4). listas distinções praticamente nào<br />

mudaram ao longo cia tradição filosófica (v.<br />

Aro). A tradição medieval repetiu-as sem variações,<br />

e, ainda no séc. XVIII, Wolff as repetia<br />

em fórmulas epigráficas que em nada mudam<br />

os velhos conceitos (Ont., 1729, § 716). Mesmo<br />

Locke, em sua famosa análise <strong>de</strong>ssa noção, nào<br />

lhe altera o conceito (Ensaio, II, 21, 1).<br />

O conceito, todavia, implica uma ambigüida<strong>de</strong><br />

fundamental porque po<strong>de</strong> ser entendido:<br />

A) como possibilida<strong>de</strong>: B) como preformaçàoe<br />

portanto pre<strong>de</strong>terminação ou preexistência do<br />

atual. Em Aristóteles e em todos aqueles que<br />

seguem a metafísica aristotélica, ambos os significados<br />

estão presentes e muitas vezes são<br />

confundidos. Assim, quando Aristóteles <strong>de</strong>fen<strong>de</strong><br />

o conceito da potência contra a negação do<br />

mesmo feita por Deodoro Cronos (v. POSSIBILI-<br />

DADE), enten<strong>de</strong> a P. no sentido A), ao passo<br />

que, ao afirmar "que nào po<strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong><br />

dizer que algo é possível mas não será" (Met.,<br />

IX. 4, 1047 b 3). ou ao afirmar a superiorida<strong>de</strong><br />

do ato sobre a P., com base no princípio <strong>de</strong> que<br />

sem o ato a P. nào existiria (o ovo não existiria<br />

sem a galinha), está enten<strong>de</strong>ndo a P. como<br />

preformaçào e pre<strong>de</strong>terminação. e consi<strong>de</strong>rando-a<br />

como um modo <strong>de</strong> ser menor ou preparatório<br />

do ato (Ibícl, IX, 8, 1049 b 4). Confusão<br />

análoga acha-se no ensaio <strong>de</strong> Bergson "O possível<br />

e o real" (1930), pois nele Bergson, rejeitando<br />

o conceito <strong>de</strong> possível como "não-impossível",<br />

ou seja, como "não impedido <strong>de</strong><br />

ser", i<strong>de</strong>ntifica-o no entanto com o <strong>de</strong> potencial<br />

e consi<strong>de</strong>ra o potencial como "a miragem<br />

do presente no passado" (Ia pensée et<br />

le mouvant, 3 a ed., 19.34, pp. 128-30). Visto

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