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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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FACULDADE 426 FALIBILISMO<br />

ta com fins polêmicos. O próprio Locke a reconhece<br />

quando, a propósito da idéia <strong>de</strong> força,<br />

afirma que a vonta<strong>de</strong> e o intelecto são as duas<br />

forças que explicam as transformações que<br />

ocorrem no nosso espírito (Ensaio, II, 21, §§ 5-<br />

6). Leibniz diz que os dois princípios agentes<br />

na mônada são a percepção e a apetição<br />

(Monad., §§ 14-15). Wolff, por sua vez, reconhecia<br />

no conhecimento e na apetição as duas<br />

funções fundamentais do espírito humano e,<br />

com base nessa divisão, mo<strong>de</strong>lava a divisão da<br />

<strong>filosofia</strong> nos dois ramos fundamentais, <strong>filosofia</strong><br />

teórica ou metafísica e <strong>filosofia</strong> prática (Log.,<br />

Disc. Prael., §§ 60-62).<br />

Kant, somando as análises dos empiristas ingleses,<br />

interpunha entre o intelecto e a vonta<strong>de</strong><br />

uma terceira F., que chamava <strong>de</strong> "sentimento<br />

<strong>de</strong> prazer e <strong>de</strong>sprazer". Com isso, as F. da alma<br />

elevaram-se a três (F. <strong>de</strong> conhecer, F. <strong>de</strong> sentir,<br />

F. <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar) (Crít. do Juízo, Introd., IX), numa<br />

divisão que se tornaria clássica e freqüentemente<br />

seria apoiada por um suposto testemunho<br />

da consciência (v. EMOÇÀO; SENTIMENTO).<br />

Entretanto, nenhuma <strong>de</strong>ssas doutrinas implicava<br />

que as F. da alma fossem po<strong>de</strong>res distintos<br />

e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Como já os antigos, tanto<br />

Descartes (Regulae, XII, 79) quanto Locke (Ensaio,<br />

II, 21, 6) e Leibniz (Nouv. ess., II, 21, 6) reconhecem<br />

explicitamente que a divisão das F. é<br />

uma abstração que não <strong>de</strong>strói a unida<strong>de</strong> da<br />

ativida<strong>de</strong> mental. Assim, não representam gran<strong>de</strong>s<br />

novida<strong>de</strong>s a crítica <strong>de</strong> Herbart à doutrina<br />

das F. e a sua tese <strong>de</strong> que essas F. (intelecto,<br />

sentimento e vonta<strong>de</strong>) são simples "conceitos<br />

<strong>de</strong> classe" mediante os quais se or<strong>de</strong>nam os fenômenos<br />

psíquicos (Einleitung in die Phil,<br />

§ 159). A psicologia associacionista compartilhava<br />

esse ponto <strong>de</strong> vista, mas mantinha a mesma<br />

tripartiçâo (p. ex., BAIN, Mental and Moral<br />

Science, 1868, p. 2; Logic, II, 275), e o Neocriticismo<br />

da Escola <strong>de</strong> Marburgo (Cohen, Natorp)<br />

reconhecia só três ciências filosóficas (lógica,<br />

estética e ética), correspon<strong>de</strong>ntes às três ativida<strong>de</strong>s<br />

do espírito.<br />

Foi só na psicologia e na <strong>filosofia</strong> contemporâneas,<br />

especialmente por influência do behaviorismo<br />

e da Gestalt, que a doutrina das partes<br />

da alma, qualquer que fosse o modo <strong>de</strong><br />

entendê-la, per<strong>de</strong>u importância, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong><br />

constituir tema <strong>de</strong> investigação e <strong>de</strong>bates. Como<br />

objeto <strong>de</strong> indagações, <strong>de</strong> fato, o comportamento<br />

implica a prática e a fusão simultâneas<br />

<strong>de</strong> todos os princípios ou partes distintas ou<br />

distinguíveis da ativida<strong>de</strong> da alma, da consciên-<br />

cia ou do organismo, <strong>de</strong> tal modo que tais distinções<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ter interesse e fala-se <strong>de</strong><br />

"comportamento racional" ou "comportamento<br />

emocional", num sentido em que essa distinção<br />

não tem mais razão <strong>de</strong> ser (v. BEHAVIORISMO;<br />

COMPORTAMENTO).<br />

2. No significado mais geral, o mesmo que<br />

Po<strong>de</strong>r (v.).<br />

FALÁCIA (gr. oó(piO(J.a; lat. Fallacia; in.<br />

Fallacy, fr. Sophisme, ai. Fallacie, it. Fallacia).<br />

Termo com que os escolásticos indicaram o<br />

"silogismo sofistico" <strong>de</strong> Aristóteles. Pedro Hispano<br />

disse: "F. é a idoneida<strong>de</strong> fazendo crer<br />

que é aquilo que não é, mediante alguma visão<br />

fantástica, ou seja, aparência sem existência"<br />

(Summ. log., 7.03). Aristóteles dividira os raciocínios<br />

sofísticos em duas gran<strong>de</strong>s classes: os<br />

atinentes ao modo <strong>de</strong> expressar-se, ou, como<br />

dizem os escolásticos, in dictione, e os in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />

do modo <strong>de</strong> expressar-se, ou extra<br />

dictionem. Os primeiros são seis, a saber:<br />

equivocação, anfibologia, composição, divisão,<br />

acentuação, figura dictíonis. Os outros são<br />

sete: aci<strong>de</strong>nte, secundum quid, ignorantia<br />

elenchit, petição <strong>de</strong> princípio, non causa pro<br />

causa, conseqüente, interrogação múltipla (El.<br />

sof., 4). A doutrina das F. foi uma das partes<br />

mais cultivadas da lógica medieval, mas per<strong>de</strong>u<br />

quase toda importância na lógica mo<strong>de</strong>rna.<br />

Cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> das Summulae logicales (séc.<br />

XIII) <strong>de</strong> Pedro Hispano é <strong>de</strong>dicada à refutação<br />

das falácias. Mas já na Lógica <strong>de</strong> Port-Royal a<br />

ela é <strong>de</strong>dicado um único capítulo (o XIX da<br />

parte III), que constitui cerca da vigésima parte<br />

do tratado. Na lógica contemporânea esse<br />

assunto <strong>de</strong>sapareceu <strong>de</strong> todo, já que não po<strong>de</strong>m<br />

ser reduzidas a sofismas as antinomias<br />

(v.) <strong>de</strong> que ela trata. Nos verbetes referentes a<br />

cada um dos sofismas encontrar-se-á o que a<br />

lógica antiga e medieval entendia por eles.<br />

G. P.-N. A.<br />

FALANSTÉRIO (in. Phalanstery, fr. Phalanstère,<br />

it. Falansterio).Termo empregado por<br />

Charles Fourier para <strong>de</strong>signar a organização<br />

social utópica por ele prevista: um grupo <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 1.600 pessoas vivendo em regime<br />

comunista, com liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações sexuais<br />

e regulamentação da produção e do consumo<br />

dos bens (Tratado <strong>de</strong> associação doméstica e<br />

agrícola ou teoria da unida<strong>de</strong> universal,<br />

1822).<br />

FALfflILISMO (in. Fallibilism). Termo criado<br />

por Peirce para indicar a atitu<strong>de</strong> do pesquisador<br />

que julga possível o erro a cada instante<br />

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