22.06.2013 Views

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

Dicionario de filosofia.pdf - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

SENSO COMUM 873 SENTIDO<br />

res que se inspiraram <strong>de</strong> algum modo na psicologia<br />

aristotélica.<br />

2. Nos escritores clássicos latinos, essa expressão<br />

tem o significado <strong>de</strong> costume, gosto,<br />

modo comum <strong>de</strong> viver ou <strong>de</strong> falar. Neste sentido,<br />

Cícero adverte que no orador é falta grave<br />

"abominar o gênero vulgar do discurso e o costume<br />

do S. comum" (Deor, I, 3, 12; cf. 2, 16,<br />

68), e Sêneca afirma que "a <strong>filosofia</strong> visa a <strong>de</strong>senvolver<br />

o S. comum" (h'p., 5, 4; cf. 105, 3).<br />

Viço expressava numa fórmula lapidar o pensamento<br />

tradicional dos autores latinos ao afirmar:<br />

"O S. comum 6 um juízo sem reflexão, comumente<br />

sentido por toda uma or<strong>de</strong>m, todo<br />

um povo, toda uma naçào, ou por todo o gênero<br />

humano" (Ciência nova, 1744, Dignida<strong>de</strong><br />

12), e ao atribuir ao S. comum a função <strong>de</strong> confirmar<br />

e <strong>de</strong>terminar "o arbítrio humano, incertíssimo<br />

por sua própria natureza, (...) no que<br />

diz respeito às necessida<strong>de</strong>s ou utilida<strong>de</strong>s humanas"<br />

{Ibicl., Dignida<strong>de</strong> 11). Essa expressão<br />

teve o mesmo significado na Escola Escocesa.<br />

Km Investigação sobre o espírito humano segundo<br />

os princípios do senso comum (1764). T.<br />

Reid usa essa expressão para <strong>de</strong>signar as crenças<br />

tradicionais do gênero humano, aquilo em<br />

que todos os homens acreditam ou <strong>de</strong>vem<br />

acreditar. Para essa escola, o S. comum é o critério<br />

último <strong>de</strong> juízo e o princípio que dirime<br />

todas as dúvidas filosóficas.<br />

Hoje, essa expressão costuma ter significado<br />

análogo, embora sem a conotação elogiosa atribuída<br />

pelos filósofos escoceses. Dewey. p. ex.,<br />

ressalta o caráter prático do S. comum: "Visto<br />

que os problemas e as indagações em torno do<br />

,S. comum dizem respeito às interações entre os<br />

seres vivos e o ambiente, com o fim <strong>de</strong> realizar<br />

objetos <strong>de</strong> uso e <strong>de</strong> fruição, os símbolos empregados<br />

são <strong>de</strong>terminados pela cultura corrente<br />

<strong>de</strong> um grupo social. Eles formam um sistema,<br />

mas trata-se <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> caráter<br />

mais prático que intelectual. Esse sistema é<br />

constituído por tradições, profissões, técnicas,<br />

interesses e instituições estabelecidas no grupo.<br />

As significações que o compõem são efeito*,<br />

da linguagem cotidiana comum, com a qual os<br />

membros do grupo se intercomunicam" {Logic,<br />

VI, 6; trad. it., p. 170).<br />

3. Na doutrina <strong>de</strong> Kant o S. comum é o princípio<br />

do gosto, da faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formar juízos<br />

sobre os objetos do sentimento em geral.<br />

"Tal princípio só po<strong>de</strong>ria ser consi<strong>de</strong>rado S. comum,<br />

que é essencialmente diferente da inteligência<br />

comum, que às vezes também é chama-<br />

da <strong>de</strong> S. comum (sensus communis), pois esta<br />

não julga conforme o sentimento, mas conforme<br />

conceitos, embora se trate em geral<br />

<strong>de</strong> conceitos obscuramente representados" (Crit.<br />

do Juízo, § 20). A inteligência comum (Gemeine<br />

Verstand) neste trecho é o S. comum<br />

dos escritores latinos e da escola escocesa, que<br />

Kant consi<strong>de</strong>ra inútil em <strong>filosofia</strong> (Prol., A<br />

197); essa também é a opinião <strong>de</strong> Hegel e <strong>de</strong><br />

outros (cf. R. CAXTO.M, Trágico e senso comune,<br />

pp. 3^ ss.).<br />

SENSORIAL (in. Sensory, fr. Seusorieí, ai.<br />

Sensorisch; it. Sensoriale). Que concerne ao<br />

sensório, aos órgãos dos sentidos.<br />

SENSÓRIO (gr. orioStípiov; lat. Sensorium).<br />

Na terminologia aristotélica, o órgão <strong>de</strong> um<br />

sentido (Dean., II, 9. 421 b 32; Depart. an., II,<br />

10, 657 a 3. etc): aquilo que hoje é chamado<br />

<strong>de</strong> receptor.<br />

SENSUALIDADE (lat. Sensualitas: in. Sensual<br />

ily; fr. Sensualité-, ai. Sínulichkeit; it.<br />

Sensualità) . Tendência a entregar-se aos prazeres<br />

sensíveis.<br />

SENSUALISMO (fr. Sensualismo). 1. A atitu<strong>de</strong><br />

que consiste em atribuir uma importância<br />

excessiva aos prazeres dos sentidos. Em tal<br />

sentido a palavra é usada por Berkeley (Aleiphron,<br />

II. 1 6).<br />

2. O mesmo que sensacionismo (v.). Kste<br />

emprego, que só aparece raramente em alguns<br />

escritores italianos e franceses do século passado,<br />

é <strong>de</strong>vido à sugestão do termo alemão correspon<strong>de</strong>nte<br />

a sensacionismo: Sensualismus.<br />

SENTENÇA (lat. Sententia; in. Sentence, ai.<br />

Ausspruch; it. Sentenza). juízo, opinião ou máxima:<br />

p. ex., "as S. <strong>de</strong> Epicuro" (cf. CÍCERO, De<br />

nat. <strong>de</strong>or., 1, 30, 85). Na terminologia medieval,<br />

além do significado genérico, esse termo assumiu<br />

outro mais específico, <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição autêntica<br />

do significado das Escrituras Sagradas e, em<br />

geral, <strong>de</strong> "concepção <strong>de</strong>finida e certíssima".<br />

Uma coletânea <strong>de</strong> S. constituí uma Summa: a<br />

mais famosa foi a <strong>de</strong> PEDRO LOMBARDO, IJbri<br />

qtiattuorsententiarum, composta entre 1150 e<br />

1152 (cf. M, GRABMAN, Die Geschichte <strong>de</strong>r<br />

scholastischen Metho<strong>de</strong>, II, pp. 21 ss.).<br />

SENTIDO (gr. cda6r|Giç; lat. Sensus; in. Sense,<br />

fr. Sons-, ai. Sínn; it. Senso). 1. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sentir, <strong>de</strong> sofrer alterações por obra <strong>de</strong> objetos<br />

exteriores ou interiores. Essa foi a <strong>de</strong>finição dada<br />

por Aristóteles (De an., II, 5, 416 b 33) que<br />

permaneceu na tradição filosófica. (S. TOMÁS,<br />

S. Th., I. q. 78, a. 3; DUNS Scoi, In Sent., I, d 3.<br />

q. 8; WOLFF, Psvchol. emp.. § 67; KANT, Antr., I,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!