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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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AMORAL, AMORAUSMO 51 ANALISE<br />

AMORAL, AMORALISMO (in. Amoral, arnoralism,<br />

fr. Amoral, amoralisme, ai. Amoralisch,<br />

Amoralísmus; it. Amorale, amoralismó). O adjetivo<br />

"A." <strong>de</strong>signa propriamente o que é indiferente<br />

às valorizações morais: nesse sentido,<br />

um homem A. é um homem sobre cuja conduta<br />

os juízos sobre o bem e sobre o mal não têm<br />

nenhuma influência e que, por isso, se comporta<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong>les. O termo<br />

"amoralismó" <strong>de</strong>signa, porém, uma profissão<br />

<strong>de</strong> amoralida<strong>de</strong> e, daí, a pretensão <strong>de</strong> prescindir<br />

dos valores da moral corrente e <strong>de</strong> substituir<br />

esses valores por outros; nesse sentido, foi<br />

empregado freqüentemente para <strong>de</strong>signar a<br />

atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nietzsche (v. TRANSMUTAÇÃO DOS<br />

VALORES).<br />

AMOR DE SI (gr. (piAoarria; in. Self-love, fr.<br />

Amour<strong>de</strong>soi; ai. Eigenliebe, it. Amordisè). Esta<br />

expressão não <strong>de</strong>ve ser confundida nem com<br />

"amor próprio", que significa vaida<strong>de</strong>, ou, no<br />

melhor dos casos, sentido <strong>de</strong> altivez ou <strong>de</strong> orgulho,<br />

nem com egoísmo (v.). Aristóteles distinguiu<br />

a filãucia, que é uma virtu<strong>de</strong>, do egoísmo<br />

vulgar <strong>de</strong> quem ama a si mesmo, querendo<br />

atribuir-se a maior parte dos lucros, dos prazeres<br />

e das honras. "O filaucioso", disse ele, "é<br />

sobretudo aquele que se apropria do belo e do<br />

bem, faz <strong>de</strong>les seus senhores e obe<strong>de</strong>ce-lhes<br />

em tudo" (Et. nic, IX, 8, 1.168 a, 28). Em outras<br />

palavras, quem ama a si mesmo no verda<strong>de</strong>iro<br />

sentido não preten<strong>de</strong> a parte maior do prazer,<br />

das honras ou do lucro, mas a parte maior do<br />

bem e do belo, isto é, o exercício da virtu<strong>de</strong>.<br />

Em sentido análogo, S. Tomás afirma que o<br />

homem ama a si mesmo quando ama a sua<br />

natureza espiritual, não a corpórea, e que em<br />

tal sentido <strong>de</strong>ve amar a si mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

Deus, mas antes <strong>de</strong> qualquer outro ser; <strong>de</strong> modo<br />

que, por ex., não po<strong>de</strong> tolerar incorrer em pecado<br />

para livrar o próximo do pecado (S. Th.,<br />

II, II, q. 26, a. 4). Na Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna, Malebranche<br />

(em Première lettre au R. P. Lamié) retomou a<br />

distinção entre amor próprio e A. consi<strong>de</strong>rando<br />

o primeiro como fonte <strong>de</strong> todos os <strong>de</strong>sregramentos<br />

humanos e o segundo, ao contrário,<br />

como o princípio <strong>de</strong> todos os esforços para o<br />

cumprimento do <strong>de</strong>ver. Essa distinção foi retomada<br />

por Vauvenargues (De 1'esprit humain,<br />

24): "Com o amor <strong>de</strong> si mesmo po<strong>de</strong>-se procurar<br />

a própria felicida<strong>de</strong> fora <strong>de</strong> si. Po<strong>de</strong>-se amar<br />

qualquer coisa fora <strong>de</strong> si mais do que a própria<br />

existência e não se é o único objeto para si<br />

mesmo. O amor próprio, ao contrário, subordina<br />

tudo às próprias comodida<strong>de</strong>s e ao próprio<br />

bem-estar, e tem em si mesmo o único objeto e<br />

o único fim; <strong>de</strong> modo que, enquanto as emoções<br />

que vêm do A. nos dão às coisas, o amor<br />

próprio quer que as coisas se dêem a nós e faz<br />

<strong>de</strong> si mesmo o centro <strong>de</strong> tudo". Kant, mesmo<br />

consi<strong>de</strong>rando o amor <strong>de</strong> si uma espécie <strong>de</strong><br />

egoísmo (entendido, porém, no sentido mais<br />

geral <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo da felicida<strong>de</strong>), distinguia-o como<br />

benevolência para consigo (ou filãucia) levada<br />

ao extremo pela complacência para consigo<br />

(ou arrogantía) e consi<strong>de</strong>rava-o suscetível <strong>de</strong><br />

harmonizar-se com a lei moral e tornar-se "amor<br />

racional <strong>de</strong> si" (Crít. R. Pratica, livro I, cap. III,<br />

A129). As análises <strong>de</strong> Scheler insistiram no caráter<br />

não-egoístico do A. <strong>de</strong> si: "Amor orientado para<br />

os valores e, por seu intermédio, para os objetos<br />

portadores <strong>de</strong>les, sem preocupar-se em saber<br />

a quem pertencem esses valores, se a 'mim'<br />

ou a 'outros' ". (Sympathie, II, cap. 1, § 1)<br />

AMOR FATI. Expressão usada por Nietzsche<br />

como "fórmula para a gran<strong>de</strong>za do homem"<br />

e que significa: "Não querer nada <strong>de</strong><br />

diferente do que é, nem no futuro, nem no<br />

passado, nem por toda a eternida<strong>de</strong>. Não só<br />

suportar o que é necessário, mas amá-lo". Essa<br />

fórmula exprime a atitu<strong>de</strong> própria do superhomem<br />

e a natureza do "espírito dionisíaco",<br />

enquanto aceitação integral e entusiástica da<br />

vida em todos os seus aspectos, mesmo nos<br />

mais <strong>de</strong>sconcertantes, tristes e cruéis (Ecce<br />

Homo, passim; Wille zurMacht, ed. Krõner, I,<br />

§ 282) (v. DESTINO).<br />

AMOR PRÓPRIO. V. AMOR DE si; EGOÍSMO.<br />

ANAGÓGICO (gr. àvaycoyiKÓÇ; in. Anagogic;<br />

fr. Anagogíque, ai. Anagoge, it. Anagogico).<br />

Um dos significados da Escritura (como distinguidos,<br />

p. ex., por HUGO DE SÂO VÍTOR, De<br />

scripturis, III), mais precisamente o que consiste<br />

em proce<strong>de</strong>r das coisas visíveis às invisíveis<br />

e, em geral, das criaturas à sua Causa primeira<br />

(v. ALEGORIA).<br />

ANAGÓGICO, ARGUMENTO. V. ABSURDO.<br />

ANÁLISE (gr. àvakvoiq; lat. Analysis; in.<br />

Analysis; fr. Analyse, ai. Analyse, it. Analisi).<br />

Em geral, a <strong>de</strong>scrição ou a interpretação <strong>de</strong><br />

uma situação ou <strong>de</strong> um objeto qualquer nos<br />

termos dos elementos mais simples pertencentes<br />

à situação ou ao objeto em questão. A finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sse processo é resolver a situação ou<br />

o objeto nos seus elementos, <strong>de</strong> modo que um<br />

processo analítico é consi<strong>de</strong>rado bem-sucedido<br />

quando tal resolução é realizada. Esse processo<br />

foi empregado por Aristóteles na lógica<br />

da <strong>de</strong>monstração (apoditica), com a finalida<strong>de</strong>

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