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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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CEU 133 CIBERNÉTICA<br />

CÉU (gr. oúpocvóç; lat. Caelum; in. Heaven; fr.<br />

Ciei; ai. Hímmel; it. Cielo). Aristóteles distingue<br />

três significados do termo: l e a substância da circunferência<br />

externa do mundo, isto é, o corpo<br />

natural que está na extrema periferia do universo:<br />

nesse sentido, dá-se o nome <strong>de</strong> C. à região<br />

que se acredita ser a se<strong>de</strong> da divinda<strong>de</strong>; 2- o corpo<br />

que ocupa o lugar mais próximo da circunferência<br />

externa do universo e no qual se acham<br />

a Lua, o Sol e alguns astros, dos quais <strong>de</strong> fato<br />

dizemos que estão "no C"; 3 S todo corpo que é<br />

encerrado pela circunferência externa, isto é, o<br />

próprio mundo na sua totalida<strong>de</strong> (De cael, I, 9,<br />

278 b 10). Este último significado já fora atribuído<br />

à palavra por Platão (Tini., 28 c). A doutrina<br />

fundamental <strong>de</strong> Aristóteles sobre o C. é a da<br />

incorruptibilida<strong>de</strong>. Aristóteles acreditava que o<br />

C. era formado por uma substância diferente<br />

da das coisas sublunares, isto é, pelo éter(y.).<br />

O éter, que se move somente por movimento<br />

circular, não po<strong>de</strong> sofrer geração nem corrupção.<br />

A geração e a corrupção dos corpos acontecem<br />

pelo alternar-se dos dois movimentos opostos<br />

(do centro e para o centro), a que estão sujeitos<br />

os elementos (água, ar, terra, fogo) que compõem<br />

os corpos sublunares; <strong>de</strong> modo que o C,<br />

que se move por movimento circular, que não<br />

tem oposto, é incorruptível e ingenerável (De<br />

cael, II, 1 ss.). A doutrina da incorruptibilida<strong>de</strong><br />

dos C. dominou toda a física antiga e medieval.<br />

Na Antigüida<strong>de</strong>, talvez tenha sido posta em dúvida<br />

por Teofrasto (cf. STEINMETZ, DiePhysik <strong>de</strong>s<br />

Theophrast, 1964, 158 ss.). Na Ida<strong>de</strong> Média, o<br />

primeiro a pô-la em dúvida é Ockham, que, no<br />

séc. XIV, nega a diversida<strong>de</strong> entre a matéria<br />

que compõe os corpos celestes e a matéria que<br />

compõe os corpos sublunares e admite como<br />

única diferença entre eles o fato <strong>de</strong> que a matéria<br />

dos corpos celestes não po<strong>de</strong> ser transformada<br />

pela ação <strong>de</strong> nenhum agente criado, mas<br />

seria necessária, para esse fim, a ação direta <strong>de</strong><br />

Deus (In Sent., II, q. 22 B). Mas essa crítica <strong>de</strong><br />

Ockham foi ignorada por seus próprios seguidores,<br />

sendo retomada só um século <strong>de</strong>pois<br />

por Nicolau <strong>de</strong> Cusa: este afirma que a geração<br />

e a corrupção, verificadas na Terra, provavelmente<br />

também se verificam nos outros astros,<br />

porque não há diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> natureza entre<br />

estes e a Terra (De docta ignor., II, 12). Todavia,<br />

o fim <strong>de</strong>ssa doutrina só foi marcado pela<br />

crítica feita por Galileu em Diálogos sobre os<br />

dois sistemas máximos (1632).<br />

CIBERNÉTICA (in. Cybernetics). Essa palavra<br />

significa propriamente arte do piloto, mas<br />

foi usada pelo americano Wiener para <strong>de</strong>signar<br />

"o estudo das comunicações e, em particular,<br />

das comunicações que exercem controle efetivo,<br />

com vistas à construção das máquinas calculadoras"<br />

(C, or Controland Communication<br />

in the Animal and theMachíne, 1947). Em sentido<br />

mais geral, a C. é entendida hoje como o<br />

estudo <strong>de</strong> "todas as máquinas possíveis", in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

do fato <strong>de</strong> que algumas <strong>de</strong>las<br />

tenham ou não sido produzidas pelo homem<br />

ou pela natureza. E, nesse sentido, oferece o<br />

esquema no qual todas as máquinas po<strong>de</strong>m<br />

ser or<strong>de</strong>nadas, relacionadas e compreendidas<br />

(cf., p. ex., W. Ross ASHBY, An Introduction<br />

to C, 1957). No entanto, as máquinas<br />

<strong>de</strong> que a C. cuida são os autômatos (v.),<br />

ou seja, as que são capazes <strong>de</strong> realizar operações<br />

que, durante a execução, po<strong>de</strong>m ser<br />

corrigidas, <strong>de</strong> tal modo que cumpram melhor<br />

seu objetivo. Essa correção chama-se retroalimentação<br />

(feedback). Como essa é a característica<br />

fundamental das operações realizadas pelo<br />

homem ou por qualquer ser inteligente, essas<br />

máquinas também são chamadas <strong>de</strong> inteligentes<br />

ou <strong>de</strong> cérebros eletrônicos, já que seu funcionamento<br />

se <strong>de</strong>ve às proprieda<strong>de</strong>s físicas do<br />

elétron. O esquema <strong>de</strong>sse funcionamento po<strong>de</strong><br />

ser percebido nas operações mais simples feita<br />

por um ser humano. Se, ao ver um objeto<br />

em certa direção (ou seja, ao receber <strong>de</strong>le uma<br />

mensagem visual), eu estendo o braço para<br />

pegá-lo e erro a direção ou a distância, logo a<br />

informação <strong>de</strong>sse erro retifica o movimento <strong>de</strong><br />

meu braço e permite que eu o dirija exatamente<br />

para o objeto: tanto a operação quanto a correção<br />

da operação, neste caso, são guiadas por<br />

mensagens, ou seja, por informações recebidas<br />

ou transmitidas pelo sistema nervoso que<br />

dirige o movimento do braço. Por isso, a teoria<br />

da informação é parte integrante da C. ou, <strong>de</strong><br />

qualquer modo, está estreitamente ligada a ela.<br />

Na C. também po<strong>de</strong>m ser distinguidos os seguintes<br />

aspectos: l s esquema geral da informação;<br />

2 S medida da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações;<br />

3 S condições que possibilitam a informação; 4 S<br />

objetivos da informação.<br />

l s O esquema <strong>de</strong> qualquer informação parece<br />

ser constituído, essencialmente, por três<br />

elementos: a mensagem emitida, a transmissão<br />

e a mensagem recebida. Mas, na realida<strong>de</strong>, as<br />

coisas são bem mais complicadas, porque a<br />

mensagem emitida (p. ex., uma frase pronunciada<br />

em italiano ou o conjunto <strong>de</strong> pontos e linhas<br />

que constituem uma mensagem telegráfi-

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