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Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

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OBJETIVO 2 722 OBJETIVO 2<br />

jeto, tem um objeto ou pertence a um objeto.<br />

Fste adjetivo tem, à primeira vista, mais significados<br />

que o substantivo correspon<strong>de</strong>nte, visto<br />

que, além dos significados ligados a este<br />

último, serviu para significar: o que é válido<br />

para todos, o que é externo em relação à consciência<br />

ou ao pensamento, o que é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

do sujeito, o que está em conformida<strong>de</strong><br />

com certos métodos ou regras, etc. Tais significados<br />

surgiram principalmente da <strong>de</strong>terminação<br />

kantiana do objeto <strong>de</strong> conhecimento como<br />

objeto real ou empiricamente dado. É possível<br />

enumerar três significados fundamentais <strong>de</strong>sse<br />

termo: 1 Q o que existe como objeto; 2 Q o que<br />

tem objeto; 3 Q o que é válido para todos. Os<br />

dois últimos estão intimamente ligados entre si<br />

e com os outros significados arrolados.<br />

1 Q O primeiro significado correspon<strong>de</strong> ao<br />

significado fundamental <strong>de</strong> objeto: O. é aquilo<br />

que existe como termo ou limite <strong>de</strong> uma operação<br />

ativa ou passiva. A essa <strong>de</strong>finição correspon<strong>de</strong><br />

em primeiro lugar o uso <strong>de</strong>sse termo na<br />

última fase da Escolástica, a partir <strong>de</strong> Duns<br />

Scot, quando foi entendido como o que existe<br />

como objeto do intelecto, enquanto pensado<br />

ou imaginado, sem que isso implique sua existência<br />

fora do intelecto, na realida<strong>de</strong>. Neste<br />

sentido esse termo era empregado por Scot<br />

(De an., 17, 14), por Antônio Andréa (Super<br />

artem Deterem, 1517, f. 87 r.), por F. Mayron (In<br />

Sent., I, d. 47, q. 4) e por Durand <strong>de</strong> S. Pourçain<br />

(In Sent., I, d. 19, q. 5, 7). Walter Burleigh diz:<br />

"Embora o universal não tenha existência fora<br />

da alma, como dizem os mo<strong>de</strong>rnos, não há<br />

dúvida <strong>de</strong> que, segundo o parecer <strong>de</strong> todos, o<br />

universal tem existência O. no intelecto, visto<br />

que o intelecto po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o leão universalmente<br />

sem enten<strong>de</strong>r este leão" (Super artem<br />

veterem, 1485, f. 59 r.). "Existir objetivamente"<br />

significa, neste caso, existir em forma <strong>de</strong> representação<br />

ou <strong>de</strong> idéia, ou seja, como objeto do<br />

pensamento ou da percepção: esse significado<br />

reaparece com forma idêntica em Descartes<br />

(Méd, III, 11), em Spinoza (Et., I, 30; II, 8 cor.,<br />

etc.) e em Berkeley (Siris, § 292). Em todos<br />

esses casos, o O. não <strong>de</strong>signa o que é real nem<br />

o que é irreal, mas simplesmente o que é objeto<br />

do intelecto e po<strong>de</strong>, numa segunda consi<strong>de</strong>ração,<br />

revelar-se real ou irreal.<br />

2 S Em correspondência com a limitação imposta<br />

por Kant ao objeto <strong>de</strong> conhecimento<br />

como objeto "real", há um segundo significado<br />

<strong>de</strong> O., como o que tem por objeto uma realida-<br />

<strong>de</strong> empiricamente dada. Neste sentido, Kant<br />

afirma que o conhecimento é "O." ou "objetivamente<br />

válido". Já em suas distinções terminológicas<br />

Kant inclui esse significado: "Uma<br />

percepção que se refira unicamente ao sujeito,<br />

como modificação <strong>de</strong> seu estado, é sensação:<br />

uma percepção O. é conhecimento. Esta<br />

ou é uma intuição ou um conceito. Aquela se<br />

refere imediatamente ao objeto e é singular;<br />

este lhe diz respeito <strong>de</strong> modo mediato, por<br />

meio <strong>de</strong> uma marca, que po<strong>de</strong> ser comum a<br />

várias coisas" (Crít. R. Pura, Dialética, livro I,<br />

seção I). Desse ponto <strong>de</strong> vista, "valida<strong>de</strong> O." c<br />

"realida<strong>de</strong>" coinci<strong>de</strong>m. Kant diz: "Nossas consi<strong>de</strong>rações<br />

ensinam a realida<strong>de</strong>, ou seja, a valida<strong>de</strong><br />

O. do espaço em relação a tudo o que po<strong>de</strong>mos<br />

<strong>de</strong>frontar no mundo externo como objeto"<br />

(Ibid., § 3); e diz analogamente sobre o tempo:<br />

"Nossas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>monstram a realida<strong>de</strong><br />

empírica do tempo, ou seja, sua valida<strong>de</strong> O. em<br />

relação a todos os objetos que po<strong>de</strong>m estar ligados<br />

aos nossos sentidos" (Ibid., § 6). Assim,<br />

O. é o empiricamente real, e para Kant o<br />

empiricamente real é produto <strong>de</strong> uma síntese<br />

que, para ser efetuada na consciência comum<br />

ou genérica, vale para todos os sujeitos pensantes,<br />

e não para um só <strong>de</strong>les (Prol., § 22).<br />

Kant diz: "Os juízos são subjetivos quando as<br />

representações se referem apenas a uma consciência<br />

em um sujeito e nele se unificam; ou<br />

são O. quando estão interligados em uma consciência<br />

<strong>de</strong> modo genérico, ou seja, necessário"<br />

(Ibid., § 22). Essas consi<strong>de</strong>rações servem <strong>de</strong><br />

transição à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> O. feita por Kant no<br />

domínio prático e sentimental, ao chamar <strong>de</strong><br />

O. as leis práticas "que po<strong>de</strong>m ser reconhecidas<br />

como válidas pela vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada ser racional"<br />

(Crít. R. Prãt., § 1), e <strong>de</strong> "princípio O."<br />

o acordo universal no juízo estético (Crít. do<br />

Juízo, § 22).<br />

3 S Essas consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Kant possibilitam<br />

uma transição para o terceiro significado fundamental<br />

<strong>de</strong> O., o <strong>de</strong> "válido para todos". Este<br />

significado, muito difundido nas escolas criticistas<br />

e i<strong>de</strong>alistas contemporâneas, foi bem<br />

expresso por Poincaré: "Uma realida<strong>de</strong> completamente<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do espírito que a<br />

concebe, a vê ou a sente, é uma impossibilida<strong>de</strong>.<br />

Se existisse um mundo externo nesse sentido,<br />

ele nos seria inacessível. Mas o que chamamos<br />

<strong>de</strong> realida<strong>de</strong> O. é, em última análise,<br />

aquilo que é comum a vários seres pensantes e<br />

po<strong>de</strong>ria ser comum a todos" (Ia valeur <strong>de</strong> Ia<br />

science, 1905, p. 9). Poincaré fazia essas consi-

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