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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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RAZÃO 826 RAZÃO<br />

bufa à R. uma <strong>de</strong>terminação fundamental, que<br />

constitui a única inovação autêntica do conceito<br />

mo<strong>de</strong>rno em relação ao clássico: "a R. é o<br />

instrumento do conhecimento provável, e não<br />

apenas do conhecimento estabelecido". Locke<br />

dizia: "Assim como a razão percebe a correlação<br />

necessária e indubitável entre as idéias ou<br />

provas, em cada grau <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>monstração<br />

que produza conhecimento, <strong>de</strong> maneira<br />

análoga também percebe a correlação provável<br />

entre as idéias ou provas em qualquer grau <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>monstração à qual julgue ser <strong>de</strong>vido o<br />

assentiniento" (Ensaio, IV, l" 7 , 2). Com essa <strong>de</strong>terminação,<br />

a R. era qualificada segundo a função<br />

que lhe era atribuída pelo iluminismo setecentista:<br />

princípio <strong>de</strong> crítica radical da tradição<br />

e <strong>de</strong> renovação igualmente radieni do homem.<br />

Kanl tentava realizar plenamente o i<strong>de</strong>al ilumínista<br />

da R. Por um lado, i<strong>de</strong>nliticava-a com a<br />

própria liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> crítica ("Sobre a liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> crítica repousa a existência da R., que não<br />

tem autorida<strong>de</strong> ditatorial, mas cuja sentença<br />

nunca <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o acordo dos cidadãos livres,<br />

cada um dos quais <strong>de</strong>ve po<strong>de</strong>r formular<br />

sem obstáculos as suas dúvidas e até seu veto")<br />

e por outro pretendia levar a R. diante cie seu<br />

tribunal e instaura a "crítica da R. pura", que<br />

"não se imiscui nas controvérsias imediatamente<br />

referentes aos objetos, mas é instituída para<br />

<strong>de</strong>terminar e julgar os direitos da R. em geral"<br />

(Crit. R. Pura, Teoria transcen<strong>de</strong>ntal do método,<br />

cap. 1, seç. II). Está <strong>de</strong> acordo com o conceito<br />

iluminista <strong>de</strong> R. a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Whitehead:<br />

"a tunçào da razão é promover a arte cia vida",<br />

no sentido cie que a R. teria a tarefa cie agir<br />

sobre o ambiente para promover formas <strong>de</strong><br />

vida mais satisfatórias e perfeitas ('lhe Ennction<br />

of Reasim. 1929, cap. I; trad. it. Cufaro, pp. 6<br />

ss.). Knquanto isso, aquilo que à primeira vista<br />

parece ser a maior garantia cia eficácia da R. —<br />

crer que ela habita a realida<strong>de</strong> e a domina, <strong>de</strong><br />

tal modo que não há realida<strong>de</strong> não racional,<br />

nem racionalida<strong>de</strong> não real — na verda<strong>de</strong><br />

constitui o abandono da função diretiva da R.<br />

Hegel, que afirmou com mais rigor esse ponto<br />

<strong>de</strong> vista, também negou a função diretiva da R.:<br />

"O que está entre a R. como espírito autoconsciente<br />

e a R. como realida<strong>de</strong> presente, o que<br />

diferencia aquela <strong>de</strong>sta e não permite que se<br />

encontre satisfação nesta, é o estorvo <strong>de</strong> alguma<br />

abstração que se não libertou e não se<br />

transformou em conceito. Reconhecer a R. no<br />

presente e, assim, fruí-lo é o reconhecimento<br />

racional que reconcilia com a realida<strong>de</strong>, o que<br />

a <strong>filosofia</strong> só conce<strong>de</strong> àqueles que advertiram<br />

a exigência interior <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r" (Fil. tio<br />

(lir.. Pref.; trad. it. Messineo, p. 17). Isso significa<br />

que a razão não guia, mas chega postfactiiin<br />

a compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong>, a justificá-la.<br />

li) O reconhecimento da R. como guia constante,<br />

uniforme e (às vezes) infalível <strong>de</strong> todos<br />

os homens, em todos os campos da ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stes, e acompanhado na maioria das vezes<br />

Pela <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> um procedimento especifico<br />

no qual se reconhece a atuação própria<br />

da razão. As <strong>de</strong>terminações já concebidas sobre<br />

a técnica específica cia R. po<strong>de</strong>m ser resumidas<br />

nos seguintes conceitos fundamentais: a)<br />

discurso; li) autoconsciència; c) auto-revelaçào:<br />

d) tautologia.<br />

//) ü proeedímenio tli.scursiro é :> lécniai<br />

mais freqüentemente consi<strong>de</strong>rada própria da<br />

razão. A ele Platão recorre para marcar a diferença<br />

entre a opinião verda<strong>de</strong>ira e a ciência: as<br />

opiniões po<strong>de</strong>m dirigir a ação tão bem quanto<br />

a ciência, mas ten<strong>de</strong>m a fugir para todos os<br />

lados, como as estátuas <strong>de</strong> Oédalo, enquanto<br />

níio "são amarradas por um raciocínio causai<br />

L\Ien., 98 a). Ksse atamento ou essa conexão é<br />

a técnica discursiva. Técnica discursiva é todo<br />

o procedimento silogístico <strong>de</strong> Aristóteles, á pane<br />

a <strong>de</strong>terminação dos princípios, que são intuídos<br />

pelo intelecto: discursivas são a silogística<br />

necessitante e a dialética (An.post., I, 33, 89 b<br />

~: Et. iiic, VI, 11, 1U3 b 1). No mesmo sentido,<br />

os estóicos <strong>de</strong>finiam a R. como "um sistema<br />

<strong>de</strong> premissas e conclusões" (I)IOG. I... VII, 1,<br />

iS). A função freqüentemente atribuída à razão<br />

(distinguir, correlacionar, comparar, etc. [v. os<br />

trechos <strong>de</strong> Cícero e S. Agostinho citados em A\)<br />

níio passa <strong>de</strong> expressão do mesmo procedimento.<br />

S. Tomás <strong>de</strong> Aquino dizia: "Os homens<br />

chegam a conhecer a verda<strong>de</strong> inteligível proce<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>de</strong> uma coisa à outra; por isso são chamados<br />

<strong>de</strong> racionais. F. evi<strong>de</strong>nte que raciocinar<br />

está para enten<strong>de</strong>r assim como mover-se está<br />

pura ficar parado, ou adquirir para ter: <strong>de</strong>stas<br />

coisas, a primeira é própria do imperfeito; a<br />

segunda, do perfeito" (S. Th., I, q. 79, a. 8). No<br />

começo da Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna Descartes moldavase<br />

no mesmo procedimento para <strong>de</strong>terminar<br />

siias regras do método: "Os longos enca<strong>de</strong>amentos<br />

<strong>de</strong> razões, todas simples e fáceis,<br />

do que os geômetras costumam lançar mão<br />

pura chegar às suas <strong>de</strong>monstrações mais difíceis,<br />

<strong>de</strong>ram-me a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imaginar<br />

que todas as coisas que po<strong>de</strong>m chegar ao conhecimento<br />

cios homens correlacionam-se da

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