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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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OBJETIVO, IDEALISMO 723 OBJETO<br />

<strong>de</strong>rações com referência à matemática, mas<br />

quase simultaneamente Max Weber impunha<br />

esse mesmo conceito <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> à metodologia<br />

das ciências sociais, observando que<br />

"a verda<strong>de</strong> científica é válida para todos os que<br />

procuram a verda<strong>de</strong>" e que mesmo nas ciências<br />

sociais há resultados que não são subjetivos<br />

no sentido <strong>de</strong> serem válidos para uma só<br />

pessoa e não para as outras ("A objetivida<strong>de</strong><br />

nas ciências sociais e na política social", 1904,<br />

em TheMethodology ofthe Social Sciences, 1949,<br />

p. 84). Esse tipo <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> chama-se hoje<br />

intersubjetivida<strong>de</strong>, e suas condições fundamentais<br />

são reconhecidas na posse e no uso <strong>de</strong><br />

técnicas especiais que, em dado campo, garantam<br />

a comprovação e a aferição dos resultados<br />

<strong>de</strong> uma investigação. Portanto, "válido para<br />

todos" significa também "intersubjetivamente<br />

válido", ou "em conformida<strong>de</strong> com um método<br />

qualificado". A esse mesmo conceito <strong>de</strong> O. ligam-se<br />

os significados <strong>de</strong> "in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />

sujeito" e "externo à consciência". O que é O.<br />

no sentido <strong>de</strong> ser válido para todos é <strong>de</strong> fato<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste ou daquele sujeito, <strong>de</strong> suas<br />

preferências ou avaliações particulares; por outro<br />

lado, o único meio <strong>de</strong> que o sujeito dispõe<br />

para disciplinar ou frear suas preferências e<br />

avaliações é recorrer a procedimentos metodológicos<br />

qualificados. Finalmente, a equivalência<br />

entre O. e exterior é a transposição <strong>de</strong>sses mesmos<br />

conceitos para o plano da linguagem<br />

consciencialista em que o uso das palavras "externo"<br />

e "interno" se justifique <strong>de</strong> alguma maneira<br />

(v. EXTERIORIDADE; REALIDADE).<br />

OBJETIVO, IDEALISMO (ai. Objektiver I<strong>de</strong>alismus).<br />

Um dos três tipos fundamentais <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong>:<br />

intuição do mundo, segundo Dilthey,<br />

mais precisamente a intuição baseada no sentimento<br />

e dominada pela categoria do valor.<br />

Nesse tipo <strong>de</strong> <strong>filosofia</strong> Dilthey incluía Heráclito,<br />

os estóicos, Spinoza, Leibniz, Shaftesbury,<br />

Goethe, Schelling, Schleiermacher, Hegel; consi<strong>de</strong>rava<br />

o panteísmo uma <strong>de</strong> suas características<br />

(Das Wesen <strong>de</strong>r Philosophie, 1907, III, 2;<br />

trad. it., em Crítica da razão histórica, p. 469)<br />

(v. IDEALISMO DA LIBERDADE; NATURALISMO).<br />

OBJETO (lat. Obiectum; in. Object; fr. Objetai.<br />

Objekt, Gegenstand; it. Oggetto). Termo <strong>de</strong><br />

qualquer operação, ativa, passiva, prática, cognoscitiva,<br />

ou lingüística. O significado <strong>de</strong>ssa<br />

palavra é generalíssimo e correspon<strong>de</strong> ao significado<br />

<strong>de</strong> coisa (v.). O. é o fim a que se ten<strong>de</strong>,<br />

a coisa que se <strong>de</strong>seja, a qualida<strong>de</strong> ou a realida<strong>de</strong><br />

percebida, a imagem da fantasia, o significa-<br />

do expresso ou o conceito pensado. A pessoa<br />

é objeto <strong>de</strong> amor ou <strong>de</strong> ódio, <strong>de</strong> estima, <strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>ração ou <strong>de</strong> estudo; neste sentido, o<br />

próprio eu é ou po<strong>de</strong> ser objeto. Toda ativida<strong>de</strong><br />

ou passivida<strong>de</strong> tem como termo ou limite<br />

um O., qualificado em correspondência com o<br />

caráter específico <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> passivida<strong>de</strong>.<br />

Ao lado <strong>de</strong>ste significado genérico e fundamental,<br />

em que esse termo é insubstituível,<br />

encontra-se algumas vezes na linguagem filosófica<br />

e na comum um significado mais restrito<br />

ou específico, segundo o qual o O. só é O. se<br />

tiver alguma valida<strong>de</strong>: p. ex. se é "real", "externo",<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte", etc. (v. OBJETIVO). NO<br />

entanto, este segundo significado não elimina<br />

o primeiro, mas o pressupõe.<br />

Essa palavra foi introduzida em <strong>filosofia</strong> pelos<br />

escolásticos, no séc. XIII. É claramente <strong>de</strong>finida<br />

por S. Tomás <strong>de</strong> Aquino, que diz: "O. <strong>de</strong><br />

uma potência ou <strong>de</strong> um hábito é propriamente<br />

aquilo sob cuja razão (ratio) se inclui tudo o<br />

que se refere à potência ou ao hábito em questão.<br />

P. ex.: o homem e a pedra referem-se à visão<br />

por terem cor; portanto, o que tem cor é o<br />

O. da visão" (S. Th., I, q. 1, a. 7). Essa noção <strong>de</strong><br />

O. foi substancialmente. retomada por Duns<br />

Scot, que <strong>de</strong>finiu o O. <strong>de</strong> um saber como matéria<br />

(subjectum) do saber, enquanto aprendida<br />

ou conhecida. Segundo Scot, uma matéria cognoscível<br />

torna-se O. conhecido através <strong>de</strong> um<br />

hábito intelectual relativo a esse objeto (Op.<br />

Ox., Prol., q. 3, a. 2, n s 4). Jungius só fazia<br />

expressar com mais simplicida<strong>de</strong> a mesma noção<br />

ao afirmar: "Chama-se <strong>de</strong> O. aquilo em<br />

torno do que versam as faculda<strong>de</strong>s, seus hábitos<br />

e seus atos" (Lógica, 1638, 1, 9, 37). Wolff por<br />

sua vez dizia: "O. é o ente que termina a ação<br />

do agente ou no qual terminam as ações do<br />

agente: <strong>de</strong> modo que é quase um limite da<br />

ação" (Ont., § 949).<br />

Esse significado continuou sendo fundamental<br />

na <strong>filosofia</strong> mo<strong>de</strong>rna e contemporânea. A<br />

questão do caráter real ou i<strong>de</strong>al do O. em geral<br />

ou <strong>de</strong> uma classe específica <strong>de</strong> O. (p. ex., dos<br />

O. físicos ou coisas) não teve influência. Assim,<br />

po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar O. do conhecimento uma<br />

idéia (como queria Berkeley), uma representação<br />

(como queria Schopenhauer), uma coisa<br />

material (como queria a escola escocesa do<br />

senso comum) ou um fenômeno (como queria<br />

Kant), mas como O. é sempre o termo ou limite<br />

da operação cognoscitiva. No entanto, é Kant<br />

quem inaugura o uso restrito do termo, segundo<br />

o qual o O., ou mais exatamente o O. <strong>de</strong>

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